Alunos da E. M. Conjurados não podem usar celular na escola


Educação

José Venâncio de Resende0

Início das aulas na E.M. Conjurados (foto fornecida pela entrevistada).

No ano letivo que começou este mês, 521 alunos (idades entre os 6 e os 11 anos) da E. M. Conjurados, de Resende Costa (MG),  não poderão usar celular nas dependências da escola. E os professores estão autorizados somente nos horários de café e de módulos (horário pedagógico). Em sala de aula, apenas é permitido o uso de tablet fornecido pela escola, para fins pedagógicos, pelos alunos do 5° ano.

Foi há cerca de 12 anos que a direção tomou a decisão de proibir o uso do celular nas dependências da escola (salas de aula, recreio e refeitório), por consenso entre os membros da equipe pedagógica (professores, supervisores, diretora e vice). A medida abrange os alunos do ensino fundamental I (1º ao 5º ano). As orientações e regras da escola são repassadas aos pais em comunicados escritos e em reuniões. Já os contatos dos alunos com os pais, em casos de emergência, são feitos pela diretoria e pela secretaria da escola. Arraigou-se de tal maneira o hábito que as crianças nem mais levam celular para a escola.

Roseneia Aparecida da Silva Daher Resende assumia, então, a direção da escola (um ano como vice e depois como diretora). Era uma época em que o celular começava a se popularizar e as pessoas ainda estavam adaptando-se ao aparelho, inclusive as crianças. Situação propícia aos exageros como invasão de privacidade e assédios morais. “Começamos a ter vários problemas quando o celular começou a ficar mais popular. As crianças, por exemplo, começaram a filmar colegas ou fazer fotos e divulgar nas redes sociais.” Além disso, havia sumiços de (e danos a) celulares.

As exceções à medida limitavam-se a “festinhas de fim de ano” e a passeios pedagógicos. “Há cerca de dois anos também proibimos celular em eventos”, conta Roseneia.  Nas confraternizações, a professora fotografa e disponibiliza no grupo da sala de aula. Na “baladinha do 5º ano”, um fotógrafo profissional produz o material e entrega à professora, que posta no grupo da sala com autorização dos pais. Durante a festinha, os alunos podem colocar adereços, como óculos, chapéu e plumas, para tirarem fotos (numa cabine alugada para o evento), que podem ser levadas para a casa como recordação desse momento. Fotógrafos profissionais também atuam em eventos como campeonatos, festa junina, festa da família e desfile de Sete de Setembro - nesse caso, as fotos devem ser compradas pelos pais que o desejarem.

E porque uma medida tão radical, quis saber o repórter? “O celular estava atrapalhando a parte pedagógica (na sala de aula) e nos recreios restringia o convívio social entre os alunos”. Também foi uma forma de evitar comparações (“o meu é melhor do que o seu”) e outras situações constrangedoras, conclui Roseneia.

Enquete

Por coincidência, o vereador Fernando Chaves acaba de abrir uma enquete nas redes sociais para promover essa discussão com os resende-costenses; “ficou muito claro que existe a necessidade premente de encontrarmos melhores maneiras de lidar com o celular no ambiente escolar, promovendo um uso mais restrito e saudável desse meio de comunicação nas escolas”.

Ele parte do princípio de que a relação entre tecnologia e educação, bem como tecnologia e trabalho, tem sido intensamente discutida. “Por um lado, as novas tecnologias apresentam-se como ferramentas aliadas da busca pelo conhecimento e de melhorias no desempenho profissional. Por outro lado, também revelam seu lado perverso e, muitas vezes, atuam sabotando nossa capacidade criativa, nossa atenção e nossa disciplina para com as atividades profissionais ou estudantis.”

A discussão sobre o uso adequado das tecnologias nos ambientes escolares é similar à discussão sobre tecnologia no mundo do trabalho, observa. “Na escola, por se tratar de jovens, a gestão do uso de tecnologias é ainda mais importante, uma vez que é esperado dos jovens uma dificuldade maior para disciplinarem  o uso de ferramentas como o celular.” 

Clique aqui para acessar a enquete. 

 

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Na freguesia portuguesa de Lourosa escola sem celulares (telemóveis) 

 


   

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