Estudantes transformam São João del-Rei em lar


Cidades

Julia Benatti0

Deixar a casa dos pais é um desafio e uma aventura que muitos jovens decidem enfrentar para estudar e buscar melhores oportunidades. A Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ) atrai quase dois mil novos alunos por ano, que movimentam a economia local e buscam transformar a cidade turística em lar.

Todos crescem ouvindo “O que você vai ser quando crescer?” e, por mais simples ou complicada que seja a resposta, nunca é tão difícil quanto dar o próximo passo: seguir esse sonho, mesmo que isso implique em começar uma nova vida. Deixar a família, amigos e o lar para trás significa muito mais do que não sentir mais o cheiro do almoço da mãe, ou não comemorar os aniversários com a família. Significa participar sem estar presente, celebrar por Facebook e chorar sem colo. Por mais difícil que seja tudo isso, é a escolha que muitos estudantes fazem para poder ser o que querem quando crescerem.

A busca pela independência e a curiosidade de conhecer novos lugares, novas pessoas, encorajam os jovens a deixarem o conforto de casa e seguirem em frente. No entanto, muitas vezes isso não é o bastante e muitos voltam atrás. Iolanda Pedrosa é estudante de jornalismo, mudou-se para São João del-Rei quando tinha dezoito anos e vai para casa quando tem oportunidade, já que de ônibus a viagem pode durar até 10 horas. Ela afirmou que a vontade de abandonar tudo é normal: “Todos já pensaram em desistir um dia, nem que fosse por um instante. São João del-Rei me motivou a ficar (...) e hoje acho que criei raízes na cidade”.

São João del-Rei também teve que se transformar para receber os estudantes. Segundo pesquisa realizada pelas professoras do curso de Economia, Aline da Cruz e Daniela Torres, e bolsistas, a maioria dos alunos da UFSJ depende de mesada dos pais e preferem morar em repúblicas por ser mais econômico. Daniela afirma que além do problema da moradia, o alimentício também é afetado pelos estudantes: “Eles fizeram com que os preços se equalizassem, já que os alunos buscam sempre os lugares mais baratos.” Ela ainda destaca como é importante a harmonia entre a cidade e os seus novos habitantes: “As festas (organizadas pelos alunos) constituem uma forma de interação. Porque eu acredito que a sociedade sanjoanense não nega mais a importância da UFSJ dentro da cidade”.

Mesmo com todas as dificuldades e a saudade, morar em uma nova cidade e começar uma nova vida pode ser revigorante e educadora, além de ser um preço relativamente baixo para se realizar um sonho. Iolanda garante que sair da casa dos pais é uma boa decisão: “Toda experiência é válida. Morar longe de casa tem seus pontos positivos e negativos, mas acredito que você mesmo fazer os seus horários e criar responsabilidades vale à pena pelo amadurecimento”. A professora Daniela concorda: “É sempre bom migrar”.

 

 

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário