Voltar a todos os posts

Os carros elétricos no Brasil

22 de Novembro de 2023, por Instituto Rio Santo Antônio

Laura de Mello Alves Moreira*

Adriano Valério Resende**

Apesar dos carros híbridos e/ou elétricos (VE’s) não serem tão consolidados no país, a expansão do mercado nacional já é uma realidade. No entanto, mesmo que seja vantajoso para o meio ambiente, há fatores que dificultam sua maior difusão.

Primeiramente, vamos apresentar alguns dados importantes. O Brasil possui a 4ª maior malha rodoviária do planeta, com quase 1,8 milhões de quilômetros. As rodovias são fundamentais para o transporte de mais de 60% das mercadorias e a movimentação de 90% dos passageiros. Dentre os estados, Minas Gerais e São Paulo possuem as maiores malhas viárias. Segundo as estimativas, há mais de 100 milhões de veículos em circulação no Brasil, e esse número vem aumentando a cada ano. Diante desses dados, tem-se ideia da dimensão do consumo de combustível fóssil para movimentar esses veículos.

O Brasil é o sexto país em consumo de energia, ficando atrás de China, Estados Unidos, Índia, Rússia e Japão. Especificamente sobre a energia elétrica, em 2022 tínhamos a sexta maior capacidade de geração instalada, com 189 GW, e éramos o quinto país em consumo. Outro dado interessante: 63% desse tipo de energia é de origem hidráulica e menos de 15%, de origem fóssil. Portanto, a matriz elétrica brasileira é predominantemente renovável: hidráulica, solar, eólica e biomassa.

Pensando nos VE’s, o fato do país utilizar muito o sistema rodoviário faz com que esse modelo seja uma alternativa para o transporte de pessoas. Além do mais, o aumento do número de automóveis em circulação irá demandar uma quantidade significativa de energia, o que torna estratégica a adoção de VE’s em substituição aos veículos de combustão interna.

Historicamente, o Brasil já tentou produzir carros elétricos em larga escala no final dos anos 70, motivado pelas crises do petróleo de 1973 e 1979. A empresa automobilística Gurgel S/A., em parceria com Furnas Centrais Elétricas S.A., desenvolveu dois modelos elétricos: o Itaipu Elétrico e o Itaipu 400. Contudo, não ganharam espaço no mercado devido à cultura de se usar carros a combustão, além do alto custo e baixo incentivo por parte do governo.

Em 1975, o governo lançou o Programa Nacional do Álcool (Proálcool), que concedeu incentivos fiscais aos produtores de cana-de-açúcar e às indústrias automobilísticas que desenvolvessem carros movidos a álcool. Em 1983, dos carros em circulação, cerca de 84% eram movidos a álcool. Mas, a partir dos anos 90, com o corte dos subsídios estatais, sua produção ficou prejudicada. Já em 2003, a Volkswagen lançou o primeiro carro “flex” ou bicombustível (movido a álcool e a gasolina) do país, o Gol 1.6 “Total Flex”. Atualmente, 83% dos veículos novos vendidos e quase 90% da frota de automóveis e comerciais leves são flex. Isso evidencia que esse tipo de automóvel foi bem aceito pela população, o que mostra que as pessoas têm aceitado bem as inovações no mercado automobilístico.

Destaca-se que, na atualidade, as empresas BMW, Toyota e Caoa Chery montam carros híbridos (motor a combustão interna ou elétrico) e híbridos leves no país. Recentemente, a empresa BYD, a maior fabricante de carros da China, anunciou que pretende realizar todos os processos de fabricação de VE’s em solo brasileiro. A fábrica será na Bahia, aproveitando a estrutura deixada pela Ford.

Os preços dos carros híbridos no Brasil estão na faixa de 150 mil a 300 mil reais, enquanto um carro popular movido a combustão custa em torno de 80 mil. As dificuldades previstas para se ter um VE são, além do alto preço, a não realização de longas viagens e a incógnita com relação à compra/venda de um veículo usado. Ademais, de acordo com a Associação Brasileira do Veículo Elétrico (ABVE), a frota circular de híbridos subiu para 2,5% do total em 2022, representando 126.504 unidades. Embora seja expressivo, ainda é uma porcentagem pequena perto de países desenvolvidos.          

Por fim, os carros híbridos e elétricos no Brasil já são uma realidade e se apresentam como uma alternativa interessante, especialmente nos quesitos energético e ambiental.  Entretanto, ainda há algumas questões pendentes, em especial os incentivos governamentais, que são essenciais para a redução dos preços desses carros, e a necessidade de aumentar e diversificar a geração de energia elétrica.

 

*Aluna do Curso Técnico de Meio Ambiente – CEFET/MG

**Professor - CEFET/MG

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário