Secretária de Educação e diretoras das escolas de Resende Costa comentam sobre autorização do estado a respeito da volta às aulas presenciais


Vanuza Resende


Escola Estadual Assis Resende, ainda em reforma, se prepara para a volta das aulas presenciais. (foto André Eustáquio)

Após longos debates, o governo de Minas Gerais autorizou a volta às aulas de forma presencial em quase todo o estado. No dia 01 de julho, ficou decidido que as aulas presenciais poderão ser retomadas nas cidades que estão na Onda Vermelha do programa Minas Consciente, exceto nas classificadas como cenário desfavorável, para alunos do 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental. Nos municípios que estão nas ondas Amarela e Verde do programa, haverá uma ampliação das atividades presenciais: além dos alunos do 1º ao 5º ano, discentes do 9º ano do Ensino Fundamental e do 3º ano do Ensino Médio poderão retornar às instituições. No dia 01 de julho, a macrorregião Centro-Sul, da qual Resende Costa faz parte, estava inserida na Onda Vermelha e havia saído do cenário desfavorável, o que permite a volta às aulas presenciais.

Na avaliação da secretária municipal de Educação de Resende Costa, Silvanda Maria Resende, o retorno presencial às escolas seria mais seguro após a imunização completa dos funcionários. “A volta às aulas presenciais depende da avaliação do quadro epidemiológico e também das recomendações das autoridades sanitárias responsáveis do município, além do Plano Minas Consciente. Com relação ao início da vacinação dos professores e funcionários da Educação em Resende Costa, todos os funcionários lotados nas escolas municipais já foram vacinados com a primeira dose. A meu ver, podemos considerar mais seguro o retorno se todos os profissionais estivessem imunizados com a segunda dose. Infelizmente não teremos a mesma situação para com os alunos, suas respectivas famílias e demais grupos da sociedade, o que poderá colaborar para uma grande circulação do coronavírus”, destaca.

A diretora da Escola Estadual Assis Resende, Roseni Fernandes, falou sobre o retorno gradual dos alunos de forma presencial. “É difícil afirmar ser seguro ou não. O que posso dizer é que estamos seguindo toda a questão de protocolo. Estamos estudando há muito tempo sobre o retorno seguro e já estamos colocando em prática, com parte dos servidores trabalhando de forma presencial”. De acordo com Roseni, todos os servidores já foram vacinados com a primeira dose da vacina contra a Covid-19 e retornarão para receber a segunda dose em setembro, sendo que alguns já estão imunizados com a segunda dose. “A parte pedagógica está trabalhando de forma on-line, já os servidores da limpeza e responsáveis pela alimentação estão vindo presencialmente. E o pessoal da secretaria está trabalhando de forma híbrida. São dois dias em casa e três de forma presencial.”

A diretora da Escola Municipal Conjurados, Rosinéia Aparecida da Silva Daher Resende, a Rose, manifesta preocupação com o retorno. “Nós diretoras, vice-diretoras e supervisoras estamos estudando o protocolo de volta às aulas, de forma híbrida, seguindo o documento orientador do Estado de Minas Gerais e adequando-o à realidade do nosso município. Sabemos que, mesmo de forma gradativa, o retorno ainda não é seguro, pois estamos na Onda Vermelha do Minas Consciente. Além disso, no boletim da Covid-19 do dia 28/06/21 houve dois casos confirmados de crianças, com idade de 1 e 7 anos, no município, e isso nos preocupa muito”, afirma.

