Livro aborda genealogia dos Rezende de S. Vicente de Minas


Cultura

José Venâncio de Resende0

Guilherme e o pai Zeca (foto arquivo pessoal)

Acaba de sair da gráfica o livro “Genealogia de Enredo Amoroso”, de Guilherme Jorge de Rezende, professor aposentado da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ). Um livro que descreve a ancestralidade de seus pais até a geração dos hexavós. “Anos de pesquisas me permitiram resgatar informações relativas a nomes e sobrenomes, locais e datas em que esses ascendentes nasceram, viveram e faleceram.”

As análises dos dados revelaram o protagonismo da Comarca do Rio das Mortes como origem dos antepassados de Guilherme que nasceram no Brasil. “Evidenciaram também o flagrante predomínio da região Norte de Portugal Continental, com destaque para os Distritos de Braga e do Porto, e do Arquipélago dos Açores, majoritariamente das Ilhas do Faial, Terceira e de Santa Maria, como procedência dos ascendentes portugueses.”

Na primeira década do século XX, nasceram Ana Menezes de Rezende (Anita), em São Vicente de Minas, e José Rezende (Zeca), a pouco mais de 40 quilômetros, em Carrancas. Casaram-se em 28 de junho de 1937, mesma época em que São Vicente de Minas era elevado à condição de município. Para além de São Vicente de Minas e Carrancas, “o entorno estendia-se para localidades vizinhas (um raio máximo de 100 quilômetros de distância): Madre de Deus de Minas, Andrelândia, Serranos, Aiuruoca, São Tomé das Letras, São João del-Rei, Lavras, Prados e Lagoa Dourada”.

O autor conseguiu transformar um tema árido sobre genealogia numa história agradável, a começar pelo “enredo amoroso” envolvendo seus pais. Guilherme foi o filho temporão (nascido em 1950) do casal Zeca e Anita. Antes dele, tiveram outros seis filhos: o primogênito Antônio (nome do avô paterno e do santo de devoção de Anita), pouco menos de um ano depois de mudarem para a modesta casa na rua da estação ferroviária; as meninas Inez (1940) e Maria Auxiliadora, a Dodora (1943), durante a Segunda Guerra Mundial; Djanira (1945), a Jane, no calor das comemorações pelo fim da guerra; Ana Maria (1946) e José Carlos (1947).

Antepassados

 Impressiona o volume de informações colhidas, processadas e organizadas por Guilherme. Ele considerou dois períodos distintos na análise da genealogia de Zeca e Anita. O primeiro refere-se a antepassados residentes na região da Comarca do Rio das Mortes, com sede em São João del-Rei, atraídos pelas abundantes jazidas de minerais preciosos. “Esse período começa no limiar do século XVIII e corresponde às seis primeiras gerações das árvores genealógicas do casal Zeca e Anita.”

Um aspecto importante é destacado por Guilherme: “Nas gerações dos quintavós e dos hexavós, dois casais são comuns à genealogia de Zeca e Anita, sendo eles Diogo Garcia e a ilhoa (portuguesa) Júlia Maria da Caridade e André do Valle Ribeiro e Tereza de Moraes”. Nas seis primeiras gerações, a “mais fértil das origens dos antepassados de Zeca”, na Matriz de Portugal Insular Ultramarino, está no “Arquipélago dos Açores com sete ancestrais oriundos de três das nove ilhas dos Açores: Faial, Santa Maria e Terceira”.

À ilha de Santa Maria vincula-se o sobrenome Resende, “o único presente no nome de Zeca, que vem do hexavô Manoel Resende, casado com Ana Costa, pais do pentavô João de Resende Costa, patriarca dessa vertente genealógica no Brasil, através do seu casamento com a ilhoa do Faial, Helena Maria de Jesus”. A maioria dos hexavós de Zeca tinha sua origem em Portugal Continental, com destaque para Braga e Porto na Região Norte.

Mais da metade dos antepassados de Anita nasceram em Portugal. “A proporção entre antepassados nascidos em Portugal em relação ao Brasil começa de um para três nos avós de Anita e vai crescendo pouco a pouco. Já nos tetravós, os portugueses superam os brasileiros, e a tendência se acentua exponencialmente nas gerações seguintes. São João del-Rei, a capital da Comarca do Rio das Mortes, ganha proeminência nas genealogias de Zeca e Anita, de acordo com a pesquisa de Guilherme.

Diversidade

 Guilherme deparou-se com uma enorme diversidade de sobrenomes, “constituindo um emaranhado de famílias que se fundiram ao longo das gerações da genealogia de Zeca e Anita”. Para elaborar um quadro do perfil genealógico de Zeca e Anita, ele cruzou informações relativas a sobrenomes mais relevantes, pessoas que os referenciavam e localidades onde nasceram e viveram.

Por exemplo, no caso do cruzamento entre os antepassados de Zeca, aparece o sobrenome Ribeiro, que tem como seu patriarca o coronel Severino Ribeiro. Da Freguesia de Nossa Senhora de Loures, no Distrito de Lisboa, Severino emigrou para o Brasil na primeira metade do século XVIII. Casou-se com Josefa Maria de Resende, filha de João de Resende Costa e Helena Maria de Jesus, e viu a família se multiplicar, a partir de sua fazenda em Lagoa Dourada, então freguesia da Vila de Prados. Entre os seus filhos, encontram-se Geraldo Ribeiro de Resende, casado com a são-joanense Esmênia Joaquina de Mendonça, e Estevão Ribeiro de Resende, o 1º Marquês de Valença.

Mesmo com tantas referências, Guilherme se vê “como um legítimo mineiro do Rio das Mortes muito confortável em terras de Portugal e Espanha, com vestígios de um passado de ilhéu açoriano, à vontade no contato com manifestações da cultura celta e moura e com um leve sotaque de turco e iraniano e do maravilhoso modo de viver dos indígenas brasileiros. Gosto de me saber americano, europeu, africano e asiático na medida certa que herdei de meus pais, Zeca e Anita. Sou um cidadão do mundo em permanente processo de partidas e retornos, sempre querendo voltar para algum de meus tantos lugares”.

 

 

 

 

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