Papo de boleira: resende-costense Bianca Resende vai disputar Campeonato Mineiro de Futebol Feminino


Esporte

Emanuelle Ribeiro0

Bianca Resende é a lateral direita do Athletic (Foto Athletic)

Na quadra ou no campo, Bianca Resende sempre impressionou. A resende-costense de 27 anos, licenciada e bacharel em Biologia pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e estudante de Administração na mesma instituição, pratica futebol desde a infância e é considerada por muitos uma das melhores jogadoras da cidade. O bom futebol levou Bianca a disputar diversos torneios, dentre eles o Campeonato Mineiro de Futebol Feminino, competição em que defende as cores do Athletic Club, de São João del-Rei. Batemos um papo com a atleta, que contou tudo sobre sua paixão pelo esporte!

Como e quando você começou a jogar futebol? O gosto pelo esporte veio desde muito cedo. Quando criança já preferia bola à boneca. Meus pais sempre me apoiaram e essa preferência foi incentivada. Quando meu pai ainda jogava futsal, eu brincava junto com ele e os demais. Na escola sempre jogava com os meninos. Em um projeto já extinto do governo, se não me engano chamado CBF, eu também participava e já ali outras meninas surgiram. Depois de alguns anos, o time de meninas (Fenix), que inclusive existe até hoje, foi criado. Era de início um grupo de meninas que se juntaram para jogar futebol. Hoje, já disputamos torneios e o objetivo já não é mais uma simples “pelada”.

Ao longo desses anos, quais os principais desafios? Bom, praticar um esporte que é ainda hoje dominado pelos homens não é fácil. Já me acostumei com a “cara” de espanto das pessoas quando digo que jogo futebol. O futebol feminino ainda não tem o mesmo destaque que o praticado por homens e é bem desvalorizado, além de ser carregado pela questão do preconceito. Outro fator que sempre foi desafio aqui na cidade é o numero limitado de meninas. Felizmente esse cenário vem mudando.

E as conquistas e benefícios? Bom, jogando futsal por Resende Costa já ganhei o Torneio de Inverno da cidade e torneios da região e participei dos Jogos do Interior de Minas (JIMI), no ano de 2016. Com o time de futsal da UFSJ, ganhei torneios a nível estadual, como a Liga de Desportos Universitária (LDU) e os Jogos Universitários Mineiros (JUMS) e já participei desses mesmos torneios no nível nacional. Agora, estou federada pela cidade de Congonhas e, além do JIMI deste ano, participei do Campeonato Mineiro de Futsal no ano passado e participarei novamente esse ano. Minha experiência no futebol de campo ainda é pequena, mas esse ano disputarei o Campeonato Mineiro pelo Athletic. Essas são conquistas dentro de quadra, mas o esporte proporciona muito mais. Não somos só uma equipe que entra em quadra/campo para jogar. Nos tornamos uma família! O esporte une, propicia a solidificação da confiança, nos torna mais humanos, além dos benefícios à saúde, claro.

Em sua opinião, ainda existe preconceito com mulheres que acompanham ou praticam o esporte? Sim, ainda existe. Por ser um esporte dominado pelos homens, as mulheres não têm muito espaço. Seja pela disparidade dos salários dos jogadores, espaço na mídia, transmissão de jogos e por aí vai. Mas isso vem mudando, a passos de tartaruga, mas vem.

Como vencer essa barreira? Acho que parte dessa barreira é criada pelas próprias mulheres. Muitas têm vontade de jogar e se interessam pelo esporte, mas não o fazem. Pois se apresentem, busquem conhecer o esporte e praticar! O futebol feminino só pode crescer, também, se as organizações dos torneios e campeonatos começarem a ser mais exigentes e rigorosas quanto às regras. Se quisermos as mesmas condições que os homens, precisamos deixar de ver o futebol feminino como amador.

Hoje você joga pelo Athletic Club. Qual sua posição? Como é sua rotina de treinos? Jogando futebol de campo sou atleta do Athletic e jogo na lateral direita. Os treinos acontecem aos sábados e domingos e algumas vezes durante a semana. Para a maioria das meninas conciliar trabalho, família e estudo, optamos em treinar nos fins de semana.

Você vai disputar o Campeonato Mineiro de Futebol Feminino. O que representa para você estar nessa competição? Para ser sincera ainda não me acostumei (risos), mas sem dúvida alguma é um passo gigante para alguém que nem sonhava com essa possibilidade. É também fruto de muito esforço e dedicação ao que sempre gostei de fazer. O mérito não é só meu, mas também devido à dedicação dos treinadores e incentivadores que tive e tenho.

Você defende outras equipes? Na região, eu jogo e sempre irei jogar pelo Fenix. Jogo em torneios universitários pelo time da UFSJ e, nos torneios organizados pela Federação Mineira de Futsal, defendo a cidade de Congonhas, onde sou federada. O futebol de campo é uma experiência recente, mas participei de alguns torneios defendendo a equipe do meu atual treinador, o Athletic.

Quais são seus planos em relação ao esporte? Bom, eu sempre joguei por prazer. Pretendo competir e disputar campeonatos até quando for possível, mas até pela idade não tenho pretensões de jogar profissionalmente.

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