Escola Conjurados e seus 50 anos de existência


Voz do Cidadão

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“Vejo com alegria a Escola Conjurados Resende Costa atingir seu meio século de existência, o que é motivo de muita comemoração por todos nós que vimos e acompanhamos toda sua história, desde o momento em que a semente do educandário foi lançada no alto dessas colinas.

Talvez até em razão da sua juventude, Emanuelle Ribeiro, em seu artigo “Escola Conjurados comemora 50 anos de existência”, na última edição do Jornal das Lajes, não tenha abordado alguns aspectos dos primórdios de nosso Conjurados, pois certamente desconhece toda a trajetória de lutas da escola.

No início dos anos 60, Minas Gerais era governada pelo doutor José de Magalhães Pinto. Naqueles tempos vivíamos num estado com economia basicamente rural, com predominância para a agricultura e pecuária de subsistência, e a situação financeira do Estado era tão precária que o próprio funcionalismo público estadual ficava de dez meses a um ano sem receber proventos, e olha que o quadro de trabalhadores se resumia aos professores primários, à Policia Militar, Juiz de Direito e Promotor de Justiça. Nada, além disso, numa cidade como a nossa. 

Resende Costa daquela quadra, nem de longe lembra a pujante cidade de hoje, pois, afinal, não tínhamos nada além de muita penúria e uma imensidão de sonhos, que sonhávamos juntos.

Nossas ruas, em sua grande maioria de terra batida. Nossos caminhos e estradas, tanto para as cidades maiores – leia-se São João del-Rei - e como para nossa vasta zona rural, não passavam de pouco mais que picadas abertas a picareta e enxadão. Saneamento básico (água e esgoto) luxo fora de nosso alcance e até de nossa imaginação, já que pouquíssimas residências sabiam o que era água encanada e uma casinha com fossa séptica no fundo do quintal era tudo que existia para acudir nossas necessidades orgânicas mais primitivas.

Até então, na área da educação primária só contávamos com o eternamente prestigiado e inesquecível “Grupo Escolar Assis Resende”, responsável pela alfabetização da maioria dos resende-costenses, que tinham e tiveram a sorte de frequentar a citada escola, dentre os quais me incluo, para minha honra, alegria e saudade, muita saudade.

Perdoem-me, queridos leitores e conterrâneos, se me deixo levar por tantas saudades e recordações, o que acaba por me desviar do foco principal do tema sobre o qual me propus a tecer algumas considerações, ou seja, o cinquentenário da Escola Conjurados Resende Costa.

Então, voltando ao início dos anos 60, quando o governador Magalhães Pinto dotou um grande número de cidades mineiras de escolas estaduais, que funcionariam em prédios construídos em chapas de aço, e assim nasceu o nosso Conjurados, que tinha seu corpo de professores baseado no Assis Resende, que lhe forneceu os primeiros mestres, dentre eles, para citar apenas alguns nomes: dona Dedete Mendes, de saudosa memória, dona Ieda Silva Melo, minha querida irmã, dona Silvinha do Antônio Pereira e tantas outras heroínas que se dispuseram a ajudar na criação de uma nova escola.

E assim, o Conjurados funcionou por muitos e muitos anos num prédio metálico, que em razão do grande calor e desconforto a que submetia os seus alunos, acabou apelidado de “forninho de crianças”.

Com a chegada dos anos 80 e de novos ventos a soprar em nossas colinas, surgiram a necessidade e a esperança de um novo prédio para o Conjurados e, mais uma vez, tive o privilégio de lutar juntamente com o prefeito Ocacyr Alves de Andrade e o falecido Deputado Estadual José Bonifácio Filho – nessa dura empreitada, pois tivemos que disputar esta nova obra com a cidade de Três Corações, já que os recursos disponíveis eram para a construção de apenas um prédio, e Três Corações, além de ser uma cidade bem mais conhecida do que a nossa Resende Costa, ainda tinha contra nós a sorte de ser terra natal do cidadão Edson Arantes do Nascimento, nada mais,  nada menos que o atleta do século, também conhecido pelo apelido de Pelé. Parada dura aquela!

Mas, não desanimamos e fomos à luta com muita garra e persistência. E de tanto bater nas portas da Secretaria de Estado da Educação, acabamos por ganhar a aguerrida disputa, e o prédio novo aí está.

Assim, amigos de Resende Costa, passados tantos anos e voltando os olhos ao passado, posso dizer que valeu a pena tantas idas e vindas a Belo Horizonte. Valeu a pena sonhar tanto com melhores dias para a nossa criançada e, revivendo tantas lembranças, só me ocorrem duas coisas neste momento, ou seja: parabéns, Escola Conjurados Resende Costa e a todos e a todas que contribuíram para o seu nascimento e crescimento. Em segundo lugar, meus eternos agradecimentos a Deus que me possibilitou, de certa forma, ajudar na construção dessa bela história de nosso educandário cinquentenário”.

 

 

Toninho Melo 

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