Pode ter havido o alinhamento favorável dos astros, mas valeu mesmo a velha sabedoria mineira na conquista da Boston Brasil para o território de Coronel Xavier Chaves. “Como bom mineiro, o segredo é ser cauteloso, discreto, receptivo e não perder o trem”, revelou o prefeito Fúvio Olímpio de Oliveira Pinto, 46 anos, administrador de empresas pela Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). “As oportunidades chegam até nós e nos cabe avaliar e não perder tempo para atender as necessidades solicitadas.”
Em seu segundo mandato (2017-2020 e 2021-até agora), Fúvio seguiu as pegadas do pai, Francisco de Assis Pinto, que também foi prefeito por dois mandatos (1983-1988 e 1993-1996). “Meu pai é até hoje uma pessoa muito querida na cidade; a partir do legado deixado por ele, fui me inspirando e trabalhando na construção de minha candidatura em 2016.
O senhor é de família tradicional de políticos. Fale um pouco da sua carreira política. Iniciei minha trajetória como vereador em 2001; em 2004, tornei-me vice-prefeito e ocupei um cargo comissionado à época, quando fui me aproximando e aprendendo cada vez mais sobre o serviço público municipal. Depois ocupei por oito anos o cargo de secretário municipal de Administração, no qual adquiri bagagem e credibilidade para concorrer ao cargo de prefeito. Fui eleito em 2016, desempenhando um bom trabalho e reeleito como candidato único em 2020.
Recentemente, foi inaugurada uma moderna unidade da Boston Metal do Brasil em Coronel Xavier Chaves. O que significa essa conquista, em termos de desenvolvimento econômico, criação de um polo industrial, geração de riquezas e projeção nacional e mesmo internacional do município? Para nós xavierenses, a chegada da Boston Brasil foi uma conquista de valor incalculável. A cidade já respira outros ares, a economia está se transformando, empregos estão sendo gerados, as receitas já começaram a chegar aos cofres municipais. Uma transformação constante e duradoura está para acontecer nos próximos meses. Os holofotes estão direcionados para nossa cidade, o que a tornou conhecida nacional e internacionalmente. Isso significa que temos que nos preparar para que essas mudanças e transformações sejam organizadas e que elas sejam para melhorar a qualidade de vida das pessoas.
Qual foi o segredo para vencer a concorrência e trazer a Boston para Coronel Xavier Chaves? Que investimentos de curto prazo foram necessários para viabilizar a instalação da empresa? Como bom mineiro, o segredo é ser cauteloso, discreto, receptivo e não perder o trem. As oportunidades chegam até nós e nos cabe avaliar e não perder tempo para atender as necessidades solicitadas. O fato de termos uma prefeitura e uma cidade organizadas foi também fator avaliado pela empresa, mas a nossa localização geográfica foi o maior diferencial, pois nosso município é cortado por uma linha de transmissão da CEMIG e a eletricidade é o principal insumo para o processamento da matéria-prima. E a empresa está sendo instalada bem próximo a essa linha de transmissão.
Indústria logo faz pensar em bom nível de educação e mão-de-obra especializada. Qual é o balanço que o senhor faz dos investimentos em educação nas suas gestões, tanto a formal quanto a técnica? O município está preparado para este desafio? Nosso município não tem escolas técnicas para formação profissional, mas a proximidade com São João del-Rei nos auxilia bastante. Já está sendo realizada aqui na sede do município a qualificação profissional para 40 alunos trabalharem na empresa. As aulas teóricas acontecem na Escola Municipal Sebastião Patrício Pinto e as aulas práticas, no SENAI, em São João del-Rei. Essa iniciativa é uma parceria da Prefeitura Municipal, da Boston e do SENAI (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial).
Indústria também nos remete para investimentos em infraestrutura, como estradas e comunicações/tecnologia. Que realizações o senhor destaca nessa área durante o seu período de gestão? A indústria está sendo instalada às margens da Rodovia Vereador João Vicente Vieira Camargos, rodovia que dá acesso à cidade, isto é, antes de chegar à cidade. Assim, não foi necessário intervenção municipal para construção de vias de acesso; a questão tem a ver com nossa posição geográfica, mencionada anteriormente. A infraestrutura necessária será em sua maioria por conta da iniciativa privada, como restaurantes, moradias, espaços para lazer etc. A longo prazo, o município terá que ampliar sua capacidade de atendimento na área da educação e saúde, mas isso a Boston estará nos auxiliando a partir do surgimento da demanda.
A nova empresa destaca-se na produção limpa, em sustentabilidade e em alta tecnologia. O que o senhor destaca da sua gestão na área ambiental? Educação ambiental, gestão dos resíduos, saneamento, proteção de mananciais etc.? Como a bandeira da empresa é a produção de “Aço Verde” e de baixo impacto ambiental, a tecnologia é inovadora, o que vai apenas fortalecer o que nosso município já desenvolve na área ambiental. Nosso município conta com uma Usina de Triagem e Compostagem que é referência na região. Temos um programa de educação ambiental em parceria com a Escola Estadual Coronel Xavier Chaves. Estamos conversando para desenvolver novos projetos em parceria com a empresa; sua atividade não impactará em deposição de dejetos em rios e mananciais, pois as instalações são providas de tratamento.
Que balanço o senhor faz de sua gestão no apoio à cultura e ao turismo? Há outras questões que gostaria de abordar? Acredito que nos últimos anos nosso município se destacou como nunca nas questões culturais e turísticas. Investimos em eventos, na valorização da nossa identidade. Surgirão novos produtos e produtores, mas o que suponho ser um diferencial é que conseguimos fazer o xavierense acreditar em si. Hoje as pessoas têm muito orgulho de serem xavierenses, e isso faz toda diferença, pois o que propomos tem credibilidade e participação da população e acaba dando certo.
Quais são os seus planos? Pretende continuar na política? No momento, meu plano é terminar essa missão de cabeça erguida e com o sentimento de dever cumprido. Peço a Deus para me mostrar novos caminhos para que eu possa encerrar por aqui minha participação na vida pública do município. Mas o futuro não me pertence e o que for colocado no meu caminho tentarei desenvolver sem jamais retroceder ante as dificuldades. Trabalhar com pureza de intenção na busca de uma consciência tranquila de que não desperdicei o meu tempo, nem minhas habilidades; e sem vaidade com minhas conquistas, exercendo meu papel de homem público, sendo apenas um mero servo de Deus.