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A, E, I, O, U DO CASAMENTO

21 de Julho de 2022, por José Antônio

Sempre que passo em frente ao foto perto de minha casa, vejo o retrato de uma noiva. Sorrindo, como se estivesse flertando com a felicidade. Como toda noiva, essa também é bela. Bela e vestida de branco.

Da fotografia para a vida real. Sempre aos sábados à tardinha, qualquer igreja está às voltas com pessoas bem vestidas, cabelos molhados e esticados... menininhas com vestidos rodados correndo para todos os cantos... e lá dentro, perto do altar, sempre se vê um noivo, uma noiva, um punhado de padrinhos com feições de responsáveis, um padre sem pompa nos paramentos e aquele cara com a filmadora na mão, insistindo em deixar os convidados desconcertados, chegando a câmera bem perto do rosto de cada um. Do lado de fora, aquele batalhão que sempre vai mas nunca entra.

Se o casamento tem lá as suas características, ele também tem o seu A, E, I, O, U. Quando se casa para acabar de vez com a solidão, fazendo do parceiro não um ser para se amar, mas, simplesmente, uma companhia qualquer para poder ficar velho junto... ou seja, um manto para aquecer a solidão; também quando o casamento é feito para se jogar um manto sobre uma gravidez sem aliança e tem-se que salvar mais a honra dos futuros avós do que a dos futuros pais... então, trata-se de um casaMANTO.

Quando se perde o discernimento, pois a vida é só lamento e na alma não há mais contentamento... quando o amor fica mais firme do que cimento e o coração nem sabe o que é envelhecimento e o olhar só fala de agradecimento... quando o futuro vira esquecimento e o que manda é o sentimento, sendo o universo colocado dentro de um momento... tem-se aí o casaMENTO.

Tem gente que se casa jurando de pé junto que ama o parceiro, mas, na verdade, o casamento vai é lhe dar mais liberdade fora de casa, mais espaço e segurança para dar às largas o seu coração e as suas aventuras; e a mentira conquista a confiança do pobre coitado que se fantasiou de cônjuge... vê-se aí um exemplo de casaMINTO.

Mas quando se casa prometendo um forte e eterno amor ao parceiro rico, proprietário de mundos e fundos, cercado de admiradores nas rodas sociais, garantia certa para viagens caras e roupas refinadas, fazendo dele um cavalinho puro sangue para se subir, aparecer e acontecer... ocorre o casaMONTO.

Agora, tem gente que se casa pela enésima vez. Na primeira não deu certo porque houve chifre; na segunda também não deu certo porque houve morte do outro; na terceira o casamento acabou porque o amor também acabou; na quarta os parceiros bem que prometeram, mas foi um terceiro que cumpriu a promessa; na quinta a miséria entrou pela porta e os cônjuges saíram pela janela; na sexta não deu certo porque era o parceiro do primeiro casamento... agora a pessoa vai se casar de novo, com alguém três vezes divorciado. Constata-se aqui um casaMUITO.

Casamanto, casamento, casaminto, casamonto, casamuito... Só fica solteiro quem conhece apenas as consoantes.

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