Prioridade para a Educação


Editorial

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Com o avanço da campanha de vacinação contra a Covid-19 no Brasil, o chamado e tão aguardado “novo normal”, vem se concretizando neste final de 2021. O comércio reabriu as portas, setores do turismo e do entretenimento vêm ganhando novo fôlego, torcedores voltando aos estádios de futebol e alunos retornando às salas de aula. A vida começa, aos poucos, a entrar na rotina de antes da pandemia.

Devido às necessárias medidas restritivas do isolamento social, muito se falou que um dos legados deixados pela pandemia seria uma mudança radical no estilo de vida das pessoas, nas relações interpessoais e de trabalho, ou seja, a Covid-19 causaria uma transformação sem volta na forma como nos relacionamos.

Novos hábitos surgiram com o isolamento social, como o trabalho em home office, as vendas por delivery, reuniões on-line e lives. Alguns desses novos costumes dão sinais de que vieram para ficar. O home office, por exemplo, mostrou-se eficaz para algumas atividades de trabalho, reuniões tornaram-se mais produtivas e objetivas ao congregar os participantes através das telas de celulares e notebooks. No entanto, após quase dois anos de vida digital reclusa, sentimos falta do encontro, do mundo real.

Há atividades para as quais a presença física é fundamental. Reportagem de capa desta edição do Jornal das Lajes aborda o retorno dos alunos às aulas presenciais e o impacto que o fechamento das escolas causará, em longo prazo, na vida dos estudantes. As aulas remotas serviram como facilitador para mitigar o enorme problema causado pelo distanciamento entre alunos e professores. Há que concordar que o ambiente pedagógico, o barulho nos recreios, a saída para a merenda, a correria nos corredores e nos pátios da escola são insubstituíveis no processo ensino/aprendizagem e impossíveis de acontecer remotamente.

Mesmo que se coloque em discussão a eficácia do “velho” formato da sala de aula, onde alunos escutam o professor lhes transmitir o conteúdo da matéria, ainda não foi testada nenhuma fórmula que o substitua com sucesso e em definitivo. Nestes tempos pandêmicos, a tecnologia surgiu como alternativa para facilitar muitas coisas, e de fato o fez, mas não conseguiu substituir o necessário contato humano. Afinal, somos, essencialmente, seres de relação.

Como é bom ver novamente os alunos vestidos com uniformes e se dirigindo novamente à escola após longo tempo em casa! Escolas abertas representam a vitória inconteste do conhecimento e da ciência sobre o obscurantismo e o negacionismo. A OMS (Organização Mundial de Saúde) alertara, ainda no final de 2020, que a reabertura segura de escolas e universidades deveria ser encarada como prioridade pelos governantes. Infelizmente não foi isso que vimos. Percebeu-se que reabertura de shoppings e bares ganhara mais atenção do que a volta às aulas presenciais. Mas, como diz o ditado popular, “antes tarde do que nunca”. As escolas reabriram e o momento é de planejamento e dedicação. “(A reabertura) acho que tem que ser com muita tranquilidade. Não pode ser algo feito às pressas, com aquela preocupação: vamos tentar alfabetizar num tempo mais rápido ou então vamos trabalhar conteúdos de forma mais rápida. O tempo perdido já foi perdido. O que nós temos que fazer agora é uma retomada consciente, tranquila, dentro de uma certeza pedagógica muito grande do que se está fazendo”, disse em entrevista ao Jogo Aberto desta edição o professor da UFSJ e doutor em Educação, Heitor Antônio Gonçalves.

É com planejamento, diálogo e investimento que construiremos uma Educação de qualidade, capaz de transformar a sociedade e iluminar o futuro que desejamos para o nosso país e as futuras gerações.

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