Voltar a todos os posts

Calçamentos das ruas de Resende Costa (continuação)

24 de Maio de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio

Fotografia antiga dos Quatro Cantos, atualmente travessa entre a rua Assis Resende e as avenidas Monsenhor Nelson e pref. Ocacyr Alves de Andrade

Vamos continuar nossa conversa sobre os calçamentos das ruas de Resende Costa. Falamos que as primeiras ruas a serem pavimentadas foram as da área central (os Quatro Cantos e ruas Gonçalves Pinto, Assis Resende e Padre Heitor) e alguns acessos ao centro. O material utilizado eram pedras medianas de granito/gnaisse, ligeiramente arredondadas, comuns na nossa região. Cabe aqui um destaque sobre esses acessos. A rua Dr. Gervásio era calçada apenas no lado esquerdo de quem está descendo e a Ministro Gabriel Passos possuía pedras miúdas no lado direito e pedras maiores na esquerda. Como esse tipo de calçamento era irregular, o tráfego de pessoas a pé ou a cavalo e principalmente de carros de boi era dificultado.

A mudança do calçamento irregular no centro da cidade aconteceu em meados do século XX, na gestão do ex-prefeito doutor Costa Pinto, quando foram colocados os paralelepípedos de granito. Esse tipo de material, assentado nos anos 70, está ainda visível nas ruas José Jacinto, Joaquim Leonel, Joaquim Pinto Lara, Paulo Silva e partes da Moreira da Rocha. Destaca-se que os paralelepípedos da Rua Maria Cândida de Andrade (a rua da Prefeitura) foram trocados recentemente por bloquetes devido às deformações no calçamento original após a instalação da rede de esgoto. Já em outras ruas (Rua Sete de Setembro e partes das ruas Moreira da Rocha e Padre Alfredo), o calçamento foi encoberto com asfalto há pouco tempo. Registra-se que esse tipo de pavimento deveria ser mantido inalterado em nossa cidade, pois, além da significativa beleza, ele é histórico, pois representa um estilo de calçamento bastante utilizado no século XX, especialmente nas cidades coloniais mineiras.

Os locais de extração de paralelepípedos e de pedras para meio fio foram vários. O primeiro foi nas proximidades da Picada, na beira da estrada de terra para Coroas, de onde provavelmente veio o material da parte central. A partir dos anos 70, a extração foi feita nos terrenos do Antônio Salomão (bairro Mendes), do Agostinho (perto do Viegas), do João Moreto (perto do antigo Aterro Sanitário) e do bairro Nova Resende. Já os paralelepípedos utilizados no calçamento das ruas do distrito de Jacarandira vieram de pedreiras do município de Passa Tempo. Deve-se mencionar que atualmente a produção de paralelepípedos a partir do granito está rara em nossa região, uma vez que para retirada do material exige-se licença ambiental e registro na Agência Nacional de Mineração. Acrescenta-se ainda que na maior parte dos afloramentos de granito existente em nosso município, a rocha está sofrendo um processo de metamorfismo para o gnaisse (pedra utilizada na construção civil) e isso impede o corte retilíneo do material e, consequentemente, a confecção de paralelepípedos.

No final dos anos 70, no segundo mandato do ex-prefeito Ocacyr Alves de Andrade, ocorreu a substituição dos paralelepípedos do centro por um pavimento intertravado feito de concreto, o bloquete, que, na época, era sinônimo de modernidade. Parte dos paralelepípedos retirados foi transferida para a Rua Sete de Setembro e seu entorno. O calçamento com bloquete continua sendo realizado até hoje. Inclusive, há uma parceria entre a prefeitura e a Secretaria de Segurança Pública para a produção do mesmo pelos detentos no presídio de Resende Costa. Cabe ressaltar que a qualidade do material usado na fabricação dos bloquetes é importante. A utilização de cascalho em substituição à brita como agregado no concreto não se mostrou eficiente, uma vez que os bloquetes feitos com esse material quebram mais rapidamente.

Outros dois tipos de calçamentos comuns em nossa cidade são as pedras miúdas (pedras quebradas de gnaisse, as mais comuns, ou de granito) e o asfalto. Esse último tem sido bastante utilizado recentemente, especialmente no recobrimento do calçamento de pedras (paralelepípedos ou pedras miúdas). O que aos olhos de alguns moradores é um benefício, ao longo do tempo não é tão vantajoso para a prefeitura. Ficamos com a frase do promotor Marcos Paulo Miranda sobre o asfalto: “(...) sob a ilusória sensação de modernidade e progresso, homogeneízam a paisagem primitivamente pitoresca de nossas urbes, descaracterizam a ambiência do sítio, violam as heranças do passado e agravam os problemas ambientais.”

 

(Falaremos mais sobre esses calçamentos na próxima edição).

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário