Em 2022, o peregrino, escritor e palestrante são-joanense Antônio Júnior realizou mais uma jornada do seu projeto “Caminhos Peregrinos”, cuja proposta consiste em percorrer cinco dos mais conhecidos caminhos de peregrinação no mundo. Ele viajou para a Índia com o propósito de vencer os 400 Km do histórico caminho entre Sabamarti até a praia de Dandi, por onde passou o líder pacifista Indiano Mahatma Gandhi. Durante 16 dias, o peregrino cruzou diversas cidades e campos e registrou tudo o que sentiu, viu e ouviu num livro sensacional.

Em Resende Costa, terra natal dos pais de Antônio Jr, o lançamento de “Marcha do Sal – Um olhar ao Outro”, 97 páginas, 2023, edição independente, aconteceu no último dia 27 de outubro na Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto. O escritor recebeu o público e apresentou seu livro contando as experiências vividas por ele na Índia, os desafios enfrentados no caminho, os encontros com a população local e, sobretudo, a descoberta de uma cultura diferente e instigante. “Neste caminho, Mahatma Gandhi quebrou a lei de imposto sobre o sal, imposta pelos britânicos. A Marcha do Sal é uma das rotas de peregrinação mais conhecidas em todo o mundo, tendo se tornado um símbolo histórico de resistência. Foi o caminho percorrido por Mahatma Gandhi, em março de 1930, como forma de protesto ao domínio britânico”, relata o peregrino.

“Marcha do Sal – Um olhar ao Outro” é o terceiro livro do projeto “Caminhos Peregrinos”. “Com projeto editorial impecável, o livro impressiona pelo cuidado em cada detalhe e conquista o leitor pela beleza das fotografias e depoimentos, numa narrativa inspiradora. Como nos demais livros da série, um guia prático com informações do itinerário, além de um convite àqueles que, um dia, pensam na peregrinação como um caminho para o autoconhecimento, estabilidade emocional e força mental. No dizer do autor, ‘o caminhar não se limita aos passos físicos, é uma entrega completa de corpo, mente e espírito. Quando caminhamos, nos permitimos a ouvir mais a nós mesmos, passamos a ganhar consciência e descobrimos mais sobre o que somos e a escolher que caminho seguir’”, descreve a jornalista Cláudia Simões, autora do release sobre o projeto Caminhos Peregrinos de Antônio Jr.

 

Caminhos Peregrinos

Além do livro recém-lançado em Resende Costa, Antônio Jr. publicou outras obras que registram suas peregrinações por diferentes caminhos e rotas históricas e místicas em diversos locais do mundo. O escritor percorreu em 2017 o Caminho de Santiago de Campostela, a Via Francigena em 2018 e, neste ano, concluiu a Rota dos 88 Templos no Japão.

Dessas viagens surgiram os livros: “Caminho de Santiago - Primeiros passos. Novas descobertas”; “Via Francigena - Uma Jornada Interior”. O livro sobre a peregrinação de Antônio Jr. pela Rota dos 88 Templos, no Japão, está previsto para ser lançado em janeiro de 2024.

O início do projeto foi em 2014, quando o peregrino se dispôs a percorrer de bicicleta o famoso Caminho de Santiago de Compostela, na Espanha. De lá para cá, não parou mais. “No projeto Caminhos Peregrinos é notável a intenção do autor de trazer à tona não só a ancestralidade da prática de caminhar, como também o seu caráter universal, uma vez que as cinco rotas contempladas, em continentes distintos, mesclam culturas, religiões e filosofias diferentes. O projeto evidencia, na prática, que toda essa diversidade não interfere na essência da peregrinação”, diz Cláudia Simões.

Para conseguir superar os desafios impostos ao corpo e à mente em grandes distâncias, o peregrino foi em busca de esportes de alta performance que aliam autocontrole, concentração e motivação. Tudo para “enfrentar o que der e vier”, analisa Cláudia. Para se lançar no(s) caminho(s), Antônio Jr. pesquisou e planejou cada rota que o levou, no fim, a “atravessar a ponte que liga os sonhos à realidade”, como ele mesmo define seu propósito.

A caminhada de um peregrino é, na maioria das vezes, uma experiência solitária. A introspecção na mística e a vontade de se autodescobrir em cada ponto e curvas de uma viagem fazem do peregrino um caminhante sintonizado nas frequências da espiritualidade do seu próprio eu. “Quem nunca parou em algum momento da vida para questionar sobre qual rumo está tomando? O que quero verdadeiramente para mim? Desejo mudar de trabalho? Qual sentido minha vida está tomando? Caminhar nos leva ao encontro de respostas que fazemos a nós mesmos”, refletiu o escritor Antônio Jr. durante a apresentação do seu livro em Resende Costa.

Ele justifica sua opção por caminhar sozinho. “As pessoas me perguntam por que eu vou sempre só. Esse projeto é uma experiência em que me permito parar, me conectar comigo mesmo e revirar a minha história. Nessa vivência, carrego uma relação próxima entre mim e o caminho e, para que isso aconteça, eu preciso estar sozinho nele”.

 

A próxima jornada

Para completar o ciclo dos cinco caminhos mais conhecidos de peregrinação no mundo, o peregrino Antônio Jr. já tem a rota traçada. Ele planeja percorrer o “Caminho de Abraão no Oriente Médio”. São 2.000 km seguindo os passos de Abraão –considerado o patriarca das três grandes religiões monoteístas: judaísmo, cristianismo e islamismo – desde sua cidade natal até o local do seu sepulcro. O peregrino partirá da Síria, cruzará o Líbano, a Jordânia e a Cisjordânia, passando por Jerusalém para, enfim, terminar sua jornada em Al-Khalil.

A viagem está programada para acontecer em 2024, porém a guerra entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que assombra o Oriente Médio, está preocupando o peregrino e poderá alterar a sua programação. “Tudo está planejado, mas vamos ter que esperar pelo que irá acontecer nessa guerra”.

Buscar a paz interior, o autoconhecimento e ir ao encontro de novas culturas e filosofias motivam os passos, cada vez mais largos e distantes, do peregrino Antônio Jr., que escolheu caminhar como uma filosofia de vida. “Peregrinar não é apenas dar passos em um caminho, mas caminhar em busca de algo dentro de si mesmo. É uma maneira de se conectar com o mundo e a natureza, desenvolvendo habilidades na construção de uma vida mais plena. Queria trabalhar a mente e viver desafios em meio a outras culturas, filosofias, religiões, criando a minha história”, conceitua o peregrino.