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A trágica eliminação na Copa do Mundo Feminina 2023, a despedida de Marta e o começo de mudanças necessárias

23 de Agosto de 2023, por Vanuza Resende

Havia um bom tempo em que eu não chorava por futebol. Acredito que o trabalho na área vai nos deixando mais acostumados com os resultados bons e ruins, para um lado e para o outro. Na Copa de 2023, eu chorei. Chorei de emoção com os quatro gols da vitória expressiva no primeiro jogo... e chorei igual criança com a eliminação do Brasil. O choro tomou conta com as entrevistas, em especial a da Marta.

O choro veio porque a Copa do Mundo de Futebol Feminino vai além de gols e das vitórias. É uma celebração de empoderamento, de satisfação e de imaginar tudo o que as jogadoras passaram para representar as suas nações em palcos globais. É se deliciar com os trocadilhos e não tirar da cabeça que a capivara é melhor do que o canguru!

Uma das principais narrativas que emergiram da Copa do Mundo Feminina de 2023 foi a participação da torcida. As arquibancadas ecoaram com a voz apaixonada e fervorosa dos fãs, não apenas nas finais emocionantes, mas em cada jogo. A torcida foi o coração pulsante do torneio, demonstrando um apoio às equipes femininas, que muitas das vezes não acontecia.

O Brasil caiu cedo demais. Acompanhando as análises de quem assiste ao futebol feminino muito mais do que eu, não tive dúvidas: a técnica da seleção, a sueca Pia Sundhage, não entrou em campo, mas foi uma das grandes responsáveis pela nossa eliminação. Da convocação, que já disse por aqui, ter sido contestada, até o jeito de agir na beira do gramado. Faltou muito!

E se saímos antes do que queríamos e merecíamos, fica o discurso de Marta – a atleta da qual talvez eu mais tenha orgulho no mundo esportivo – de que é preciso continuar. Continuar a apoiar, torcer, acompanhar e cobrar!

Tivemos progressos, mas é importante lembrar que a jornada para a igualdade de gênero no esporte ainda tem obstáculos a serem superados e que Marta se aposentou da seleção sendo a melhor do mundo por mais vezes na história, entre homens e mulheres, com as chuteiras sem patrocínios, por não aceitar a desigualdade de salários e valores oferecidos às atletas para ostentarem as marcas!

Salários desiguais, menos visibilidade em comparação ao esporte masculino e estereótipos persistentes continuam a desafiar a participação feminina plena e justa. No entanto, a Copa do Mundo Feminina de 2023 deu um passo significativo em direção a uma nova realidade.

A envolvente torcida e a valorização das atletas não apenas enriqueceram o torneio, mas também enviaram uma mensagem poderosa: a era do esporte feminino subestimado e subvalorizado está se dissipando. À medida que a sociedade continua a abraçar e apoiar o talento e a paixão das mulheres no esporte, o choro pode até continuar a vir. Mas será um choro diferente. Para 2027, que sejam lágrimas por mais conquistas, em especial a conquista da primeira estrela!

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