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Gravidez na adolescência

13 de Setembro de 2010, por Luiz Antônio Pinto

É muito comum nos depararmos com meninas adolescentes, nossas parentes, filhas ou simplesmente conhecidas, grávidas. E aí é um comentário geral. Engravidou cedo, a família não cuidou, faltou diálogo, entre  tantas outras observações. Mas o fato já aconteceu. E agora?

Uma vez conhecida a situação, o mais importante é cuidar daí para adiante. Cada vez mais a ocorrência de gravidez na adolescência tem aumentado. O que faz  com que este fato seja muito comum em nossa sociedade?

Várias são as explicações: famílias com pouco acesso aos meios de comunicação, carências em todos os sentidos  (lazer, trabalho etc.),  a imprensa, a televisão (com suas telenovelas) que estimulam a questão, pouco debate na sociedade, entidades que atuam na sociedade e que não veem a importância de discutir o tema, famílias desestruturadas etc.

Engana-se quem pensa que o problema ocorre mais entre famílias mais pobres. Sua ocorrência é generalizada. A diferença é que entre famílias de posse, o encaminhamento quase sempre é mais fácil.  Consultas, exames, tudo pode ser pago.

E aí vêm os problemas.

Todos nós sabemos que o corpo da mulher - menina, adolescente  - não está preparado fisicamente para a gestação. Sabemos também que no aspecto psicológico as meninas ainda estão em pleno desenvolvimento de sua personalidade. Sabemos ainda que a maior incidência de problemas na gestação acontece entre as gestantes novas - anemia, infecções, alterações de pressão arterial, partos prematuros etc.

Sabemos, por último, que a gravidez inesperada, nesta idade, vem, na maioria das vezes, atrapalhar a rotina normal do estudo das meninas. Assim, gravidez na adolescência é necessariamente um  problema. Cabe a nós - profissionais de saúde, autoridades, serviços de saúde (como, por exemplo, os PSFs), entidades de educação, ONGs,  instituições religiosas, entidades várias -, abordar a questão, sem medo, e procurar prevenir a gravidez em idade que não é adequada para ela.

Palestras, educação preventiva nas escolas, muito diálogo dentro da família, uso de preservativos e outros métodos contraceptivos orientados pelos pais, incremento em atividades culturais, de lazer etc.

A escola tem seu papel a cumprir. As instituições religiosas também têm seu papel. A família com certeza está no centro da questão. Não vale reprimir. O adolescente - menino ou menina - tem direito de receber todas as orientações sobre esta questão. É ilusão acharmos que o relacionamento sexual não acontecerá entre os adolescentes.

Os serviços de saúde deverão estar estruturados para isto - abordar os adolescentes ainda em casa, no sentido da orientação e da prevenção. Daí a importância do trabalho do  Programa de Saúde da  Família (PSF). Cada menina deverá ser orientada. Se o fato já estiver consumado, cada gestante adolescente deverá ser cuidada da melhor maneira possível, o mais precocemente possível.

Enfim, a gravidez na adolescência não é desejada e todos os meios deverão ser utilizados para preveni-la. Todos nós temos nossa parcela de responsabilidade no cuidado com essa questão. Todos nós, cidadãos e cidadãs.

Em tempo: agradeço à professora municipal, Suely Oliveira Lima, pela sugestão do tema. Ela está fazendo sua parte. Em seu trabalho de alfabetização de adultos, envolveu as acadêmicas do Internato Rural e está abordando a questão. Parabéns!

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