EDUCAÇÃO E TECNOLOGIA: Equipe de robótica de S. Tiago, pronta para voltar às competições


Educação

José Venâncio de Resende0

Rafael e Matheus, no projeto desde 2019 e prontos para novos desafios.

A equipe de robótica da Escola Estadual Afonso Pena Junior, de São Tiago (MG), prepara-se para novos desafios em 2023, retomando o ritmo intenso anterior à pandemia. Afinal, foram 33 medalhas conquistadas até 2019, sendo 13 de ouro, 13 de prata e 7 de bronze, nas categorias “resgate”, “dança” e “soccer”.

O “Projeto de Robótica Educacional: Café-com-Byte”, que existe desde 2010, não faz parte da grade curricular da escola, o que demanda envolvimento extra dos alunos e acompanhamento dos pais. A ideia surgiu quando dois alunos se interessaram por uma reportagem sobre um campeonato de robótica do IFET (Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia) e de escolas particulares em Varginha (MG).

Então, os alunos sugeriram ao professor de física, Ronaldo Antônio de Castro, participar do certame. Mas havia um problema: falta de dinheiro. Persistentes, os alunos montaram o primeiro robô de sucata; a esta altura já havia quatro alunos. Assim, a equipe participou da etapa mineira da OBR (Olimpíada Brasileira de Robótica), quando conseguiu a primeira medalha de ouro na categoria “resgate” (ensino médio). Esta conquista credenciou a equipe a participar da LARC (Competição Latino Americana de Robótica) que aconteceu em São Bernardo do Campo (SP).

O resultado entusiasmou os alunos a continuarem com a equipe, conta a atual coordenadora do projeto, professora Antônia Beatriz de Oliveira Silva, mais conhecida por Bia. Hoje, a equipe é formada por 28 alunos sob a coordenação, além de Bia, dos professores Francismar Elder dos Passos (química) e Francisco Herbert Assis (educação física). Aqui aparece a primeira característica da equipe: não necessariamente o professor precisa entender de robótica. “Hora nenhuma o professor programa nada para os alunos”, observa Bia.

Competições

Ao longo do tempo, outros alunos foram sendo incorporados à equipe, por meio de processo natural (convite). Em 2011, por exemplo, foram duas equipes de quatro alunos cada uma a participar da etapa mineira da OBR em Lavras (MG). No mesmo ano, cinco equipes no total de 28 alunos disputaram a Competição Brasileira de Robótica (CBR) em São João del-Rei. Foram seis medalhas no mesmo ano: ouro e bronze na categoria “resgate” (respectivamente ensinos fundamental e médio); prata e bronze na categoria “dança” (fundamental e médio pela ordem); e pratas nas categorias “resgate” e “soccer” (ambas, ensino médio).

Para efeito de melhor compreensão, na categoria “resgate” o robô precisa vencer obstáculos de diferentes tipos para resgatar uma vítima (antes, seguia uma linha feita com fita isolante, agora esta linha vem impressa em preto numa grande folha branca); na “dança”, há interação entre robô e humano (sob determinadas regras como tempo, organização etc.); e a “soccer” é futebol de robôs (dois jogadores por time: goleiro e atacante).

Outro destaque foi a presença na Robocup do México em 2012, proporcionada pela prata na categoria “dança” e pelo fato de a escola ter sido considerada a melhor do país, de acordo com parâmetros definidos pela revista Veja, conta Bia. Isto fez com que a Secretaria Estadual da Educação custeasse a viagem. Foram seis alunos que ganharam os prêmios “Best Programming” e “Super Team” (numa interação com alunos alemães e chineses).  “As outras viagens dos alunos para participar de competições são todas pagas pela prefeitura municipal”, diz Bia.

Em 2012, a equipe participou da LARC em Fortaleza (CE) graças à “sobra” do dinheiro da viagem ao México. Mas não esteve presente nas competições Robocup de 2013, 2015, 2016, 2018, 2019 e 2020, apesar de classificada, por falta de recursos. “Na pandemia, os meninos perderam o entusiasmo, mesmo participando virtualmente”, conta Bia. Ficou nítido a falta que faz a troca entre os pares, proporcionada pela presença física. 

Um salto qualitativo foi dado em 2017 com a introdução do processo seletivo na escolha dos alunos, feito no oitavo ano (dois anos depois de os alunos se transferirem para a escola). A equipe visita as salas de aula para apresentar o projeto, inscreve os interessados, há uma prova de raciocínio lógico, os selecionados são submetidos a entrevista, seguida de aula prática e reunião com os pais para explicar o funcionamento (atividades extraclasse, viagens etc.).

A grande maioria dos alunos que participam da equipe de robótica é bem-sucedida na aprovação em cursos superiores da área (ciências da computação, TI etc.), segundo a professora Bia. Um dos dois primeiros alunos do projeto, Rodrigo Caputo, é voluntário da equipe; aliás, vários alunos tornam-se voluntários.

Retomada

Na retomada pós-pandemia, em 2022, a equipe participou da OBR em Araxá (MG), mas decidiu não ir à LARC (que é opcional) porque os alunos consideraram que não estavam preparados. Mas em 2023 os alunos Rafael Tiago B. do Vale e Matheus Andrade Rios, desde 2019 no projeto, estão animados e prometem voltar aos tempos anteriores à pandemia, sempre com foco na LARC. Uma das primeiras tarefas deles este ano será a de conduzir a seleção dos novos alunos para compor a equipe; experiência pra isso eles possuem, pois já participaram de dois processos seletivos.

Em outro front, a equipe coordenadora continua na maratona para superar as dificuldades: falta de recursos financeiros e de espaço físico adequado e principalmente o reconhecimento do projeto. O desafio da equipe, encampado pelos coordenadores, é recuperar o ritmo anterior à pandemia e participar de todas as competições. 

    

 

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