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Na torcida pelo título da Copa do Mundo e pela luta de classes

26 de Julho de 2023, por Vanuza Resende

Talvez em outro momento eu começaria o texto escrevendo: em 2023, teremos uma Copa do Mundo sim, a feminina. Como se a maioria dos leitores não tivesse se atentado aos fatos. Mas hoje eu quero só dizer que, apesar dos pesares e da convocação muito contestada da treinadora da seleção brasileira feminina, Pia Sundhage, eu acredito (e estou torcendo MUITO para isso) que comemoremos um título da Copa do Mundo, que todos sabem que vamos disputar. E aí, a minha torcida é pelo título e pelo conhecimento dos brasileiros.

A seleção brasileira feminina de futebol voou mais de 15 mil quilômetros até a Austrália, e na terra dos cangurus vai disputar uma Copa do Mundo. E, quem sabe, mostrar que somos sim um potência futebolística feminina. Eu ainda nos considero uma potência, ainda que quase me convenceram outro dia quando ouvi que “potência que é potência não fica mais de duas décadas na fila”.

O que eu espero dessa Copa? Um show da Ary Borges, uma despedida emocionante da maior do mundo por seis vezes. Uma classificação em primeiro lugar no grupo do Panamá, França, e Jamaica. No entanto, mais do que isso, espero realmente que os comentários sejam: para tal posição seria melhor levar fulana, ou ainda: ela é matadora mesmo. E que a gente desbanque quem tiver que ser desbancado para conseguirmos finalmente o título tão esperado.

Esta é a oitava edição do campeonato, que teve início no ano de 1991, na China. E eu sei que as partidas não vão despertar a mesma comoção ou parada na vida social que se dá quando da Copa do Mundo de futebol masculino, mas ouso dizer que o interesse de ver os jogos com a mulherada em campo está crescendo. E isso não se dá somente pelas gingadas de bola que ainda focam nos dribles e toques, coisa que faz algum tempo que o futebol masculino vem perdendo: é pela torcida também.     

O futebol feminino tem evoluído muito dentro de campo, porém ainda é na marra que consegue os holofotes da grande mídia. E não vale dizer que é porque não tem interesse. Clássicos no Brasileirão Feminino lotaram os estádios, e contra público não há argumento.

Eu espero que as meninas sigam jogando de forma tão bonita, e que Deus – que acredito ser mesmo brasileiro – abençoe as jogadas de Marta, quando ela for acionada, ainda que no segundo tempo, sem se esquecer das cabeçadas da Bia Zaneratto e da Debinha. Que Tamires e Bruninha apareçam sempre e que a gente jogue com coragem, mobilização e consciência de que o foco também é a luta de classes. Bora, Brasil!

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