Zé Barba: simplicidade que cativa os amigos


Perfil

Emanuelle Ribeiro0

O popular Zé Barba se dedica de corpo e alma ao que mais gosta, o futebol

Humildade. Esta é a palavra que define José Camilo Santos, nosso querido Zé Barba, 56 anos. Muito simples, de origem humilde, Zé Barba estudou apenas até o terceiro ano, mas aprendeu muito com a vida. Aprendizado que passou aos filhos e agora ensina aos netos: “Em último lugar vem o dinheiro, primeiro saúde e amizade. Não tem dinheiro que pague a felicidade e eu sei ser feliz. A gente fala o que é certo”. Conhecido por todos, Zé Barba caminha pelas ruas da cidade sempre levando um sorriso no rosto e encontrou no futebol uma maneira de continuar ativo e se divertindo.

Nascido no povoado dos Pintos, Zé Barba trabalhou desde cedo nas tarefas da roça. Ajudava com o gado, na manutenção do terreno e nas plantações. Aprendeu a ser solidário ainda quando criança: “Vim saber o que era dinheiro com 15 anos de idade. O dinheiro que eu recebia dos patrões, que eu trabalhava na roça, eu colocava em casa, passava para os meus pais”.

O sempre simpático Zé Barba mudou-se para a cidade na infância e gostava muito de jogar futebol. Antes de ser o treinador que conhecemos hoje, Zé era bom de bola, se garantia na defesa e se arriscava no meio de campo: “A gente não montava time, nem tinha muitos torneios, juntava os colegas e jogava bola”. Quando não estava praticando o esporte, gostava mesmo era de sair e contou que não ficou parado na adolescência: “A gente andava muito, né? Com 16 anos eu já saía pro trecho” (risos).

O rapaz que curtia sair quando jovem logo sossegou. Aos 18 anos conheceu sua esposa Eva, com quem se casou aos 21 e teve cinco filhos. Hoje, os nove netos convivem com o avô, no que ele mesmo define como uma relação de amizade e diálogo.

O envolvimento fiel com o futebol começou de verdade há alguns anos. Em 2008, Zé Barba criou o time “Nova Resende Associados Futebol Clube”, convidou alguns jogadores e logo colocou a equipe para disputar torneios. No ano seguinte, estrearam em uma competição na Restinga de Cima e a primeira taça veio no mesmo ano, em um torneio na Fazenda de Cima. No comando do Nova Resende, muitas histórias divertidas foram escritas e vividas por Zé Barba.

O técnico lembrou-se de alguns duelos marcantes. “A gente participou de muitos torneios no povoado dos Pintos e não ganhava nada. Em um deles fomos eliminados pelos Pintos e acabou criando uma certa rivalidade”. O confronto passou, mas não foi esquecido e o time iniciou outro campeonato no Curralinho dos Paulas. Na estreia, o Nova Resende já sofreu, vendo o adversário Fita Azul vencer os dois quadros, por 8x1 e 14x0. Zé Barba falou disso sorrindo e tentou motivar seus atletas: “A turma começou a desanimar. Eu falei que se eles não parassem eu daria uma festa”. O time então seguiu firme no campeonato, venceu algumas partidas com placares apertados, disputando pênaltis, contou com a sorte e chegou à final. “Juntei a galera no ônibus e falei: ‘como é que é, gente? Nós vamos trazer a taça de vice ou a de campeão?’”. Na final encontraram um velho conhecido: os Pintos! Com o apoio da torcida, chegaram ao gol no primeiro tempo, mas sofreram o empate no segundo e a decisão foi para os pênaltis. Ganhamos por 4x1: “Nosso goleiro era muito bom, defendeu três pênaltis. Pegamos a taça de campeão e deixamos a de vice para os Pintos”. E o nome do torneio condizia mesmo com a postura de nosso amigo Zé: “Copa da Paz”.

“Agradeço ao Aurélio, que na época da Loja Kaessy, me ajudou muito. Foi ele quem me deu os uniformes do time há alguns anos. Eu falo que foi ele quem me deu a classificação do Torneio do Curralinho, que a gente ganhou. A gente não tinha camisa para jogar”.

No total, Zé guarda seis taças em sua casa. Todas conquistadas com o empenho dos jogadores e de seu comandante, que não cobra do time: “A gente não treina, só junta os jogadores e encontra na hora do jogo mesmo. A única coisa que é de lei, a gente faz a oração no campo. E falo com eles: ‘não sei gritar, não sei mandar. Vocês sabem suas posições, vocês se ajeitam no jogo’. O importante é a gente divertir e ter o bairro representado”.

À frente do Nova Resende, Zé Barba conheceu muita gente, fez amizades e andou bastante pela zona rural de Resende Costa. Após esses anos e depois de ter disputado diversos torneios, principalmente no Curralinho, Pintos, Ribeirão e Sumidouro, ele está tendo a oportunidade de ver seu clube disputar uma competição na cidade. Está acontecendo nos finais de semana o Campeonato de Futebol de Campo no Expedicionário. Zé Barba abriu ainda mais o sorriso: “Isso é uma honra pra gente. Primeira vez que disputamos um campeonato na cidade. Acho que a gente precisa de mais times na cidade, não deixar o campo ficar parado, fazer mais jogos”.

E você sabe por que o Zé Barba se doa pelo time? Apenas por diversão, porque ganhos não há, só mesmo investimento. “Às vezes peço dinheiro para ajudar na passagem, mas se os jogadores não tiverem eu mesmo pago, não fico segurando não. Se algum jogador machucar, eu ajudo com medicação, atendimento médico e se precisar ficar parado até com cesta básica, tudo por minha conta. A gente assumiu o cargo, tem que ter compromisso”.

Não é só no campo que Zé Barba gosta de ajudar. Ele busca sempre ser generoso, mesmo não tendo muito e, sem dúvidas, tem muito a ensinar: “Eu gosto de ajudar as pessoas. Se eu tenho um dinheiro e não estou fazendo nada com ele, não gosto de ficar segurando. Ajudo alguém que precisa de alguma coisa, pagar uma conta. A gente também precisa. Fazemos isso aqui e somos recompensados lá na frente”.

Gostando tanto de futebol, ele incentiva o netinho Luís Gustavo a treinar. O menino, que também gosta muito de música e é orgulho do avô, hoje é aluno da Escolinha de Futebol Galaxy e está aprendendo o básico do esporte. Quem sabe num futuro próximo não será um destaque do Nova Resende Associados Futebol Clube?

Zé Barba gosta de apoiar e é um nome sempre lembrado quando o assunto é futebol: “Fui convidado para tomar conta de um time de mulheres. A gente está pensando em montar na Nova Resende. Muita gente me chama, crianças, mas é difícil, tem que ter espaço, apoio”.

No fim da nossa entrevista, ainda muito sorridente, Zé mostrou ser um bom divulgador da equipe e concluiu: “Tem DVDs com imagens do time no Campeonato do Curralinho dos Paulas. Muita gente já tem. Quem quiser pode falar comigo. Mandei o vídeo até para a TV Alterosa. Tem um DVD lá. Já até me disseram que iam me chamar para dar entrevista”. Tomara que isso realmente aconteça. Afinal, Zé Barba é mais um exemplo para os cidadãos resende-costenses e merece todo o reconhecimento e méritos possíveis.

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