Projeto sobre bullying é desenvolvido na Escola Estadual Assis Resende


Educação

Emanuelle Ribeiro0

Professora Márcia Valéria desenvolve o projeto Escola Sem Bullying

bullying é entendido atualmente como uma prática prejudicial ao convívio daqueles que são considerados “diferentes” da maioria e que são perturbados pelas brincadeiras “pesadas” de seus companheiros de sala. “Essas brincadeiras de mau gosto são conhecidas pelo termo inglês bullying, que significa “intimidarameaçar”, ou seja, são atitudes de agressões verbais, físicas e/ou psicológicas cometidas contra um aluno, ou contra uma minoria. Ele difere de outros tipos de agressões justamente pelo fato de ser um comportamento repetitivo, deliberado e intencional”, explica a psicóloga da infância e adolescência, Tatiane Maria da Silva.

Para abordar o assunto, a professora de Artes e Ensino Religioso da Escola Estadual Assis Resende, Márcia Valéria de Sousa Coelho, desenvolve já há algum tempo o projeto “Escola sem Bullying”, com a finalidade de esclarecer que a sociedade é composta por diversas identidades, que devem ser respeitadas. “Para que isso seja alcançado, utilizamos debates e teatro com temas reflexivos”, conta Márcia. As atividades são trabalhadas com todos os ciclos do Ensino Fundamental e Médio.

Conforme a educadora, não há previsão para o fim das atividades, pois é necessário que esse tema seja abordado com todas as turmas da escola: “Sempre visando à conscientização da prática e quais são as consequências que o bullying poderá trazer”.

A psicóloga Tatiane esclarece que os estudos sobre bullying se iniciaram na década de 70 na Suécia e na Dinamarca: “No entanto, esse fenômeno sempre existiu no ambiente escolar, mas não era caracterizado como tal, por se acreditar que não se passava de brincadeiras inofensivas e normais entre os estudantes. Foi observado um ponto importante na caracterização desse fenômeno, a repetição”.

Mas estão longe de serem brincadeiras inofensivas. Nas relações em que ocorre o bullying, as consequências são tanto para os jovens que praticam quanto para os jovens que sofrem com as atitudes verbais, físicas ou psicológicas. “No caso dos opressores que mantêm o seu comportamento agressivo, os mesmos terão problemas no futuro no que concerne ao desenvolvimento e manutenção de relações positivas. Os agressores têm maior tendência para comportamentos de risco, como consumo de álcool e outras drogas. Também não têm grande prazer em frequentar a escola, o que se traduz em maus resultados escolares. Estudos têm revelado que as consequências para os estudantes oprimidos são variadas, desde isolamento, sintomas físicos ou psicossomáticos, tristeza, ansiedade, humor depressivo, distanciamento dos assuntos da escola e ideação suicida”, elucida Tatiane Maria da Silva.

Por isso, trata-se de um assunto que deve estar em foco nas discussões escolares: “A intenção é expor aos alunos as consequências psicológicas que o bullying causa, comprovadas por meio de pesquisas e de acontecimentos que ainda são frequentes em nossa sociedade. Mostrando, também, consequências jurídicas para o agressor”, afirma Márcia Valéria.  “A participação dos alunos é ativa e eles se tornam vigilantes para que a prática do bullying diminua”, acrescenta.

A professora conta que, tal como acontece na maioria das instituições de ensino no Brasil, na Escola Estadual Assis Resende há uma minoria de alunos que praticam o bullying.

Tatiane destaca que para prevenir e enfrentar o bullying ou qualquer outro tipo de violência que ocorre no contexto escolar, não se deve partir de receitas prontas e fechadas, pois cada escola possui uma realidade específica, onde são construídas relações diferenciadas entre os seus membros: “Sendo assim, o bullying também irá se apresentar de formas diferentes em cada contexto, não devendo, portanto, ser avaliado de modo descontextualizado. É de grande importância o trabalho em sala de aula sobre a educação para os direitos humanos e que os professores sejam capazes de identificar ocorrências que caracterizam o bullying, para que possam intervir de modo mais eficaz diante do problema”. 

Segundo a professora Márcia Valéria, todos os profissionais da Escola Assis Resende estão inseridos nesse projeto: “Também há grande participação da família dos alunos, inclusive os ajudando em ensaios de peças teatrais. Além dos debates e outras formas de conscientização, é ideal a união da escola com os pais dos alunos”.

Sobre a participação da família no combate ao bullying, a psicóloga Tatiane comenta: “Os pais precisam estar atentos a alguns sinais, como apatia, irritação, medo, vergonha, ansiedade, infelicidade, isolamento, alterações de sono e apetite, queda no rendimento escolar e recusa em ir à escola. Qualquer comportamento atípico pode ser um sinal. No momento em que os pais identificam o filho como parte de um processo de bullying é importante manter a calma para conseguir ouvi-lo, tentar alcançar sua dor e compreender a situação e as emoções envolvidas no contexto. Aproximar-se, dialogar bastante, criar um ambiente seguro e protegido por um elo de confiança é o viés mais saudável para encontrar alternativas de cuidado. É fundamental que os pais consigam estar estruturados emocionalmente para lidar com o sofrimento do filho, não caindo na armadilha de instigar ou revidar a agressão como resposta de defesa. Este nunca é o melhor caminho”, conclui a especialista.

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