Serenidade na escolha do futuro que desejamos para o Brasil


Editorial

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Como muitos esperavam, o Brasil saiu dividido do primeiro turno das eleições. No entanto, diferentemente do que vinha ocorrendo nos últimos pleitos, a polarização não se deu entre PT e PSDB. Desta vez, o partido de Fernando Haddad e do ex-presidente Lula, preso em Curitiba, encontrou como forte adversário o pequeno PSL do ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro. Com discursos extremistas, as duas forças antagônicas, PSL e PT, dividiram o eleitorado brasileiro deixando a decisão para o segundo turno, que acontecerá no próximo dia 28.

Nos últimos meses, marcou as redes sociais o embate aguerrido entre apoiadores de Jair Bolsonaro e aqueles que se declaram contrários às propostas e ideias defendidas pelo ex-capitão do Exército. Bolsonaristas e antibolsonaristas, petistas e antipetistas travaram uma verdadeira guerrilha verbal ideológica nas redes sociais, porém deixaram de discutir o que mais interessa: propostas, sobretudo para a saúde, segurança, educação, cultura, economia, infraestrutura e inclusão social. Perdeu-se muito tempo com uma rasa discussão política, que mais se assemelhou aos embates fanáticos de integrantes de torcidas organizadas de futebol, deixando os inúmeros e reais problemas do Brasil para escanteio.

O Brasil vai para o segundo turno das eleições dividido por extremos raivosos. A cega paixão partidária, a intolerância e a falta de diálogo vêm obstruindo o imprescindível e salutar debate de ideias e de propostas. A preocupação no primeiro turno foi, antes de tudo, com a desconstrução do adversário. No segundo turno não será diferente. Pobre Brasil, que assiste à política ser praticada de forma primitiva. Sobram ofensas, desrespeito, ódio, políticos medíocres e intolerância. Faltam conciliação, debate, propostas, ideias e estadistas.

Contudo, o eleitor deixou o seu recado no primeiro turno das eleições. Se os partidos não foram capazes de se renovarem e de fazerem uma necessária autocrítica, o povo tomou a iniciativa e confirmou nas urnas a sua insatisfação. Personagens de proa da política nacional, como Romero Jucá, Eunício Oliveira, Edison Lobão, Dilma Rousseff, Eduardo Suplicy, entre outros que vinham ditando o destino da República, não conseguiram se eleger ou reeleger.

Que neste segundo turno a razão, a serenidade e a capacidade de reflexão se sobreponham à paixão cega, pois, se permanecerem a intolerância e o ódio, o futuro da democracia do Brasil estará seriamente ameaçado. Na democracia, é através do diálogo que erros são corrigidos, devendo permanecer sempre a vontade e a soberania do povo.

Se desejamos, portanto, preservar a nossa democracia, reconquistada a duras penas em 1985, deixemos de lado as paixões e reflitamos racional e serenamente na hora do voto sobre o futuro do Brasil, tendo como pano de fundo os graves problemas do presente.

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Neste mês, o JL dá boas-vindas ao jornalista Fernando Chaves, que estreará a nova coluna Com Política! (isso mesmo, Política com P Maiúsculo). Fernando é graduado em Comunicação Social (Jornalismo) pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) e mestre em Comunicação Política pela Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF). “Diante do cenário de polarização e efervescência no debate político, em razão destas eleições, que vêm se mostrando bastante atípicas, proporcionando mudanças estruturais e conjunturais na formação do parlamento brasileiro e na configuração dos partidos e do poder, pretendo contribuir com o leitor na compreensão do que está acontecendo no país”, disse o jornalista.

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