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Calçamentos das ruas de Resende Costa

26 de Abril de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio

Rua Assis Resende, fotografia do início do século 20 (foto arquivo Coleção Lajeana)

Adriano Valério Resende

 

Em nossa Resende Costa, coexistem quatro tipos de revestimentos nas ruas: paralelepípedos de granito, bloquetes de concreto, pedras quebradas de gnaisse e asfalto. Os calçamentos se misturam, não havendo uma continuidade estética na cidade. Vejamos um pouco de história sobre esse processo.

A pavimentação de estradas é um procedimento bem antigo, que visava a facilitar o tráfego de pessoas, animais e veículos motorizados ou não. Segundo consta, a primeira estrada pavimentada foi construída no Egito para melhorar o acesso às obras das Grandes Pirâmides. Os romanos se aperfeiçoaram na pavimentação de estradas para fins comerciais e militares e também no calçamento de ruas. Também é dos romanos o relato da existência das primeiras vias de mão única, de estacionamento para carroças e até proibições de tráfego de veículos na Roma antiga.

Na América do Sul, o povo Inca foi o primeiro a fazer a pavimentação de estradas, principalmente na parte montanhosa. No Brasil, a primeira via a ser pavimentada, por meio de concessão, foi a chamada Estrada União e Indústria, em 1861, que ligava o Rio de Janeiro, então capital, até Juiz de Fora. Esse também foi o primeiro trecho a ser asfaltado, já em 1928.

As vias urbanas brasileiras no período colonial eram de terra batida. Assim, os calçamentos foram feitos para evitar poeira, barro e buracos. Destaca-se que o material utilizado para o calçamento de algumas vilas litorâneas importantes era proveniente de Portugal. No entanto, o seu transporte para o interior de Minas Gerais ficava inviável.

Os primeiros calçamentos nas vilas mineiras aconteceram na segunda metade do século XVIII. Os materiais utilizados eram, na maioria, pedras arredondadas, que variavam de tamanho: pequenas e médias. Provinham, principalmente, de fundos e margens de rios, os seixos rolados, ou de alguma pedreira local. A técnica era simples, as pedras maiores eram assentadas no solo aplainado e aparelhadas na medida do possível. Os seixos rolados menores, chamados de pé de moleque ou cabeça de negro, eram colocados de forma contígua. Além dos mestres pedreiros, a mão de obra operacional era predominantemente escrava e as ferramentas utilizadas eram picaretas, enxadas e pás. O transporte das pedras era feito em carros de boi.

Em algumas ruas, o destaque era a existência de uma área mais baixa ou uma canaleta calçada na parte central, cuja função era fazer o escoamento da água da chuva, como vemos hoje em Paraty. Em Resende Costa do início do século XX, a rua Assis Resende tinha calçamento apenas na parte central, para escoamento da água da chuva (foto abaixo).

Na segunda metade do século XIX, aconteceram mudanças nos calçamentos. Nas cidades mais movimentadas, como Diamantina e Ouro Preto, foram colocadas lajotas de pedras planas e regulares (geralmente de quartzito) no centro das ruas para facilitar a circulação de pessoas, as chamadas capistranas. Outro fato foi que o calçamento colonial começou a ser substituído por paralelepípedos, que eram pedras cortadas, planas e lisas. Esses eram considerados mais modernos e estavam na moda na Europa. Eram chamadas de “pedras casadas”, pois eram mais regulares e davam um visual melhor para as ruas. Isso aconteceu principalmente em Ouro Preto, Mariana e São João del-Rei, cidades onde esse calçamento perdura até hoje.

Como em toda pequena cidade, as primeiras vias calçadas de Resende Costa estavam na parte central: rua Gonçalves Pinto, os Quatro Cantos, rua Assis Resende, rua Padre Heitor e partes dos acessos ao centro, como a avenida Ministro Gabriel Passos e a rua Dr. Gervásio. O material utilizado eram pedras medianas de granito/gnaisse, ligeiramente arredondadas, comuns em nossa região. O calçamento era irregular, o que dificultava o tráfego de pessoas e carros de boi. Provavelmente, em meados do século XX, o pavimento da parte central da cidade começou a ser substituído para paralelepípedos de granito. Alguns exemplares ainda estão visíveis na cidade: partes das ruas Moreira da Rocha e José Jacinto.

 

(continua na próxima edição)

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