“Amor Cigano”: livro de Stela Vale Lara fala de sentimento, tradição e respeito às diferenças


Cultura

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Solenidade de lançamento do livro de Stela Vale em Resende Costa (foto arquivo pessoal)

“Caminheiros que passam por aquelas imediações, no interior das Gerais, sentem-se encantados ao verem as centenárias montanhas cobertas de rica vegetação. Não podem imaginar que, à encosta delas, existe um enorme casarão de atrair os olhos e encher de bons fluidos o coração.”

Aqui se descortina a primeira cena de “Amor Cigano”, livro escrito por Stela Vale Lara, lançado em Resende Costa, terra natal da autora, no último dia 21 de outubro. Aguarda os leitores um enredo forte, entrelaçado de paixões, elos de sangue, amizade, pureza e cultura. A curiosidade por esse mundo, aliás, vem desde menina, quando Stela observava, atenta, as cores vibrantes dos vestidos e a beleza das joias que adornavam as ciganas que por aqui chegavam.

Em uma época em que não havia Internet, os costumes ciganos eram ainda velados. Livros que tratassem do tema não estavam a seu alcance, o que só fez aumentar a sede de conhecimento de Stela. Talvez por isso ela se identifique, no livro, com Josefa, mãe de Emília, não só pelo instinto maternal, mas por sua “busca pelo ser e pelo querer”, diz.

Personagens ricamente elaboradas, de características e hábitos marcantes, entram em cena e estão a um toque de leitores atentos. O texto é leve e profundo, fluido e, sim, escrito à mão! Não é possível recortar um parágrafo aqui e colar ali. Há que se ter repertório literário e muita certeza da mensagem que se quer partilhar quando se escreve à mão. “As personagens me dominaram. Elas foram escrevendo a história.”, comenta.

O lançamento do livro foi conduzido pela professora e também colunista deste jornal, Regina Coelho, que destacou, além da bonita construção de uma personagem autista, uma carta, como sendo o grande enigma da trama. Tão atuais são os desenlaces oriundos de choques culturais que “Amor Cigano” é um acalento, um aceno à paz em tempos confusos. É a primeira obra solo da autora, que também escreveu “Resende Costa – a Flor das Vertentes” e “Maritê”, em parceria com o amigo e conterrâneo Alair Coêlho de Resende.

Com a morte de “Mano Alair”, em 2021, Stela se viu diante do desafio de seguir o caminho sozinha. A sensação foi de abandono, explica, mas acreditou em si e no retorno que recebia fielmente de um crítico interessado e exigente, seu esposo, Paulo de Tarso Lara. Tanto sensato quanto sensível, nenhum detalhe lhe passou despercebido.

Muitos autores a inspiraram, como os clássicos da literatura brasileira, José de Alencar e Machado de Assis, e também o português Camilo Castelo Branco e a britânica Rosamunde Pilcher. Mas a inspiração mesmo, ela admite, vem do acaso: “não tenho um momento para escrever. A inspiração é meu momento.”

O livro “Amor Cigano”, de Stela Vale Lara, pode ser adquirido na Banca do Batista, localizada na Praça Dr. Costa Pinto ou, diretamente, com a autora.

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