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Banda de rock

14 de Julho de 2016, por José Antônio

Bandas de rock são cercadas por diferentes e curiosas lendas. Cá comigo, não sei se algumas histórias são verdadeiras ou apenas invenções para alimentar o folclore.

Quando os Beatles foram formados, eles tinham outro nome. Havia uma banda chamada The Crickets (“Os Grilos”) da qual eles gostavam muito. Os garotos de Liverpool também poderiam ter um nome que se aproximasse dos insetos. E aí veio um jogo com duas palavras: beetle, que significa “besouro”, e o verbo beat, que é “bater”. O negócio pegou: besouros que fazem uma nova batida... The Beatles. E os besouros criaram asas...

E os Ramones? O nome deles é uma homenagem ao Paul McCartney, que trocava seu nome para Paul Ramone quando os Beatles se hospedavam em hotéis nas suas turnês. Já o Ozzy Osbourne radicalizou: durante um show, um fã jogou um morcego no palco. Ozzy pensou que era de brinquedo e mordeu o pescoço do bicho. O vocalista foi parar no hospital pra tomar vacina, enquanto que o funeral do quiróptero foi realizado no dia seguinte. Dizem os bastidores que o Batman e o Drácula mandaram mensagens de condolências.

Depois que se aposentou, o Agnaldo Peixoto resolveu retomar alguns projetos abortados no passado. Um deles era o de reativar a antiga banda de rock, tempos de escola. Ligou para o Miranda, o Josafá e o Coelho, então integrantes da banda que debandou com o tempo. Agnaldo fez uma pregação, agora tinham tempo, não podiam desperdiçar talento... num papo de fazer inveja a vendedor de carro usado.

Marcaram a reunião para o sábado seguinte, na casa do Agnaldo. O anfitrião ainda tinha a bateria devidamente montada; Miranda chegou com o baixo, Josafá trouxe a guitarra e a voz; e o Coelho veio com uma novidade: um oboé.

– Aprendi a tocar quando morei na Índia. Vai ficar legal.

Banda de rock com oboé aprendido na Índia... Isso já foi o primeiro item da lenda da banda. Mas deixa pra lá... Pra que discutir logo no primeiro dia? Com o tempo, o Coelho guardaria o oboé na toca e voltaria para a guitarra de base.

 Resolveram desenferrujar os instrumentos. Posicionaram-se e mandaram um rock pesado. Agnaldo Peixoto surrava os tambores, Miranda rebaixava o baixo, Josafá berrava mais do que a guitarra e o Coelho tentava enfiar as notas do seu oboé da Índia naquele meio todo. Mais parecia um pato rouco tentando dar opinião numa discussão de cachorro grande.

Pararam no meio da música, cansados e desencontrados. Estavam velhos. O papo então descambou para as lembranças de ídolos do rock. Quem sabe, alguma inspiração poderia injetar sangue novo:

– Rick Wakeman... Rock progressivo, anos 70... Viagem ao centro da terra!

 – Pra nós, cinquentões, seria rock regressivo... “Viagem ao fundo da terra”... – era o Coelho jogando piadinha, talvez sensibilizado por fazerem pouco de seu oboé indiano.

 – Lembram-se do Max Cavalera? E a banda? Sepultura!!!

– Esse aí está bom pra nós... – de novo o Coelho, já sepultando o oboé no estojo.

 

Não sei se é verdade ou é lenda. Mas dizem que a conversa acabou em briga, com o Agnaldo Peixoto apertando o pescoço do Coelho. Ainda bem que não mordeu!

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