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As faces históricas dos carros elétricos

25 de Outubro de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio

Laura de Mello Alves Moreira*

Adriano Valério Resende**

Os carros ou veículos elétricos (VE) são aqueles que se movem à base de eletricidade, podendo haver, também, os modelos híbridos plug-in, que comportam tanto o motor a combustão interna quanto uma bateria recarregável por uma fonte externa. Embora muitos pensem que os carros elétricos sejam um avanço tecnológico atual, especialmente com a introdução da bateria do íon de lítio, eles existem há bem mais tempo e todo o conceito básico se mantém.

Historicamente, em 1885, tem-se a criação do primeiro carro movido a gasolina, criado pelo alemão Karl Benz: o Benz-Patent Motorwagen. Já em 1901, o norte-americano Thomas Edison, motivado pelo potencial dos veículos elétricos, criou a bateria de níquel-ferro em substituição à de chumbo e ácido, criada em 1859 pelo belga Gaston Planté. Assim, durante o início do século XX, três tecnologias rondavam o mercado automobilístico: vapor, gasolina e eletricidade.

A partir de 1912, nos Estados Unidos, os carros elétricos sofreram uma queda nas vendas em relação aos veículos movidos a combustão interna. Entre alguns motivos, é possível citar: a produção em série nas fábricas de Henry Ford, o que fazia seus carros ficarem pela metade do preço; em 1920, as rodovias do EUA já interligavam a maioria das cidades, o que demandava carros que percorressem longas distâncias; novas descobertas de petróleo no Texas, o que aqueceu o setor de transportes.

Ademais, é válido ressaltar que quase não havia circulação de pessoas e carros em estradas interioranas devido à falta de distribuição de pontos de recargas elétricas e de gasolina. E os carros movidos a combustão tinham, em termos de km/litro, maior performance do que os VEs. Além do mais, era mais simples comercializar combustíveis líquidos e, mesmo atualmente, a mecânica dos carros movidos a gasolina é mais fácil de ser compreendida do que a de motores elétricos.

A partir de 1960, os VEs voltaram a ser vislumbrados, visto que a questão ambiental passou a fazer parte dos debates sobre o consumo e geração de energia. No entanto, mesmo com a publicação do relatório “Os Limites do Crescimento” pelo Clube de Roma e a realização da Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente Humano, em 1972, alertando sobre o uso desenfreado dos recursos não renováveis, e a Crise do Petróleoem 1973, não foi possível competir com os carros movidos a gasolina.

Com as discussões ambientais nos anos 80 e 90 e a proposição da ideia do desenvolvimento sustentável pelo Relatório de Brundtland, os VEs se transformaram numa alternativa mais sustentável. Assim, por exemplo, no início dos anos 1990, legisladores da Califórnia definiram que as montadoras de carros deveriam oferecer carros elétricos aos consumidores. Mas, havia um movimento contrário, especialmente das empresas petrolíferas, como a Shell e a Exxon.

No final dos anos 90, foram lançados diversos modelos híbridos. Assim, em 1997, a Toyota lançou o Prius, um sedã híbrido de quatro portas, no mercado automobilístico japonês. No mesmo ano, a Audi lançou o Duo, o primeiro híbrido do mercado europeu, mas se revelou um fracasso. A Honda lança, em 1999, no mercado americano, o Insight, um híbrido que fez sucesso, além do Prius. Em 2003, a Honda lança o Civic híbrido, que se assemelha ao Civic convencional. Em 2004, a Ford lança um veículo esportivo utilitário híbrido, o Escape. Apontando os números, em 2009, as vendas dos híbridos atingiram 598.739 unidades, sendo 44% nos EUA, 41% no Japão e o restante na Holanda, Reino Unido e Canadá.

De acordo com relatório feito pela Agência Internacional de Energia, em 2021, houve um aumento de 65% na compra de veículos elétricos na Europa. Atualmente, eles respondem por 17% do mercado europeu, sendo, em sua maior parte, vendidos na Noruega e na Islândia. Atualmente, a China é o país que mais produz VEs no mundo: 6,8 milhões de unidades por ano. Destaca-se que o sucesso desses veículos nesses países é impulsionado por vários fatores, entre eles o apoio político com subsídios e incentivos.

Por fim, a perspectiva mundial em relação aos carros elétricos é positiva, visto que há necessidade de se preservarem os recursos naturais e diminuir a dependência energética em relação ao petróleo. No entanto, a popularização dos VEs ainda é um desafio.

 

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor CEFET/MG

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