Trilha sonora

A nossa MPB segue firme

24 de Abril de 2024, por Renato Ruas Pinto 0

Desde o início dessa coluna, há exatos 10 anos, sempre defendi a tese de que a música brasileira vai bem. Os tempos mudaram, entretanto. Em um passado não tão distante, quem apresentava o artista ao mundo era uma gravadora. A produção independente existia, mas era caríssima e não estava disponível para qualquer artista. O novo mundo digital democratizou, em um primeiro momento, o processo de gravação e, em tempos mais recentes, a divulgação também. Hoje, ao alcance do celular, temos disponível música do mundo inteiro. Por outro lado, ficou difícil acompanhar as novidades por conta da quantidade de discos e músicas surgindo todos os dias.

Assim, nos dias de hoje precisamos ser um pouco mais ativos no processo de descoberta de novos artistas ou trabalhos e não ficar só esperando a música chegar até nós. Os meios de divulgação em massa, como rádio e TV, estão, infelizmente, dominados por um estilo único ou presos no passado, na repetição monótona de clássicos e sem coragem de arriscar. A dica é, então, garimpar nas redes sociais, seguir artistas novos e se ligar no bom material que está sendo lançado constantemente, no formato de álbum ou singles. Nessa coluna aproveito para compartilhar dois artistas e trabalhos excelentes que descobri recentemente.

 

Socorro Lira: Dharma (2023) – Socorro Lira é uma artista versátil e leva na bagagem trabalhos como compositora, cantora, escritora, atriz, diretora e produtora de audiovisual. Tive a sorte de ela levar o seu último disco “Dharma” à minha cidade e pude conferir ao vivo seus predicados como intérprete e compositora. “Dharma” é um disco que surpreende pela qualidade das letras e melodias e simplicidade no instrumental. Recheado de participações especiais e parcerias de peso, como Zélia Duncan, Chico César, Ná Ozzetti e o violeiro Ricardo Vignini, é um disco politicamente engajado e traz temas atuais, alguns quase premonitórios, como a música “Gaza Jacarezinho”, que antecipou o conflito que eclodiu no fim de 2023. “Dharma” é um tributo à canção e mostra que a força da música está na letra e na melodia e que nem sempre precisa de grandes arranjos ou floreios.

 

Artur Araújo: Morada dos Ventos (2021) – Artur Araújo é um jovem artista e que fez a sua estreia fonográfica mostrando logo ao que veio. Em um trabalho todo autoral, Artur apresenta um disco impecável do começo ao fim. Nos dias de hoje, em que os artistas estão privilegiando singles por se adequarem melhor à lógica de redes sociais, dá gosto ouvir um álbum bem costurado e com ótimos arranjos. Além do talento como compositor, Artur Araújo também mostra as cartas como cantor com uma bela voz. E também abre espaço para participações não só de artistas consagrados como Toninho Horta e Beto Lopes, mas também para talentos da nova geração, como as competentes cantoras Bárbara Barcellos e Mariana Nunes. “Morada dos Ventos” é um álbum que mistura influências de regiões diversas do Brasil e mostra que a fonte de talentos da música brasileira continua produzindo talentos.

 

Conheci os dois artistas pelas redes sociais, através de postagens de amigos ou de quem divulga estilos com os quais me identifico. Então, veja que não precisamos de rádio, TV ou gravadora para fazer a curadoria do que iremos ouvir. Sejamos ativos e busquemos coisas novas. Elas estão aí. Sejam trabalhos de artistas novos ou novos trabalhos de quem conhecemos. A boa música está pulsante e ativa, mas agora precisamos ser nós mesmos o disk jockey da nossa trilha sonora.

A arte da arte

27 de Marco de 2024, por Renato Ruas Pinto 0

Por coincidência, logo após escrever sobre uma loja de discos que ainda resiste aos novos tempos da música digital, recebi uma dica de um documentário sensacional. Ele conta a história do importante estúdio de design inglês Hipgnosis, que foi responsável por criar capas memoráveis de discos que marcaram a história do rock. Muitas capas de disco se tornaram parte integral da obra e é impossível falar de certos álbuns sem lembrar delas. Artistas investiram tempo e cuidado na criação de capas, pois entenderam a força que elas carregavam enquanto transportavam e protegiam a música em seu interior. O estúdio Hipgnosis, com muita inventividade e o uso competente das técnicas disponíveis, fez história com algumas capas que hoje são verdadeiros marcos.

O documentário se chama “Squaring The Circle”. Uma tradução livre seria algo como “fazendo a quadratura do círculo”, uma relação direta entre um problema clássico da matemática e as formas da capa e do disco. Ele está disponível no YouTube; infelizmente, apenas em inglês. Faço votos para que alguma alma caridosa coloque legendas em português o quanto antes para que mais pessoas possam assistir. O documentário reúne depoimentos de um time estelar que conta com David Gilmour, Roger Waters, Paul McCartney, Peter Gabriel e outros. Conta também com depoimentos de um dos fundadores do estúdio, Aubrey “Po” Powell, e imagens de arquivo dos outros sócios, StormThorgerson e Peter Christopherson, já falecidos quando da gravação.

Storm e Po eram amigos de adolescência daqueles que viriam a fundar o Pink Floyd. Estudaram arte e começaram a trabalhar profissionalmente com fotografia, quando foram procurados pelos amigos do Pink Floyd para produzir a capa de seu segundo álbum, “A saucerful of secrets” (1968), que marcou a saída de Syd Barret e a entrada de David Gilmour na formação clássica do grupo. Em uma era em que não existia Photoshop e afins, fizeram a capa com uma intrincada montagem de fotos e texturas. A partir daí, outros trabalhos começaram a aparecer e o estúdio cresceu em tamanho e importância. A consagração viria com a icônica capa de “The dark side of the moon” (1973) e seu prisma dividindo a luz em várias cores. De uma simplicidade incrível, a capa ganhou vida própria e se tornou um símbolo pop explorado e referenciado de todas as formas, mídias e linguagens que se pode imaginar.

A partir daí, o estúdio viraria uma referência e seria buscado por artistas, como Paul McCartney e Led Zeppelin. Eram tempos de dinheiro farto, orçamentos caros e extravagâncias, como viajar de Londres para o Havaí para fazer apenas algumas fotos ou pousar de helicóptero em um pico nevado nos Alpes Suíços para fotografar uma estátua para a capa da coletânea “Wings Greatest”, da banda de Paul McCartney. Na virada dos anos 70 para os 80, entretanto, as coisas começam a mudar. Em termos musicais, o rebuscamento e a sofisticação das produções de rock, em especial o progressivo, são substituídos pela simplicidade e o som cru do Punk e New Wave.

As capas também ficaram mais simples, muitas vezes só retratando os membros da banda. Storm pressentiu a mudança e convenceu os parceiros a transformarem o estúdio em uma produtora de filmes. O novo negócio, porém, não prosperou e foram à falência em dois anos, pondo fim à história de um estúdio lendário.

O documentário conta a história com detalhes e aborda não só o processo criativo do trio, mas também a curiosa interação com músicos e bandas. Capas tiveram sua importância e andaram junto à própria música dos álbuns. O CD, por conta das dimensões, já sacrificou muito essa arte e o tiro de misericórdia veio com a música digital. Assim, o documentário abre uma janela muito interessante para um passado ainda próximo. Quem curte um disco vai assistir com saudade. As novas gerações, por sua vez, talvez percebam o que nós perdemos com os novos formatos.

 

P.S.: Após finalizar a coluna, constatei que o vídeo foi retirado do YouTube. Agora a solução é esperar ser disponibilizado em algum streaming ou buscar em outras fontes.

Espécie em extinção

28 de Fevereiro de 2024, por Renato Ruas Pinto 0

A chegada dos gravadores de CD e do MP3 na virada do século foi como um furacão para a indústria da música, que arrasou tudo por onde passou e criou uma nova realidade. Com a possibilidade de carregar discografias inteiras em um pendrive, as vendas de CDs despencaram, a pirataria disparou e a música passou a ser distribuída por aplicativos de compartilhamento direto entre usuários como o Napster e Kazaa.

