William, o pastor evangélico que gasta do próprio bolso para exercer a função


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José Venâncio de Resende0

Pastor Willian em frente à igreja evangélica Mensageiros de Cristo (Fotos José Venâncio)

A Igreja Evangélica Mensageiros de Cristo, fundada em São João del-Rei em 2001 no bairro São Geraldo pelo pastor William Coelho e outras seis pessoas, traz em seu estatuto que "os ministros não serão remunerados por serviços ministeriais". De lá pra cá, William e o outro pastor da Igreja não apenas entregam regularmente seu dízimo como também não recebem qualquer quantia para exercer esta função.

William, 61 anos, é filho do resende-costense Wilson Coelho e da são-joanense Margarida Treré Coelho. Tudo indicava que ele teria uma carreira promissora como jogador de futebol. "Desde menino, jogava no juvenil do América como atacante, chegando a ser titular do time. Mas tive a carreira interrompida aos 17 anos por conta do rompimento no menisco".

Na infância e na adolescência, William costumava jogar bola no time do Varginha, quando passava férias escolares em Resende Costa. Tornara-se amigo de Chiquinho (Francisco Domingos Filho) do Chico Domingos, morador do Morro de Pedra, saída para o bairro rural do Barracão. "Essa amizade teve origem na Maria (Maria do Rosário dos Santos), irmã dele, que trabalhou muitos anos para os meus pais. Foi ela que praticamente me criou”.

Foi assim que começou um acordo amigável entre William e Chiquinho. "Eu passava 15 dias de férias na casa dele em Resende Costa e ele ficava 15 dias na minha casa em São João del-Rei".

Até que ele concluiu o segundo grau e foi embora para os Estados Unidos, lembra William. Um dia ele veio ao Brasil a passeio e, quando retornou aos EUA, sofreu um infarto fatal no trabalho. "As cinzas dele foram trazidas de Manhattan pela família e transportadas de Belo Horizonte para Resende Costa pelo meu irmão Wilton".

Enquanto isso, William tocava sua vida por aqui. Serviu o Exército no então 11º RI e, aos 22 anos, foi trabalhar no Banco Itaú onde ficou sete anos. Em seguida, ingressou na empresa atacadista “Doces Califórnia” onde trabalhou 22 anos. Depois, trabalhou como autônomo durante seis anos e se aposentou.

Em 1988, William formou-se em economia pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). "Na ocasião, eu era gerente da Doces Califórnia. Quando trabalhava no Itaú como subgerente administrativo, eu fazia muitos cursos de curta duração em São Paulo, no Rio e em outros lugares. Depois que deixei o banco, senti necessidade de continuar estudando".

 

Conversão

A conversão de William deu-se aos 38 anos de idade. "Eu estava separado da esposa e havia abandonado a família. Eu tinha uma vida desestruturada - butequim, bebida, noitadas... Os filhos eram pequenos: a Jéssica, com 6 anos, e o Willsterman, com 11 anos".

Com a conversão, o casamento de William foi reatado. "Dei a volta por cima porque conheci o Evangelho, que restaurou a vida de nossa família".

Foi nesse contexto que surgiu a Igreja, conta William. Esta Igreja já funcionou em três bairros simultaneamente - São Geraldo, Bonfim e Matosinhos. Mas os dois últimos endereços foram fechados por restrição financeira, principalmente a dificuldade de pagar aluguel.

Atualmente, a Igreja continua funcionando no endereço original, o bairro São Geraldo. "Hoje, temos um rebanho de cerca de 30 pessoas. Mas ao longo desses anos muitas pessoas entraram e se transferiram para outras igrejas. A gente conseguiu arrebanhar umas 100 pessoas".

William é pastor da Igreja desde 1º de maio de 2002, "eleito por um grupo de irmãos que congregavam na ocasião. Fui ungido pelo pastor Pedro Ronaldo Santos, da Igreja Evangélica Quadrangular".

A Igreja mantém-se com dízimos e ofertas do corpo de membros, diz William. "Esse dinheiro é usado para pagar aluguel, comprar equipamentos, promover ajudas fraternais e também externas, como algumas obras sociais."

O pastor, além de entregar o seu dízimo, gasta recursos próprios, como despesas com transporte (carro e moto), e dedica parte do seu tempo a serviço da Igreja, conta William. "A gente trabalha é pela fé mesmo. A minha maior alegria é quando a gente vê alguém sair do fundo do poço."

Casado há 39 anos com Aparecida Sottani Coelho, William é pai do músico e professor Willsterman e da nutricionista e empresária Jéssica.        

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