Vocação para o comércio e artesanato


Entrevistas

André Eustáquio0

fotoCícero Chaves, presidente da Asseturc (Foto arquivo pessoal)

“Fui criado brincando com as pisadeiras do tear. Presenciei a abertura das primeiras lojas de artesanato. Vi e vivi o desenvolvimento que fez da Avenida Alfredo Penido um dos mais famosos polos comerciais de artesanato e decoração do país”

O empresário do ramo do artesanato, Cícero Resende Chaves, 37, é o novo presidente da Asseturc (Associação Empresarial e Turística de Resende Costa), cargo que já ocupou por duas vezes, na segunda e terceira diretorias.

O presidente eleito da Asseturc é casado com Cristiane Aparecida Pinto Barbosa e pai de duas filhas, Ana Lígia (13 anos) e Helena (7 anos). Além de sócio proprietário da D’corações Artesanato, Cícero mantém uma sociedade, desde 1999, com sua irmã Silvana Auxiliadora de Resende Chaves na Arraial da Lage Hospedaria. Ele é um dos idealizadores da Asseturc, ao lado do atual assessor de Governo e Planejamento da Prefeitura Municipal, Luís Cláudio dos Reis e do empresário Edmar de Assis (Traços de Minas Artesanato). Nesta entrevista ao JL, o presidente fala, entre outros assuntos, dos projetos da nova diretoria para o comércio e o turismo de Resende Costa.

Quais são os principais projetos da nova diretoria da Asseturc? O intento é dividir esforços para somar resultados. Desenvolver a ideia da nucleação para obtermos mais eficiência, sem, contudo, distanciar os ramos comerciais. No ramo turístico, os projetos continuam passando pela divulgação, valorização dos saberes artesanais e artísticos, desenvolvimento do nosso calendário de festividades, tornando-o mais eficiente economicamente, além da prestação de orientações sobre as exigências fiscais e contábeis e outros serviços. Já para o núcleo de comércio local, buscar a expansão do número de associados e maior unidade entre estes. Aperfeiçoar o uso do Serviço de Proteção ao Crédito, como inibidor da inadimplência, é uma demanda urgente. Incentivar a formalidade, melhorando o acesso a informações, serviços e crédito junto às instituições financeiras. Enfim, fortalecer a instituição para ações conjuntas e abranger sua influencia, demonstrando a atratividade da cidade para implantação de outras e novas empresas.

A Mostra de Artesanato e Cultura vem se consolidando como importante evento de valorização e divulgação do artesanato e da cultura resende-costense. Qual sua avalição da Mostra? Quais são os projetos da nova diretoria para o evento? São necessárias mudanças? Minha avalição pessoal da Mostra é muito positiva. Era um sonho resende-costense uma festividade que celebrasse o nosso artesanato. O simples fato de ter sido criada já é uma conquista. A Asseturc esteve presente nas quatro edições da Mostra juntamente com a prefeitura municipal, e este ano não será diferente. Quanto à necessidade de mudanças, não há no mundo o que não precise mudar. Adequar, evoluir é imprescindível. Com esta filosofia, a diretoria espera continuar melhorando sua participação, adequando a estrutura, inclusive financeira, às nossas necessidades e capacidades para elevar a Mostra aos patamares sonhados. Dificilmente conseguiremos dar grandes passos neste sentido em um só ano. Queremos desenvolvê-la com solidez ano a ano. Está nos nossos horizontes fazer da Mostra um evento mais turístico, mais econômico, mais capacitativo, mais cultural. Para isto, algumas ações já vêm sendo discutidas. Esperamos que neste ano a Mostra seja o início de um trabalho de divulgação, educação e preparo para projetos que pretendemos implantar durante nosso mandato.

Fala-se muito em Resende Costa sobre o turismo rural, uma ideia que ainda não foi efetivada. O município tem esse potencial? É viável investir neste setor? Potencial para o turismo rural nós temos sim. Quanto à viabilidade de investimento, é que acho difícil responder. Sou ligado ao artesanato pelo cordão umbilical. Fui criado brincado com as pisadeiras do tear. Presenciei a abertura das primeiras lojas de artesanato. Vi e vivi o desenvolvimento que fez da Avenida Alfredo Penido um dos mais famosos polos comerciais de artesanato e decoração do país. Para isto acontecer, sempre tivemos mais demanda do que oferta. Mais demanda de lojas e produtos, mais demanda de restaurantes, bares e pousadas. Nestes últimos tempos é que esta demanda parece estar sendo suprida. Por esta experiência coletiva, acho que não veremos investimentos em turismo rural se os investidores não virem demanda. Acredito que o turismo rural não será uma realidade para o curto prazo. O circuito turístico regional gira muito em torno de Tiradentes, que tem uma imensa oferta de atrações, e as cidades do entorno se desenvolveram como produtoras de artesanato. Esta estrutura formada é que vai norteando novos investimentos. As ofertas de estadias, atrações culturais, gastronômicas estão se desenvolvendo agora em Resende Costa e pode ser que a partir delas venha o turismo rural.

