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Diabruras

05 de Janeiro de 2018, por José Venâncio de Resende

Pegando carona no pensamento do Papa Francisco* - que vê no diabo o portador da amargura, o ladrão de esperança, o semeador de fofocas e discórdia, o astuto, o sedutor, o bajulador e o hipócrita – é bom ficar alerta com as ações diabólicas, principalmente em ano de copa do mundo e de eleições nacionais. Muito já se falou que “de boas intenções o inferno está cheio!”, mas “cuidado com o andor porque o santo é de barro”.

Líder político. Como as velhas raposas políticas (das mais variadas cores e tendências), o diabo usa de artimanhas diabólicas para fisgar o eleitor, seja com discursos bonitos e vazios, promessas descabidas e fantasiosas ou falsa cordialidade. E na urna estará à espreita para induzir o eleitor a escolher candidato fanfarrão, populista e demagogo.

Diabo conectado. Militante das redes sociais, o demo dissemina fakenews (notícias falsas) e comentários rancorosos, promovendo a desinformação, a discórdia, a intolerância, o ódio… E ainda espalha fofocas, na internet ou oralmente, sempre com uma pitadinha a mais de maldade infernal.

Chefe de torcida. A pátria de chuteiras nem bem se prepara para viajar à Rússia e o diabo já veste a camisa verde-amarelo e entra em campo para fomentar o infernal fanatismo – ou a “patriotada” -, vendendo a ideia de que “somos o maior”, o Neymar é o melhor e de que já ganhamos a copa. Mas diabo que é diabo não garante a entrega da mercadoria vendida, gerando uma expectativa exagerada que pode terminar em frustração.

Rei da mentira. Dizem que o diabo é ateu (particularmente, acho até que ele acredita em Deus). Mas faz parte de sua natureza vender ilusões aos crentes de boa fé, como se verdades fossem (promessas miraculosas de ganho fácil de dinheiro, de ascensão social sem nenhum esforço, de conquista do amor perfeito para toda a vida etc.). Tanto repete a mesma ladainha que os incautos passam a acreditar na sua veracidade.

Diabo benemérito. Apresenta a imagem de benfeitor, filantropo, especialmente com o dinheiro público. Manifesta uma falsa preocupação com os menos afortunados quando na verdade os despreza. Afinal, no inferno não há lugar para pobre.

Diabo consumista. Estimula o consumismo, alegando que o futuro a Deus pertence e que o dinheiro cai, sim, do céu. Despreza a ideia de poupança e as consequências do consumo exagerado sobre o meio ambiente (poluição do solo e da água, mudanças climáticas, aquecimento global etc.). Afinal, para o satanás, a terra é a extensão do inferno.

Diabo corporativista. É aliado e defensor daqueles que lutam encarniçadamente para defender seus próprios interesses, em prejuízo da maioria dos pobres diabos. A sua máxima é de que “alguns são mais iguais do que os outros”, plagiando a frase de George Orwell em “A revolução dos bichos”.

Adepto da teoria da conspiração.  O diabo é adepto de teorias da conspiração para desviar o foco de assunto que o incomoda e para o qual não tem explicação convincente. Os culpados são sempre os outros, como os americanos, os russos, a elite, o vizinho etc. Um dia desses, alguém travestido de diabo disse que a operação Lava Jato é invenção dos Estados Unidos para prejudicar o Brasil.

Diabo agiota. O satanás explora os pobres diabos que estão à beira da morte financeira. Cobra juros infernais, individualmente ou como agente do setor financeiro, com o beneplácito ou a omissão da cúpula.

O diabo é hipócrita, prestidigitador, tergiversador, salafrário… enfim, um grande FDP, que usa dos mais diversos disfarces para ludibriar as pessoas com propostas fabulosas e promessas fantasiosas. Sempre seguido dos diabinhos, seus fieis comandados. E, pior, quase sempre caímos no conto do vigário, ou melhor, do diabo!

Não tenho a pretensão de ocupar o lugar do papa nem do vigário, não sou conselheiro espiritual ou de qualquer outra espécie. Mas, se o caro leitor não tiver cautela, o diabo que o carregue.

*https://pt.aleteia.org/2017/11/14/o-que-o-papa-francisco-pensa-sobre-o-diabo/

 

 

 

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