Programa Coleta Seletiva completa seis anos em Resende Costa, gerando ganhos ambientais e sociais

O projeto é coordenado pela assistência social do município e conta com a participação de presos da comarca


Cidades

Vanuza Resende0

Fardos prontos para serem vendidos.

A coleta seletiva de lixo é um processo que consiste no recolhimento e separação dos resíduos descartados por empresas e pessoas. Neste processo, os materiais que podem ser reciclados são separados do lixo orgânico, como restos de carne, frutas, verduras e outros alimentos. O lixo orgânico geralmente é descartado em aterros sanitários ou usado na fabricação de adubos orgânicos.

Em Resende Costa, o Programa Coleta Seletiva completou seis anos. Na medida em que vários tipos de resíduos sólidos são misturados, sua reciclagem se torna mais cara ou até mesmo inviável, pela dificuldade de separá-los de acordo com sua constituição ou composição. Por isso, desde o dia 18 de julho último o caminhão da coleta seletiva está circulando juntamente com o caminhão de lixo, no intuito de facilitar o recolhimento dos materiais que podem ser reciclados.

Diogo Fabrício da Silva está trabalhando no projeto há cinco anos e quatro meses e explica o processo de separação dos materiais, visto que cada tipo de resíduo tem um processo próprio de reciclagem: “Na parte da separação têm as caixas onde a gente coloca os plásticos, papéis, tudo bem separado para fazermos os fardos.” Outra trabalhadora da coleta seletiva há quase um ano, que preferiu não se identificar, conta com a ajuda da população para que o serviço seja facilitado e possa se desenvolver da melhor maneira possível. “Por gentileza, se eles (a população) pudessem fazer esse favor de separar o lixo do banheiro e o lixo da pia dos recicláveis seria uma boa. Porque está indo muita coisa misturada, além de muita sujeira. Então, se pudessem fazer esse favor, a gente agradece.”

Atualmente, os trabalhos da coleta seletiva são feitos no Parque de Exposição da cidade. Mas, para Diogo, o local não é apropriado. “Há cinco anos que estamos sem um lugar específico para trabalhar, porque na época de exposição agropecuária a gente tem que descer para o (antigo) matadouro no bairro Tijuco e tem muito trabalho a ser feito. Tendo um lugar certo para ficar, facilitaria. A gente precisa de um galpão para termos mais máquinas, mais pessoas trabalhando e mais benefícios para a população, diz Diogo.”

Depois de separados, os materiais são vendidos para empresas que os colocarão novamente no mercado, como explica Alessandra Guse dos Santos, assistente social da Prefeitura Municipal desde 2008 e está à frente do projeto desde o início, em 2010: “Nós vendemos nossos materiais para atravessadores e eles são aproveitados em outros municípios. Não temos fábricas de reaproveitamento aqui por perto. Então, para ser reaproveitado, a gente precisa de um atravessador que paga um preço muito melhor se ele não estiver contaminado, ou seja, se ele não estiver sujo.” Separar os recicláveis do restante do lixo ajuda os trabalhadores no seu dia a dia, como ressalta Alessandra: “Abrir uma sacola com restos de comida, com bichos, para retirar dela apenas o papelão é tão desumano, é tão triste. Enquanto, se isso vier separado já facilita o nosso caminho”. Os materiais são separados por qualidade, por possuírem valores diferentes no mercado. Então, a separação feita em casa é só o início do processo que continua no galão do Parque de Exposição.

A separação dos materiais pode fazer com que grande parte dos resíduos produzidos em Resende Costa permaneça na cidade para serem reutilizados posteriormente e não precise viajar quase 200 km até o seu destino atual, Sabará, cidade metropolitana de Belo Horizonte, que recebe o lixo produzido na cidade, uma vez que o aterro sanitário já se encontra saturado.

De acordo com a Política Nacional de Resíduos Sólidos, a implantação da coleta seletiva é obrigação dos municípios e metas referentes à coleta seletiva fazem parte do conteúdo mínimo que deve constar nos planos de gestão integrada de resíduos sólidos dos municípios. Alessandra fala sobre o papel da Prefeitura Municipal no projeto: “A Prefeitura tem um papel primordial nisso. Embora, em alguns momentos, existam falhas também no quesito poder público. Contudo, a gente percebe que há um esforço, uma tentativa para que o projeto seja melhor. E é isso que quem está dentro do projeto deseja”.

 

Projeto social

Além dos benefícios ambientais, o projeto também envolve o lado social, conforme explica Alessandra: “A coleta seletiva é importante no aspecto ambiental e no aspecto social. As famílias inseridas no projeto obtiveram ganhos financeiros, ganhos enquanto família, ganhos enquanto cidadãos. Eles ganharam espaço e visibilidade que não tinham. A coleta diminui a quantidade de lixo e melhora a qualidade de vida das pessoas que estão no projeto”.

O projeto conta atualmente com seis membros, sendo que três deles são presidiários que prestam serviços. Alessandra faz um apelo diante de algumas situações de discriminação com os trabalhadores: “Existem pessoas que esquecem que quem está lá dentro é gente. Não importa os erros que eles cometeram. Eles precisam ser tratados com respeito, porque é comum que a gente presencie situações de até mesmo funcionários públicos que não tratam esses presos com dignidade. Eles estão pagando pelo erro que cometeram e vão voltar para a sociedade com certeza melhores”.

 

Faça sua parte

Segundo informações obtidas pela reportagem, não são coletados nem 50% dos materiais recicláveis do município. Se a população colaborar na separação dos reciclados, os benefícios que já existem serão muito maiores. O que significa mais gente inserida no mercado de trabalho e menos poluentes no meio ambiente. Em Resende Costa, não se pede um resíduo especifico para se descartar. O fundamental é separá-los.

Cerca de 13 toneladas de recicláveis são produzidas bimestralmente, e se existir um esforço por parte da população, esse número pode aumentar significativamente. É importante a ajuda de todos para que o projeto se fortifique a cada dia e os ganhos sociais e ambientais continuem. Como pede Diogo: “Eu peço a ajuda de todos vocês para separar os recicláveis dos restos de comida e banheiro. Todos nós sairemos ganhando”.

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