Cenário político e econômico sombrio em 2016


Economia

André Eustáquio/Emanuelle Ribeiro0

Avenida Alfredo Penido, principal área do comércio de artesanato de Resende Costa. Foto Emanuelle Ribeiro

A crise econômica que tirou o sono dos brasileiros em 2015 tende a se agravar em 2016.

2015 não foi um ano bom para o Brasil, que começa 2016 em situação de alerta. O país está vivendo uma das piores crises econômicas de sua história. Na política, o quadro é ainda mais assustador: corrupção envolvendo líderes dos principais partidos políticos e executivos de grandes empresas, o governo que não consegue se articular e dialogar com o Congresso e com isso não põe em prática as medidas necessárias para superar a crise econômica.  O desemprego e a volta da temida inflação são os principais efeitos da crise que tirou o sono dos brasileiros em 2015.

Quais os efeitos desta crise nos municípios de médio e pequeno porte, onde a geração de emprego e investimentos em infraestrutura dependem muito do poder público? Em Resende Costa, município com população estimada em 11.478 habitantes, a principal fonte de renda é o comércio de artesanato que emprega, sobretudo, jovens que estão se iniciando no mercado de trabalho. De acordo com o prefeito municipal Aurélio Suenes, a crise econômica atingiu o município e vem comprometendo importantes investimentos: “A crise econômica que assola o país tem afetado diretamente as finanças das prefeituras. A estagnação da economia e a volta da inflação reduzem os repasses constitucionais e comprometem a prestação de serviços à população. O agravante é que as despesas tendem a aumentar, justamente por causa da inflação, e a arrecadação não acompanha na mesma proporção. Essa situação já vem acontecendo há anos e teve maior intensidade no ano de 2015. Vários municípios não conseguiram fechar as contas, atrasaram pagamentos de funcionários e fornecedores e tiveram que reduzir a prestação de serviços para a população”.

Aurélio Suenes é pessimista em relação a 2016 e atribui parte do problema à crise política que o país vem sofrendo: “Infelizmente as perspectivas para 2016 são ainda piores. O Brasil vive uma crise política e econômica e investidores não confiam no governo. Por isso não arriscam novos investimentos”. Em relação à situação financeira do município, o prefeito diz estar em alerta e não descarta tomar “medidas de precaução”, se necessário: “Em Resende Costa, a administração municipal está em constante alerta e acompanhando mês a mês a situação das finanças, para não perder o controle. Conseguimos passar o ano de 2015 sem maiores problemas, mas não foi fácil. Tivemos que tomar medidas de precaução. Outras medidas poderão ser tomadas ao longo do ano, tudo dependerá da evolução do quadro econômico. Apesar de tudo, a administração vem apresentando bons resultados, graças às parcerias e ao bom trabalho desenvolvido por toda equipe da prefeitura”.

 

Artesanato

O artesanato, principal fonte de renda do município, sofreu com a queda das vendas em 2015, conforme avaliou o empresário e consultor da Asseturc (Associação Comercial e Turística de Resende Costa), Edmar Assis: “O ano foi abaixo das nossas expectativas, não que tenha sido de todo ruim, porém esperávamos uma crescente como em outros anos. Não tivemos uma boa perspectiva de melhora em nenhum momento do ano”.

De acordo com o empresário, o comércio local foi afetado pela circulação de cheques sem fundo e inadimplência, além da diminuição das vendas. Edmar é otimista e acredita que 2016 será melhor: “Como todo brasileiro, acredito na melhora da economia nacional. Temos que ser otimistas e é este o sentimento que tenho para 2016. Esperamos crescimento nas vendas, cerca de 30% em relação ao último ano”.

 

O otimismo de Edmar destoa, porém, da previsão da maioria dos especialistas em finanças, que recomendam cautela.  De acordo com economistas, o momento não é propício para a realização de grandes investimentos, pelo contrário, será preciso adiar decisões estratégicas para expansão dos negócios, pelo menos até se ter uma visão mais clara do que está por vir. O mercado prevê para este ano mais inflação e contração maior da economia.

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