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Duplicidade / Uma canção de Amor para Bobby Long / A Mulher Invisível

11 de Outubro de 2010, por Carina Bortolini

Duplicidade

DUPLICIDADE (Duplicity, EUA)
Gênero: Comédia / Romance / Suspense
Direção: Tony Gilroy
Tempo de duração: 125 min.
Ano: 2009


Julia Roberts dispensa apresentações: a atriz mais bem paga de Hollywood é garantia de alta bilheteria. Após um tempo afastada das telonas, ela volta triunfante nesta produção inteligente e divertida. Para seu par romântico, foi escalado o bonitão e charmoso inglês Clive Owen. Ele é Ray, agente da inteligência britânica, e ela é Claire, agente da CIA. Eles se conhecem numa festa em Dubai, e o que parecia ser o início de um cálido romance se mostra um legítimo jogo de gato e rato: após passarem uma noite juntos, Claire deixa Ray dormindo e foge com os documentos confidenciais que o mesmo carregava. O reencontro se dará após seis anos, com ambos trabalhando no setor privado: cada um deles realiza espionagem industrial para megacorporações rivais do segmento de higiene. No desenrolar do filme, ver-se-á que aqueles seis anos não passaram em branco para o casal, e que nada é realmente o que parece. À medida que os mistérios vão se desvelando, o espectador fica cada vez mais envolvido, curioso pelo desfecho. E vale a pena esperar: o final não é nada previsível, nem ordinário. O roteiro e direção têm o mérito de trazer para uma trama típica de “golpistas sexy e espertos” um tanto de originalidade e sarcasmo, sem deixar para trás o ritmo e sagacidade do gênero. É diversão garantida. Classificação: 12 anos.


UMA CANÇÃO DE AMOR PARA BOBBY LONG (A Love Song For Bobby Long, EUA)
Gênero: Drama
Direção: Shainee Gabel
Tempo de duração: 120 min.
Ano: 2004


Não tinha ouvido falar deste filme antes de assisti-lo, e talvez por isso ele tenha me surpreendido tanto. John Travolta já havia provado sua competência dramática em filmes como Pulp Fiction (1994) e A Senha: Swordfish (2001), bem distantes do rapazola dançante de Grease – Nos Tempos da Brilhantina (1978) ou do comediante canastrão de Olha Quem Está Falando (1989). Mas eu, pessoalmente, nunca havia me encantado tanto com uma interpretação do astro americano como neste longa. Ele é o Bobby Long do título, um ex-professor de literatura inglesa que largou tudo para se afogar na boemia novaorleanense. A jovem Purslane (Scarlett Johansson) recebe a tardia notícia da morte de sua mãe, com quem quase não tinha contato. Disposta a reivindicar a casa onde a mesma morava, ela parte para New Orleans e, lá chegando, qual não é sua surpresa ao encontrá-la habitada pelo decadente e beberrão Bobby e por um pupilo seu, Lawson Pines (Gabriel Macht), aspirante a escritor. A convivência forçada logo fará da casa palco de discussões e trocas de ofensas entre Purslane e Bobby, devido principalmente ao mau-humor e arrogância do ex-professor. Mas, aos poucos, a garota perceberá o quanto ele pode ser fascinante, com seu romantismo incurável e sua curiosa mania de conversar citando trechos de livros dos melhores autores da língua inglesa. Os segredos da vida de uma mãe que ela não conheceu virão à tona, e Purslane começará a ver com outros olhos a vida daquelas pessoas esquecidas pelo mundo – ou escondidas dele. O trio inusitado é na verdade muito harmônico: cada um deles tomou um rumo errado em algum momento de sua trajetória, e arca com as conseqüências disso. O personagem de Travolta é extremamente complexo e rico, e ele o sustenta maravilhosamente. Ao final, não haverá quem não concorde que ele mereça mesmo uma canção de amor. Classificação: 12 anos.


A MULHER INVISÍVEL (Brasil)
Gênero: Comédia
Direção: Cláudio Torres
Tempo de duração: 105 min.
Ano: 2009


Cláudio Torres, filho de Fernanda Montenegro e de Fernando Torres, dirigiu apenas quatro longas, mas já mostrou a que veio: dois deles a que assisti, adorei. O primeiro foi Redentor (2004), uma comédia ficcional carregada de crítica social estrelada pelos irretocáveis Pedro Cardoso e Miguel Falabella. O segundo é este que estreou ano passado, grande sucesso dos cinemas. Escolhendo muito bem escolhido seu protagonista, Cláudio Torres já entendeu que filme com Selton Mello tem tudo para dar certo. Ele é Pedro, homem que acreditava que tinha o casamento perfeito até sua esposa (Maria Luiza Mendonça) comunicar-lhe, serenamente, que o estava deixando para fugir com seu amante. Humilhado e deprimido, Pedro se isola e passa a viver de ressentimento até o dia em que uma nova vizinha bate à sua porta: é Amanda (Luana Piovani, geralmente chatinha, aqui parece ter sido feita para o papel), por quem ele logo se apaixona e é prontamente correspondido. Ela é a mulher perfeita: não é ciumenta, adora e entende de futebol e ainda faz todo o serviço doméstico de lingerie! Achou demais? Pois é claro que essa mulher não poderia existir, sendo fruto da imaginação de Pedro. Tendo recuperado sua auto-estima e felicidade, ele demora a atentar para a realidade, o que rende cenas hilárias como a do “casal” dançando e se esfregando numa boate cheia de gente – lá está Selton Mello, se agarrando ao ar e dando beijos de língua no vazio. A partir do momento que ele descobre a verdade, acho que o filme toma um rumo um pouco aborrecido, com um viés até piegas se comparado ao começo transgressor. Mas nada que desmereça uma indicação. Classificação: 14 anos.

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