O papel do computador


Educação

José Venâncio de Resende0

Laboratório de Informática da EE Afonso Pena, São Tiago (foto fornecida pela entrevistada)

A decisão radical da Suécia, no norte da Europa, enfatiza a discussão do papel do computador e da internet nas escolas. Diferentemente do que está a ocorrer na Suécia, no nosso caso (em especial, na região mineira do Campo das Vertentes), não há o que recuar, dizem as diretoras de escolas ouvidas pelo JL

“Acredito que esse modelo que usamos esteja surtindo efeito”, resume Virgínia Daher, diretora da E.M. Paula Assis. “Hoje o mundo é digital, os meninos têm diversas informações. O uso do computador e da internet na escola ajudou muito. Não é possível ter uma educação diferente disso”, acrescenta Bia, diretora da E.E. Afonso Pena Junior, da cidade de São Tiago. 

Mas existe uma visão distorcida sobre a utilização da internet a ser enfrentada, aponta Roseni, diretora da E. E. Assis Resende. “A internet ainda é vista apenas como forma de entretenimento pelos nossos alunos. Isso tem causado uma situação bem complicada nas salas de aula, com o uso indiscriminado dos celulares. Hoje, o trabalho dos profissionais da escola é orientar os jovens a ver as tecnologias como aliadas na apropriação de conhecimento.” Já “houve um grande avanço com o corpo docente no uso dessas tecnologias, promovendo novas estratégias no processo ensino/aprendizagem”.

Rosenéia, diretora da E.M. Conjurados, reconhece como positivo o acesso à internet por parte da maioria dos alunos, através de computadores e/ou de celulares. Mas levanta “a questão da escrita, que, com isso, vem ficando bastante prejudicada porque os alunos querem escrever de forma abreviada e sem levar em consideração as convenções gráficas”.

Por sua vez, Bia aponta como maiores benefícios da internet na escola: “mais agilidade, mais condições de se ter um conhecimento maior de uma forma mais prática”. Mas o principal problema é que “talvez esteja muito dentro da tela, esquecendo-se da vida real dos alunos. Cabe a nós, escola e professores, dosar essa questão e ver o que realmente é mais fácil, o que realmente está correto, ou não”.

Também Roseni considera que não é o caso de retroceder, mas “precisamos aprender com o erro dos outros e buscar novas formas de fazer, indo mais devagar”. Por isso, “devemos melhorar o uso dessa ferramenta em prol da melhor aprendizagem dos alunos”. Um dos desafios é combater a tendência da tecnologia de formar meros “consumidores de informações”, alerta. Os alunos buscam na internet as “informações prontas, sem passarem pelo processo de apropriação do conhecimento”.

Rosenéia espera que a tecnologia crie novas possibilidades a serem trabalhadas em sala de aula “para que os alunos tenham acesso às várias fontes de informação”. E que a tecnologia, “aliada aos livros impressos, caderno, quadro, giz e ao aprendizado mediado pelo professor, em sala de aula, possa agregar ao aprendizado correto da escrita o traçado das letras, o uso do caderno de forma adequada, os parágrafos, sinais de pontuação, entre outros, para podermos assim ir alcançando cada vez mais uma educação de qualidade”.

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