O que é necessário para que o turismo se estruture em Resende Costa? Que ele seja entendido como necessário, pois é a necessidade que move o homem. Quanto mais básica a necessidade, mais prioridade ela tem. O entendimento do turismo como uma necessidade primordial para a economia do município é um passo decisivo para que ele seja de fato estruturado. Isto já está acontecendo. Hoje os empresários entendem que é preciso investir em infraestrutura, arquitetura, preservação, programas de qualidade etc. O poder público se mostra preocupado e comprometido com o turismo, apesar de ainda não se ter um foco muito claro de como pode ajudar mais efetivamente. E este foco é que espero que a sociedade civil organizada deve buscar e entender. Nossas associações e conselhos são comprometidos com o nosso turismo, artesanato e cultura, mas podem trabalhar ainda mais juntos para que atinjam resultados mais expressivos em todas as áreas. Esta é, inclusive, uma das nossas principais metas de trabalho para este mandato. Queremos conversar mais com a Prefeitura, Asarc, Amirco, Conselho Municipal de Patrimônio e Cultura, e todas as entidades afins para desenvolvermos ideias e ações juntos.

O futuro de Resende Costa dependerá cada vez mais do turismo, sobretudo do turismo impulsionado pelo artesanato? Sim. Nós criamos uma megaestrutura para receber este turismo. São empreendimentos imobiliários de grande vulto, empresas que, juntas, somam centenas de empregos diretos e indiretos, talvez milhares. E como disse antes, depois de um investimento deste, de décadas de trabalho de tanta gente, isso torna-se uma necessidade primária da cidade. Por isso, há uma tendência lógica em defender e trabalhar para o turismo e o artesanato como a principal fonte de renda do município. Apesar disso, a Asseturc entende que esta não é a única fonte de renda do município e pretende trabalhar firmemente para os outros setores comerciais, sendo parceira de outras associações que representam outras atividades como a agropecuária.

Existe uma crítica de que o empresariado de Resende Costa tem certa dificuldade em unir-se em associação... Você concorda com isso? Lembro-me de ter feito esta crítica há alguns anos em entrevista aqui no JL, e ainda mantenho um pouco desta percepção. Nosso desenvolvimento comercial se deu através de empresários e empresas muitos competentes, mas que trabalharam e trabalham de forma individualizada. Aprendemos que se cada um faz bem a sua parte, o todo vai bem. Esta experiência criou uma filosofia que a associação é um instrumento que pouco define o sucesso de uma empresa. E isso enfraquece o associativismo que, fraco, menos respostas pode dar aos interesses comerciais e industriais. Entretanto, a nova diretoria da Asseturc está formada por sócios que estão muito motivados e pretendem mudar um pouco este quadro. Temos outros sócios que, mesmo fora da diretoria, sempre trabalharam e continuarão trabalhando para a associação. Espero, no final deste mandato, que eu possa discordar mais desta crítica.

Como você pretende articular a parceria entre a Asseturc e o poder público? Como o poder público pode atuar no desenvolvimento do turismo e do comércio de Resende Costa? Durante a existência da Asseturc, três prefeitos administraram o município. Todos sempre receberam a associação com cordialidade, demonstrando interesse pelo setor e vontade de ajudar. Observo, porém, e sem medo de críticas, que a administração atual é a que demonstra mais comprometimento com o setor turístico através de ações e investimentos. O poder público municipal já é um parceiro consolidado da Asseturc. Somos bem articulados nesta esfera do poder. Temos a satisfação de ter à frente da Assessoria de Governo e Planejamento da prefeitura, Luís Cláudio dos Reis, que foi um dos idealizadores da Asseturc e, até hoje, único agraciado da instituição com o título de sócio benemérito por serviços prestados. Nossa ligação é íntima e ele um personagem que trabalha muito levando o nome de Resende Costa e da Asseturc a outras esferas do poder público, inscrevendo-os em programas e buscando recursos. É nesta linha de parcerias e articulação com outras entidades afins que pretendemos desenvolver ainda mais o turismo e o comércio de Resende Costa.

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