De quem é a culpa pelo atentado à democracia brasileira?


Editorial

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Domingo, 8 de janeiro de 2023. Essa data não pode, jamais, ser esquecida pelos brasileiros. Por todos os brasileiros de bem!

No decorrer daquela que seria uma tarde por muitos despretensiosa, uma simples tarde de domingo, o país foi surpreendido por cenas estarrecedoras divulgadas ao vivo pelos canais de TV: vândalos terroristas da extrema direita bolsonarista invadiram a Praça dos Três Poderes em Brasília (DF), transformando-a em campo de batalha. Os históricos prédios do Congresso Nacional, do STF e o Palácio do Planalto, marcos da arquitetura de Oscar Niemeyer, foram saqueados e destruídos durante uma tentativa brutal e malfadada de derrubar a democracia. A invasão golpista de Brasília, além da destruição de prédios públicos históricos, deixou fissuras profundas na democracia brasileira, tão arranhada nos últimos anos de um governo truculento e vocacionado ao autoritarismo.

No momento, enquanto setores da inteligência da Polícia Federal trabalham incansavelmente na identificação dos terroristas e vão à caça de quem, sobretudo, arquitetou e financiou a barbárie, uma conclusão torna-se consensual: se houve um culpado político, não há dúvida de que se trata do último governo que findou no dia 31 de dezembro de 2022.

Não, Jair Bolsonaro não estava no Brasil no dia 8 de janeiro de 2023. O ex-presidente encontrava-se nos Estados Unidos, longe da manifestação bárbara que pretendia usurpar o poder de um governo eleito limpa e democraticamente pela vontade de milhões de brasileiros.

Onde encontrar, então, a culpa do ex-presidente nos atos golpistas do 8 de janeiro? Vamos encontrá-la nos discursos negacionistas proferidos pelo então mandatário contra a ciência no auge da pandemia, nas zombarias dele referindo-se aos brasileiros que sofriam os sintomas graves da Covid-19 nas UTIs lotadas Brasil afora, nos questionamentos absurdos em desfavor do processo eleitoral brasileiro, nas constantes e raivosas críticas aos ministros do STF, à imprensa e ao Congresso Nacional e, por fim, na resistência dele em aceitar o resultado das urnas, incitando direta ou indiretamente seus apoiadores mais radicais a fazerem o mesmo.

Tivesse o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro - numa atitude madura e honrosa, a qual se espera de um verdadeiro estadista - aceitado o resultado das urnas, desejando sorte ao candidato eleito, deixando, assim, uma mensagem de conciliação e pacificação ao povo brasileiro -, a barbárie do dia 8 de janeiro de 2023 provavelmente não teria acontecido. Evitar-se-ia um episódio de violência que envergonhou os brasileiros de bem ante a opinião pública do mundo inteiro.

Felizmente, a reação das autoridades foi rápida ao coibir a tentativa golpista, além de identificar e prender os terroristas. Espera-se que os responsáveis sejam exemplarmente punidos nos rigores da lei, pois Brasília e os brasileiros de bem ainda choram perplexos a destruição do rico acervo patrimonial dos prédios invadidos. No entanto, comemoramos a resistência da democracia. Em meio a cacos e ao caos deixado pelos bolsonaristas radicais, a democracia brasileira sobreviveu e ergueu-se ainda mais forte.

Triste ver a bandeira nacional e a camisa da nossa seleção serem usurpadas em atos de ignomínia por terroristas e baderneiros que se dizem patriotas. Eles não são patriotas, tampouco representam uma gigantesca população de bem. São criminosos que desejam somente disseminar a barbárie, o ódio e o autoritarismo.

Quem inspira esses radicais loucos e, portanto, traz consigo a culpa política pela depredação dos prédios públicos e pelo atentado contra a democracia? A identidade do guru (mito) estava estampada em fotos e letras garrafais nas camisas dos terroristas criminosos.

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