No Brasil, as lojas de discos fecharam uma a uma e espaços de venda de música em grandes lojas e livrarias foram diminuindo até sumir. Hoje, essas lojas se resumem a pequenos espaços dedicados a um nicho muito específico, de quem não abre mão do formato físico e de poder ler um encarte. Assim, qual não foi minha surpresa ao encontrar em Pouso Alegre, cidade de 150 mil habitantes no interior de Minas Gerais, uma loja de CDs de porte razoável e com um acervo de encher os olhos dos aficionados!

A dica da loja improvável veio pelo meu irmão, o Cacau, que viu um perfil no Instagram falando a respeito. Por coincidência, eu iria passar ao lado de Pouso Alegre nos próximos dias e resolvi fazer um desvio para conhecer o espaço. A loja em questão se encontra dentro do Hipermercado Baronesa e, ao chegar no local, eu não conseguia acreditar no que via. Era uma loja de grande porte para o padrão brasileiro e com um acervo de um tamanho que não via desde os anos 90. Em São Paulo, onde ainda resistem muitas lojas de música, não sei de nenhuma do mesmo tamanho. Em um espaço de corredores apertados e prateleiras altas se encontra toda a sorte de CDs, caixas especiais e um bom acervo de DVDs de shows, filmes e documentários. Ainda há uma pequena sessão de vinis com alguns bons títulos.

Há alguns motivos para a minha surpresa e maravilhamento com a descoberta. O primeiro é que, no Brasil, espaços de venda de mídias físicas são cada vez mais raros. No exterior são bem mais comuns e os CDs e vinis ainda resistem bem. Aqui no Brasil tornou-se coisa de apaixonado e as pequenas lojas que sobrevivem são quase confrarias ou clubes sociais onde donos e clientes se dividem entre o garimpo nas prateleiras e longas conversas sobre títulos raros e histórias sobre a gravação deste ou daquele álbum. Outro motivo de surpresa é o fato de encontrar tal loja em uma cidade de interior, razoavelmente longe dos grandes centros. Finalmente, a surpresa maior é o acervo em si, por conta de seu tamanho e qualidade.

Infelizmente, eu tinha pouco tempo para vasculhar as estantes, pois ainda tinha uma viagem longa pela frente. Porém, numa visita rápida de pouco mais de meia hora foi possível ver que a loja tinha uma variedade enorme não só de títulos, mas também de estilos, indo de clássicos de MPB e rock até os artistas contemporâneos do sertanejo universitário. Eu fiquei muito impressionado com o que vi, mas vale destacar que uma parte grande das prateleiras estava bloqueada para fins de inventário, de modo que não pude ver tudo. Ainda assim, fiquei impressionado com a disponibilidade de caixas especiais comemorativas, como as gravações dos Beatles em mono ou as discografias de artistas, como Gilberto Gil, Roberto Carlos e Elis Regina. Para não sair de mão vazia, levei o CD da edição especial dos 50 anos do Sergeant Pepper’s dos Beatles e um ao vivo do Bob Dylan. Mas a vontade era ficar por mais algumas horas para explorar melhor, o que ainda farei e que certamente causará um estrago no saldo bancário.

Você, leitor, pode me perguntar se ainda faz sentido comprar mídia física quando temos o streaming ao alcance do celular. Essa é uma discussão que já levantei nessa coluna e pretendo retornar. Porém, adianto que o streaming carrega uma série de problemas, como a indisponibilidade de títulos e o modelo predatório de remuneração aos artistas. Enquanto isso, há quem goste de ter o contato físico com o disco ou poder apreciar as artes das capas e eu sou um deles. Espero poder sempre ter acesso a lojas como essa que conheci. Longa vida ao CD e ao vinil!

Chama o síndico!

