Quilos a mais é realidade de mais da metade da população brasileira durante a pandemia

Nutricionista alerta sobre a importância de uma alimentação saudável


Saúde

Vanuza Resende0

fotoO nutricionista Rômulo Costa (foto arquivo pessoal)

O Paulo se tornou vegetariano, o Pedro controlou a alimentação para não engordar, já a Ângela acabou exagerando no carboidrato e na cerveja e, por isso, ganhou alguns quilos a mais durante a pandemia. Essas foram algumas das participações dos leitores do JL em uma enquete nas redes sociais, quando perguntamos sobre a experiência com a alimentação durante a pandemia. 59% dos nossos leitores também afirmaram que engordaram no último ano. E eles não estão sozinhos. De acordo com a pesquisa Diet & Health Under Covid-19, realizada com correspondentes de 30 nações em todo o mundo, 52% dos entrevistados no Brasil declararam ter engordado durante a pandemia. A média de aumento de peso no referido período foi de 6,5 kg.

De acordo com o nutricionista clínico e esportivo, Rômulo Costa, o cenário já era esperado. “Qualquer fato que desestabilize o contexto de vida em que estamos inseridos, como a pandemia, afeta a nossa saúde emocional. Isso pode gerar maiores episódios de ansiedade e depressão, por exemplo. Nesses casos, muitos indivíduos acabam buscando ‘compensar’ o prazer apenas na comida, fazendo escolhas por alimentos mais calóricos e álcool em excesso. No longo prazo, sabemos que isso pode virar uma bola de neve, levando ao ganho de peso, à piora da saúde e da qualidade de vida”, alerta o profissional.

No entanto, durante o tempo de pandemia, algumas pessoas também mudaram seus hábitos alimentares e conseguiram realizar refeições mais saudáveis. Como foi o caso da Gabriela Gomes Lara, que afirmou: “Comecei a me alimentar melhor, por ter mais ‘tempo’ para focar”. Situação parecida com a do Lucas Aarão: “Por ficar mais em casa, a minha alimentação melhorou.”

Para aderir a uma alimentação mais saudável, Rômulo orienta: “Quanto mais colorido estiver o prato, maior será a garantia de fornecimento de nutrientes necessários para o nosso corpo. Percebo que as pessoas consomem poucos vegetais (cenoura, couve, brócolis couve-flor, alface, tomate) e muito carboidrato (arroz, batata, mandioca, farinha), além de muita fritura. Pensando em quem está buscando controlar o peso corporal, seria interessante um maior consumo de vegetais e carnes magras, pois ambos nos dão muita saciedade. Com isso, a quantidade de calorias consumidas ao longo do dia diminui. Também devemos ficar atentos à quantidade de óleo no preparo dos alimentos. Sempre devemos utilizar o mínimo possível e evitar frituras.”

 

Preços elevados

Devido à crise econômica pela qual o Brasil vem passando no momento atual, a alimentação está custando mais caro ao bolso do consumidor. De acordo com Rômulo Costa, definir um orçamento para as compras é o primeiro passo para economizar. “O planejamento das compras mensais é de grande importância, pois quem nunca se planeja para ir às compras acaba levando qualquer coisa que vê pela frente. Por outro lado, há uma prática comum de quem busca gastar o mínimo e comer bem: sair de casa com uma lista de compras e buscar alimentos que sejam da safra. Por exemplo: em época de laranjas, elas ficarão mais baratas do que outros tipos de frutas. Com certeza, é possível comer de modo muito mais saudável e gastando pouco. Inclusive, tenho muitos pacientes que me dizem economizar muito nas compras quando estão fazendo o acompanhamento nutricional”, destaca o nutricionista.

O profissional lista alguns alimentos que podem ser inseridos no carrinho do supermercado e que são mais baratos e saudáveis. “Vegetais, frutas, alguns tipos de carnes, ovos, arroz, feijão, pães. Apesar de terem subido de preço, sempre serão mais vantajosos. Se cada um souber consumir e combinar esses alimentos no dia a dia, irá promover saciedade, terá mais saúde e qualidade de vida – algo para o qual não há preço que se pague. O ideal seria praticar a famosa frase: ‘Descascar mais os alimentos e desembalar menos’.”

 

Alimentação saudável aliada a uma boa saúde, mas é preciso cuidado com as fake news

É comum ouvir ou receber mensagem pelo WhatsApp, com informações sobre alimentos que ajudam a combater o vírus causador da Covid-19. No entanto, especialistas alertam para fake news sobre receitas caseiras. Para evitar tais, situações, é necessário ter consciência sobre os tipos de dietas ou de alimentação impostas sem qualquer respaldo profissional. “Uma regra geral: sempre duvide de promessas milagrosas de supostos alimentos ou suplementos alimentares ditos emagrecedores e que resolvem algum problema de saúde. Se isso existisse, mais da metade da população brasileira não estaria acima do peso. A melhora da nossa saúde está nas práticas diárias de estilo de vida saudável, ou seja, uma boa alimentação, exercício físico e atenção à saúde mental”, conclui Rômulo Costa.

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