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A majestade, o Sabiá

20 de Fevereiro de 2017, por Maria de Fátima Albuquerque

A majestade, o Sabiá!

Um dia ELE chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar e se instalou em nossa varanda. Com a permissão de Chico Buarque inicio este texto utilizando um verso de sua música “Valsinha”. E não é que ELE se apossou de nossa varanda como se estivesse dançando uma valsa? 

E se eu disser que ELE chegou com seu canto doce como se de sua boca pingasse mel? Neste caso eu peço permissão a Paulinho Pedra Azul por utilizar palavras da música “Bem Te Vi”.  

Escolhi o tema deste mês homenageando o pássaro lindo que veio morar em nossa casa durante as minhas férias e que, com seu jeito de dançarino e com um canto doce, começou a fazer seu ninho lá na varanda, bem em cima de uma das pilastras.   

 Acompanhei deitada preguiçosamente em uma rede, as idas e vindas da fêmea do sabiá durante a execução do seu ninho. Apelidada por mim de “Cinderela”, com a ajuda do parceiro, utilizou gravetos, capim, barro e assim foi indo até ficar pronto o berço que seria o lar de seus filhotes. Longe do vento e dos predadores, lá ficou o ninho até a volta de sua dona para botar, com cuidado, três ovos. Passados alguns dias, nasceram os tão esperados bebês que foram alimentados com muitas minhocas e, após alguns dias, toda a família foi-se embora sem se despedir de mim.

 Como nunca havia me aprofundado nos hábitos deste pássaro, considerado a AVE SÍMBOLO DO BRASIL e tão lembrado por nossos poetas e músicos, resolvi expor algumas de suas características e hábitos, com o intuito de conscientização da importância da preservação de nossa fauna silvestre.

O Sabiá é uma ave comum na América do Sul e o mais conhecido de todos é o Sabiá-laranjeira, identificado pela cor de ferrugem do ventre, bico amarelo escuro e por seu canto melodioso durante o período reprodutivo. No Brasil ele é mais conhecido na região Sudeste, mas também está presente do Maranhão ao Rio Grande do Sul, sendo mais numeroso no Nordeste. Tem uma enorme quantidade de denominações populares, entre eles, sabiá-cavalo, sabiá-ponga, sabiá-de-barriga-vermelha e outras.

Medindo em torno de 25 centímetros de comprimento, o macho pesa 68 gramas e a fêmea 78 gramas. O canto se assemelha ao som de uma flauta, acontecendo principalmente ao alvorecer e ao entardecer, servindo para demarcar território e, no caso do macho, para atrair a fêmea.  

Sua alimentação é basicamente de insetos, larvas, minhocas e frutas maduras, incluindo o mamão, a laranja e o abacate. Ele se alimenta também de coquinhos de várias espécies de palmeiras, cuspindo os caroços destas plantas e, assim, contribuindo para a dispersão de todas.

O ninho do Sabiá é feito entre setembro e janeiro, geralmente entre arbustos, árvores de folhagem densa ou bananeiras, empregando fibras e gravetos ligados por um pouco de barro em um formato de tigela funda. Por dentro é revestido de capim e partes de flores.

A fêmea choca até três vezes por ano e em cada postura bota de três a quatro ovos, de coloração verde azulada com manchas cor de ferrugem. O período de incubação dura por volta de treze dias e macho e fêmea se revezam na construção do ninho e na alimentação dos filhotes, que, em três semanas, podem deixar o ninho, podendo viver na natureza por até dez anos.

Imortalizado na “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias, o Sabiá que canta em minha TERRA DE PALMEIRAS foi também homenageado por Luiz Gonzaga na música “Sabiá”, por Angelino de Oliveira em “Tristeza do Jeca” (interpretada por Tonico e Tinoco e outros), por Vieira e Vieirinha, em ”Recortado Paulista”, por Góia  em “Saudade da Minha” (interpretada por Sérgio Reis, Chitãozinho e Xororó e outros), e por Chico Buarque e Tom Jobim, em “Sabiá”, dentre outros artistas.

E, finalmente, ao utilizar como título deste artigo o nome da música de Roberta Miranda, termino pedindo a permissão desta cantora para “QUERER UMA REDE PREGUIÇOSA PRA DEITAR, EM MINHA VOLTA SINFONIA DE PARDAIS CANTANDO PARA A MAJESTADE, O SABIÁ”.   

                        

 

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