25 de Janeiro de 2024, por Renato Ruas Pinto 0

O “síndico” Tim Maia, passados quase 26 anos desde que nos deixou, continua presente e sendo lembrado e ouvido como merece. Há alguns anos o seu nome voltou à baila, com a sua cinebiografia, também adaptada para o formato de minissérie. Embora eu tenha várias críticas ao filme, é sempre bom ver a obra de um artista tão relevante ser resgatada. Não pretendo elaborar neste espaço meus comentários sobre o filme, mas, por achá-lo superficial e tratar do Tim Maia de forma meio caricatural, fiquei curioso para saber mais sobre sua história, quando entrei em contato com dois materiais relacionados e de autoria do produtor musical e escritor Nelson Motta.

Os materiais são a biografia “Vale tudo: o som e a fúria de Tim Maia”, publicada em 2007, e a série documental “Vale tudo com Tim Maia”, de 2022, cuja direção é assinada por Nelson Motta e Renato Terra. A série não segue um formato tradicional de documentário, com uma narração de terceiros, mas faz um ótimo apanhado de imagens, entrevistas e videoclipes do artista. Possivelmente, boa parte deve ter sido levantada durante a pesquisa do livro, já que é possível reconhecer várias de suas passagens enquanto se assiste à série, disponível no Globoplay.

O livro, por sua vez, conta a história singular do artista em ordem cronológica. Nelson Motta foi um amigo próximo de Tim Maia, além de ter sido um executivo da indústria da música, o que traz algumas passagens contadas em primeira mão e outras provavelmente ouvidas de pessoas próximas. A leitura do livro, porém, me deixou com a impressão – que foi confirmada após assistir à série documental – de que a pesquisa foi um pouco limitada e baseada em boa parte em material de jornais e entrevistas para a televisão. Considero, porém, um problema menor e foi muito interessante conhecer a história e trajetória de Tim Maia sem a visão simplista mostrada no filme.

Nelson Motta conseguiu mostrar, sem retoques, que Tim Maia era uma figura complexa e contraditória que reunia, no mesmo corpanzil, um talento único para música e uma falta de profissionalismo sem paralelo ou um romântico que ia da doçura à explosão em segundos. No livro também está presente o consumidor de doses cavalares de uísque, cocaína e maconha, prática que Tim chamava de “triatlo”, e o artista que tinha noção de que a classe era constantemente lesada pelos executivos da indústria da música e tentou tomar as rédeas da própria carreira, atuando como empresário, editor e administrador de seu selo e editora. Embora tenha falhado miseravelmente atuando do lado do negócio, essa é uma parte de sua vida muito interessante e que o livro mostra muito bem.

Falar do talento de Tim Maia como compositor é algo quase desnecessário quando se olha a longa lista de grandes sucessos que ele compôs e arranjou brilhantemente, mesmo sem saber colocar uma nota em uma partitura. Nelson Motta, porém, no seu livro faz um bem ao destacar suas qualidades de intérprete e com um ótimo faro para identificar grandes músicas. Ao falar do intérprete, Nelson Motta ainda faz justiça a compositores que impulsionaram a carreira de Tim Maia, como Cassiano, autor de “Primavera” e outras três músicas de seu primeiro disco, mas que foi solenemente ignorado no filme. A lista de sucessos compostas por terceiros é longa, como “Descobridor dos sete mares”, “Gostava tanto de você” e “Leva”. Suas interpretações memoráveis, naturalmente, fizeram com que o público as associasse automaticamente a Tim.

Uma figura complexa e controversa como Tim Maia merecia uma biografia. Ainda que a de Nelson Motta não seja exatamente primorosa, é uma leitura agradável e que acrescenta dimensões interessantes a um nome fundamental da música brasileira, o artista que soube misturar os importados soul e funk aos ritmos brasileiros. Mais do que o artista que faltava a shows frequentemente ou o dono de uma voz potente e cheio de suingue, Tim Maia tem outros tantos predicados – alguns positivos e outros não – que fizeram o que ele foi e ainda é.

Ecos do cânion

29 de Marco de 2023, por Renato Ruas Pinto 0

Os serviços de streaming em vídeo têm nos trazido documentários interessantes sobre música, falando de artistas, eventos ou movimentos. Esses documentários nos dão a oportunidade de conhecer as histórias de bastidores ou saber de detalhes que passariam despercebidos, por exemplo, ao ouvir certos discos. Recentemente pude assistir no Netflix a alguns documentários muito bons e pretendo comentar sobre aqueles que considero mais relevantes. Nesta edição, falarei sobre um, cujo tema nos remete aos agitados anos 60, período de efervescência do rock. Trata-se de “Echo in The Canyon – uma celebração à música”, de 2018, e que faz um recorte interessante sobre uma região de Los Angeles e a influência que seus ilustres moradores tiveram sobre a música do período.

O documentário, apresentado por Jakob Dylan, filho de Bob Dylan e líder da banda The Wallflowers, que gozou de algum sucesso nos anos 90, conta a história do Laurel Canyon e seus moradores famosos. Laurel Canyon é uma região montanhosa da metrópole Los Angeles e com um certo ar rural. Além do cinema, Los Angeles sempre foi um dos mais importantes centros da indústria da música, reunindo uma série de estúdios de porte e escritórios de grandes gravadoras. Assim, vários artistas sempre tiveram moradia em seu entorno. Um certo isolamento e um ar interiorano de montanha, mas logo ao lado da cidade gigante de concreto e aço, possivelmente foram decisivos para atrair uma série de músicos que por lá se instalaram.

O documentário trata justamente desse ambiente musical que reuniu artistas como o quarteto The Mamas & The Papas, os Byrds, de Roger McGuinn e David Crosby, e Brian Wilson, o inspirado compositor dos Beach Boys, além de outros tantos expoentes do rock e da contracultura dos anos 60. É natural que, com tanta gente talentosa reunida, o intercâmbio entre essas pessoas fosse frequente. Além de surgirem colaborações formais entre músicos, os encontros em festas, reuniões ou visitas privadas faziam com que os músicos estivessem sempre apresentando os rascunhos de seus trabalhos para pares exigentes, gerando um clima prolífico de composições de qualidade cada vez mais alta. O ambiente permitiu também a aproximação de músicos para somarem forças, como foi o caso do quarteto Crosby, Stills, Nash & Young. David Crosby havia sido expulso do The Byrds mais ou menos na mesma época quando o Buffalo Springfield de Neil Young e Stephen Stills se dissolveu.

No documentário, Jakob Dylan entrevista vários dos personagens que fizeram parte dessa cena e que revivem histórias e fazem análises interessantes do ambiente, das músicas e de um mundo que passava por rápida transformação no fim dos anos 60. É curioso poder ouvir em primeira mão essas narrativas, até para entender como era o processo criativo de vários artistas e saber mais sobre um momento crucial da arte popular. Todo esse intercâmbio e colaboração, a meu ver, não fez com que o que aconteceu no Laurel Canyon pudesse ser chamado de um “movimento”, isto é, quando vários artistas caminham claramente na construção de uma determinada estética. Ainda assim, o que se produziu ali naquele período será escutado e estudado por muitos anos.

Além disso, é de se esperar que não faltem histórias engraçadas envolvendo a excentricidade dos artistas, como a curiosa caixa de areia que Brian Wilson colocou em sua sala de visitas para acomodar seu piano. Ou histórias narrando os incontáveis problemas com a polícia por conta de festas com música alta ou, é claro, das drogas ilícitas, como a maconha ou o LSD, que estão invariavelmente associadas a esse período. Finalmente, o documentário faz um resgate musical muito interessante da época, com clássicos interpretados por Jakob e convidados de peso, como Fionna Apple, Norah Jones e Beck.

Enfim, é um documentário mais do que recomendado não só para quem curte e conhece a música do final dos anos 60, mas também para o ouvinte casual que tem a chance de descobrir novas músicas e artistas que merecem estar em qualquer playlist.