Sábado é dia de feira em Resende Costa

Feirinha do Rosário existe há 23 anos. Mas falta ainda incentivo para que mais produtores comercializem seus produtos


Economia

Vanuza Resende / André Eustáquio0

Os três feirantes que mantêm viva a Feirinha do Rosário (Foto Vanuza Resende)

Uma população apressada. Esta talvez seja a melhor definição para a atual situação em que se encontram milhões de pessoas, sobretudo nas grandes cidades. O próprio leitor deverá ter inúmeros afazeres o esperando após terminar a leitura desta reportagem, ou estará fazendo outras coisas enquanto lê o jornal. Uma dessas tarefas pode ser o preparo do almoço ou uma ida rápida ao supermercado. Supermercado? Por que não à feira? Em Resende Costa, se a ida à feira for aos sábados, a experiência poderá ser prazerosa, pois além de um dedo de prosa, você terá a oportunidade de comprar produtos fresquinhos, sem agrotóxicos, por um preço justo em epóca de orçamento apertado.

Desde janeiro de 1994 existe em Resende Costa a “Feirinha do Rosário”, localizada na Praça Coronel Souza Maia, conhecida como Praça do Rosário, em referência à igreja de Nossa Senhora do Rosário. A feira é aberta todos os sábados das 7h às 12h.

Alceu Resende e sua esposa Márcia do Carmo Resende participam da feira desde o início, quando 27 feirantes expunham seus produtos nas manhãs de sábado. “Estamos aqui desde o início. Todos os produtos que vendemos são naturais. Verduras e legumes mudam muito, variam de época para época. Agora, o doce de goiaba, cachaça, melado, frango, fubá e ovos vêm toda semana. O carro-chefe da feira é o fubá de moinho. Vendemos cerca de 150 a 200 kg todos os sábados”, diz Márcia.

Aparecida de Lourdes Oliveira Resende encontrou na feira um local para vender seus doces caseiros feitos no fogão a lenha. Há pouco mais de dois meses, instalou sua banca na Praça do Rosário e está satisfeita com o retorno. “Não tenho do que reclamar, o movimento é tranquilo e satisfatório, suficiente para eu fazer as minhas vendas, por isso pretendo continuar aqui”, diz a feirante.

De acordo com Alceu Resende, o preço dos produtos da feira é equivalente ao do mercado tradicional. “O nosso produto é diferenciado, voltado para o natural. O preço está até um pouco abaixo do que deveria ser. Mas os preços equivalem. Geralmente é o mesmo preço do mercado”.

Luís Antônio da Silva Porto é natural de Marataízes, Espírito Santo, mas atualmente mora em São João del-Rei e reserva dois finais de semana no mês para vender frutos do mar na feira de Resende Costa. “Eu busco lá em Marataízes, e já tem quatro anos que estou aqui. Vendo em torno de 100 kg por fim de semana. Depois de São João del-Rei, o movimento aqui é o melhor que já passei em toda região”, elogia Luís Antônio.

 

O local

Atualmente, apenas três feirantes participam da Feirinha do Rosário. O espaço onde as barracas são montadas é cedido pela prefeitura municipal e qualquer produtor interessado em vender seus produtos - desde que sejam de origem natural – poderá participar.

Logo cedo, os produtos são expostos e os fregueses, a maioria fiel, começam a circular pela Praça do Rosário. Mas, infelizmente, as sacolas não estão saindo tão cheias como antes. “O movimento diminuiu, porque tem menos iguarias. Mas, todos os sábados recebo aqueles clientes fixos. E têm os turistas que vêm de fora e procuram um doce, frutas ou outras coisas”, diz Márcia, que fala ainda sobre a dificuldade de manter o negócio: “Para você conseguir o cliente é difícil, mas você conseguir que ele volte todo sábado é mais difícil ainda. As coisas não são fáceis como muita gente pensa, você tem que manter a qualidade para seu cliente voltar sempre”.

Solange Rodrigues Ramalho, moradora de Belo Horizonte, tem família em Resende Costa e sempre que está na cidade passa pela feira. “Eu gosto muito dessa feirinha aqui. Eu compro frangos, goibadas, pimentas... São produtos ótimos da horta deles. Aqui a gente percebe que os produtos são naturais mesmo. Gostaria de incentivar a feira, para que os produtores coloquem cada vez mais produtos e o pessoal possa vir fazer suas compras aqui”.

 

Incentivo

Para dar continuidade ao trabalho dos atuais feirantes e também oferecer oportunidade para que mais pessoas possam vender seus produtos na feira, Alceu Resende chama a atenção para a necessidade de maior incentivo aos pequenos agricultores, bem como para a melhoria da estrutura da feira. “Faltam incentivo e apoio efetivo. O espaço é público, mas a montagem e manutenção das barracas é tudo por nossa conta. É necessário fazer um levantamento junto aos produtores para saber do interesse de cada um, a fim de que possam colocar seus produtos aqui”. Alceu fala sobre o que acredita ser o principal empecilho para o desenvolvimento da feira: “Eu acompanho a feira desde o ínicio e vejo que o grande problema são as condições do pessoal de trazer seus produtos. Tinha que ter uma ajuda com transporte, pois tem muita gente que mora longe e não tem transporte próprio. Isso vai dificultando até ele desanimar”.

O secretário muncipal de Transporte, Gleidson Diego Magalhães, informou que a prefeitura não pode ceder carro para transporte sem a criação de um programa especifíco para este fim. “Os transportes atuais da prefeitura são para saúde e educação, não seria possível realizar transporte para esses produtores sem um programa ligado diretamente a esse projeto, que é muito interessante. A venda de produtos naturais é muito bacana”, disse o secretário.

Outra situação que necessita urgentemente de melhoria, segundo os feirantes, é o espaço destinado à feira. “Acho que o espaço ainda está devendo. Aos sábados deveria ter uma reserva para os feirantes. E o trânsito aqui não é seguro”, sugere Alceu. Os feirantes dizem que a praça do Rosário e o lugar ideal para a feira. “Já teve aqui (em Resende Costa) uma experiência de feira itinerante e não deu certo. Aqui (a praça do Rosário) é um lugar bem centralizado, portanto, ideal. O que falta é maior divulgação para os turistas do nosso trabalho e correr atrás de mais feirantes, para termos uma feira mais completa”, destaca Alceu Resende.

Sobre a destinação de um espaço à feira, Gleidson Diego afirmou que é possível. “Os feirantes devem procurar a prefeitura e solicitar que façamos cavaletes para delimitar o trânsito. O cuidado com os materiais ficaria sob a responsabilidade dos próprios feirantes”.

Alceu Resende agradece aos clientes pela confiança e faz planos para a continuidade da feira: “Agradeço ao pessoal que vem aqui desde o início. Isso é bom demais. Temos que procurar melhorar sempre esse trabalho, aperfeiçoando e profissionalizando”.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário