Retrospectiva 2016


Editorial

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2016 terminou não deixando muitas saudades aos brasileiros. O ano foi difícil, especialmente para a economia e a política. No dia 28 de dezembro, O IBGE divulgou dados que mostram que o número de desempregados no Brasil já chega a 12,1 milhões de pessoas. A estimativa corresponde ao trimestre encerrado em novembro. De acordo com o IBGE, essa taxa é a mais elevada desde o início da série histórica, que teve início em 2012.

Se o desemprego, a alta da inflação, o aumento no preço de diversos produtos nas prateleiras dos supermercados e nos combustíveis nos postos de gasolina assustaram os cidadãos brasileiros que ganham mísero salário (quando o ganha), a crise política não deu trégua aos barões do planalto central em 2016. Cada fase e desdobramentos da Operação Lava-Jato atingiram como uma punhalada mortal o coração combalido da decrépita classe política brasileira.

No Brasil, governantes e governados vêm sentindo juntos os efeitos de um modelo político falido e aos poucos se decompondo dentro do sarcófago da corrupção. Vimos no decorrer de 2016 a presidente da República Dilma Rousseff sofrer processo de impeachment, enquanto seus algozes tentavam explicar à nação argumentos jurídicos que chancelaram uma artimanha política, que para muitos foi traduzida por “golpe”.

Enquanto Dilma arrumava as malas e ia de volta para sua casa em Porto Alegre, os brasileiros assistiam à posse do vice-presidente Michel Temer, apelidado pelo senador baiano Antônio Carlos Magalhães (1927-2007) de “mordomo de filme de terror”. Uma posse sem faixa presidencial e sem festa, um presidente sem graça e acuado. O PMDB assume de fato o protagonismo da cena política brasileira enquanto seu líder máximo tenta viabilizar um governo já enfraquecido em seu nascedouro, fruto da falta de apoio popular. Se Dilma caiu de uma pinguela podre por falta de forças e aptidão para o cargo que ocupava, essa mesma pinguela ameaça agora derrubar Michel Temer, que ainda não conseguiu encontrar um rumo para seu governo – até agora desastrado e à deriva.

Michel Temer vem seguindo a mesma cartilha da velha política brasileira, na qual imperam os favorecimentos, as barganhas, os interesses de poderosos e sua luta maquiavélica pelo poder. Exclua-se o interesse pelo bem comum. Ignora-se a ética. 2016 se despediu de Brasília tal qual uma cena de filme de terror à qual nós, espectadores, assistimos atônitos e resignados com o fim triste, melancólico e tétrico.

2016 também não deixará saudades a milhares de famílias que perderam seus entes queridos vítimas da violência nas grandes cidades, nas estradas, nas estações de metrô, nos presídios, nas esquinas escuras e nos guetos onde a fumaça do crack incensa o submundo onde vivem seres humanos que foram esquecidos pela sociedade.

Que 2017 nos traga um futuro próspero e faça renascer nossas esperanças. Que a alegria se estampe em nossos rostos negros, índios, brancos, pardos... Que a felicidade não encontre barreiras no ódio, na divisão de classes, gêneros e ideologias. Que 2017 seja um ano de todos e para todos.

O JL deseja aos seus leitores, colaboradores, assinantes e anunciantes um feliz Ano Novo.

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