A preocupação também é compartilhada pela diretora da Escola Municipal Paula Assis, Virgínia Daher. “Mesmo com todo o protocolo sendo colocado em prática, ‘segurança’ é algo que não temos como garantir numa volta das aulas presenciais. A Paula Assis é uma escola espaçosa, não haverá problemas em dividir horários de merenda e recreio para que não haja muitos alunos no pátio, mas estamos falando de crianças e adolescentes. Principalmente de crianças. Embora vivendo a quarentena há mais de um ano e sabendo bem os cuidados, eu acredito que, mesmo que os funcionários orientem, vigiem, acompanhem, será difícil mantê-los afastados dos colegas, como pedem as orientações. Estamos passando, graças a Deus, por um período de queda nos casos de contaminação em Resende Costa. Mas ainda acho prematura uma decisão de volta. Temos acompanhado casos de crianças infectadas e isso é preocupante, uma vez que ainda não podem receber a vacina. Precisamos pensar também na possibilidade de sermos, tanto os funcionários, já vacinados, quanto os alunos, transmissores para outras pessoas.”

A diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela, Sandra Belo, diz que é difícil avaliar a questão da segurança nesse momento, porém a instituição elaborou um protocolo sanitário especial visando ao retorno às atividades escolares presenciais. O documento segue o modelo do protocolo do Estado de Minas Gerais, que servirá como referência. “Acredito que, afirmar ser seguro ou não esse retorno presencial, é muito complexo, uma vez que estamos lidando com um vírus de fácil disseminação e alta contaminação.”

 

Preparação para a volta às aulas presenciais

Conforme os protocolos estaduais, existem regras que devem ser cumpridas no ambiente escolar, tais como o uso de máscara por alunos e trabalhadores, distanciamento social e limpeza frequente das instalações. Além disso, deve haver alternância entre atividades remotas e presenciais: em uma semana, os alunos frequentam as salas de aula e, na outra, estudam em casa.

Roseni acredita que, no início do retorno às aulas, a instituição vai conseguir suprir as demandas seguindo os protocolos. “Se for mantida a decisão atual, a gente voltaria com três turmas de manhã. À tarde nós teríamos duas turmas e à noite, uma turma. Pensando nesse primeiro momento de volta, a questão do espaçamento está tranquila. Acredito que não haverá problemas.” No entanto, a escola Assis Resende está passando por reforma do prédio centenário. Portanto, mesmo autorizada a volta às aulas, as atividades presenciais serão possíveis somente em agosto. “Estamos sem cantina, os banheiros ainda não foram finalizados e também estamos sem bebedouro. Enquanto isso não estiver pronto, não temos como voltar. A previsão é a de que essas obras fiquem prontas até agosto. Caso a decisão do estado permanecer e a prefeitura autorizar, voltaríamos em agosto”, planeja Roseni.

As escolas vão receber um checklist de aplicação dos protocolos sanitários validado. Rose Daher avalia as medidas que serão tomadas. “Temos um grande desafio pela frente para adequá-las à realidade da nossa escola. E para ser bem sincera, não sei se daremos conta, na prática, de seguir todo esse protocolo no ambiente escolar. Estamos nos preparando para isso. Mas vale lembrar que, para uma criança nesta faixa etária, seguir todas as recomendações das medidas de prevenção é muito complicado.”    

No caso da Escola Paula Assis, existe outro agravante: a necessidade de transporte público. Virginia fala sobre a situação. “Apesar de saber que os cuidados serão tomados e que os alunos deverão ser divididos em escalas para as aulas presenciais, ainda assim é um fator preocupante. Para os funcionários também. Por exemplo: em dias chuvosos, as janelas precisam ficar fechadas.”

Inúmeras vezes, os adultos são flagrados descumprindo normas de higiene em relação à prevenção da Covid. Será um desafio controlar as crianças, sobretudo as mais novas, com a limitação do contato. Sandra fala sobre como a escola infantil pretende lidar com essa situação. “Acredito que esse será um grande desafio devido ao fato de que nessa idade as crianças sempre interagem através do contato físico. Mas estamos vivendo o distanciamento social há um bom tempo e elas já estão lidando com essa realidade em seu cotidiano. Tudo é uma questão educativa. Iremos trabalhar regrinhas e criar métodos de distanciamento de forma lúdica para que todos aceitem naturalmente”, planeja a diretora.

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