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O Mensageiro / Coração Louro / Direito de Amar

14 de Fevereiro de 2011, por Carina Bortolini

O Mensageiro

Saiu a lista dos indicados ao Oscar 2011 e, como no ano passado, são 10 os concorrentes a Melhor Filme. Como estou em gestação avançada, creio que neste ano não conseguirei cumprir minha “maratona cinéfila” antes da cerimônia, como tenho costume. Assim, aproveito para trazer 3 filmes que disputaram diferentes categorias em 2010 e sobre os quais ainda não havia comentado.

O MENSAGEIRO (The Messenger, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Oren Moverman
Duração: 112 min.
Ano: 2009


Tendo concorrido a Melhor Roteiro Original em 2010, este longa aborda um ponto pouco explorado nos ditos “filmes de guerra”: quem são e o que sentem os oficiais incumbidos de notificar os parentes de soldados mortos em combate? Ben Foster vive o sargento Will Montgomery, herói de guerra no Iraque que, após sofrer sérios ferimentos e voltar aos EUA, é designado para tal missão de honra. Ele trabalhará juntamente com o capitão Stone (Woody Harrelson, indicado a Melhor Ator Coadjuvante em tal papel), há anos exercendo tal função. Experiente em lidar com os familiares e entes queridos em momento tão delicado, Stone passa a ensinar toda sua técnica a Montgomery, que a princípio reprovará o método frio e formal do superior – tanto que o rapaz envolve-se afetivamente com a viúva de um oficial do qual deram a notícia da morte. Com a convivência forçada e a intimidade de ambos sendo aos poucos desvelada, surgirá uma autêntica amizade, livre dos traços de pieguice comuns do gênero “colegas combatentes leais até a morte”. As ótimas interpretações e o tratamento minucioso dado às diferentes reações humanas diante de uma tragédia fazem do filme uma referência no tema. Classificação: 16 anos.

CORAÇÃO LOUCO (Crazy Heart, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Scott Cooper
Duração: 112 min.
Ano: 2009


Jeff Bridges teve, com este filme, sua consagração e devido reconhecimento. Ganhador do Oscar de Melhor Ator, já havia sido indicado outras quatro vezes. Aqui ele dá vida a Bad Blake, cantor e compositor de música country que fizera grande sucesso no passado, mas agora amarga franca decadência. O talento permanece, mas o vício em cigarros e bebida e a postura errática diante da vida o transformaram na figura vulgar que, dirigindo uma velha caminhonete de cidade em cidade do sudoeste americano, se apresenta em boliches e casas noturnas nada elegantes. Recebendo um cachê tão baixo a ponto de não sustentar seu whisky favorito, canta sempre os mesmos velhos hits. Entretanto, ao conhecer a repórter Jean (Maggie Gyllenhaal, indicada a Melhor Atriz Coadjuvante) e seu adorável filho de 4 anos, Bad verá seus sentimentos tomarem um rumo inesperado, capaz de fazê-lo cogitar uma mudança em sua indolente rotina. Dono de um estilo absurdamente natural e sedutor de interpretar, Bridges ainda nos emociona cantando e tocando as músicas do personagem. A participação de Colin Farrell como o pupilo de Bad que é o novo astro do country enriquece o filme, que levou ainda o Oscar de Canção Original. Classificação: 14 anos.

DIREITO DE AMAR (A Single Man, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Tom Ford
Duração: 101 min.
Ano: 2009


Em 2005, Ang Lee e seu O Segredo de Brokeback Mountain quebraram um grande tabu do cinema ao retratar uma história de amor entre dois típicos cowboys americanos. O que mais me surpreendeu naquele filme – que, inclusive, merece uma indicação nesta coluna – foi a forma como ele consegue nos envolver, ao longo da história, a ponto de não mais classificarmos os protagonistas como um casal gay, mas sim, como dois seres humanos que se amam e sofrem com a impossibilidade de ficarem juntos. Este filme me passou uma sensação parecida. Tom Ford é um estilista renomado, que faz aqui sua primeira e muito bem sucedida incursão no cinema – como diretor e corroteirista. Colin Firth, indicado a Melhor Ator, é George Falconer, professor de literatura que, no início da década de 60, agoniza a morte de Jim, seu amado companheiro por 16 anos. Ao mesmo tempo em que planeja diariamente seu suicídio, George não se dá ao direito de externar seu luto e sua dor. Com ternos e semblante impecáveis, não há quem desconfie de sua consternação interior, à exceção de sua melhor amiga e confidente Charley (Julianne Moore), ela também padecente de um amor impossível. Que honra para Jeff Bridges levar o prêmio pelo qual concorriam atores do nível de Firth. Classificação: 14 anos.

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