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Banda de Música Santa Cecília e aspectos da formação musical em Resende Costa

21 de Dezembro de 2022, por Edésio Lara

A Banda de Música Santa Cecília, de Resende Costa, é mais que centenária, uma vez que nasceu em meados do século XIX. É um grupo musical muito importante para nós. Sua função principal se volta para a participação ativa em eventos cívicos, populares e religiosos da cidade. Qualquer que seja a festa municipal, lá está ela tocando seus dobrados, suas marchas. Quando nos voltamos para as festas religiosas, todas realizadas pela Igreja Católica ao longo do ano, também ela se faz presente. Durante o Carnaval, parte dos seus integrantes, voluntariamente, participam tocando repertório específico atrás dos blocos que se formam para essa festa. Portanto, não é possível imaginar a cidade sem esse conjunto musical, ele é fundamental.

Durante todo o tempo de sua existência, foram muitos os que se destacaram como instrumentistas, regentes e compositores. Alguns permaneceram na cidade trabalhando e participando da banda de música. Evidentemente, outros precisaram se mudar para buscar emprego em outros lugares. Estou entre esses, quando precisei me mudar para São João del-Rei e, posteriormente, aos 18 anos de idade, para Belo Horizonte. Aprendi a tocar requinta, uma clarineta pequena, e recebi aulas de música do professor e regente Geraldo Sebastião Chaves. É certo dizer que, distante de Resende Costa, houve os que não abandonaram a prática de tocar seus instrumentos musicais, iniciada na banda de música.

Na capital mineira, optei por dar continuidade aos estudos. Estudei na Schola Cantorum, da Fundação Clóvis Salgado (Palácio das Artes), para, em seguida, me graduar em regência na Escola de Música da UFMG. Cito o que ocorreu comigo a título de exemplo.

Os espaços destinados aos ensaios de bandas de música no Brasil, desde que esse tipo de formação de grupo musical foi se consolidando a partir da primeira década do século XIX, passaram a funcionar como centros de formação musical. Sem escolas de música, como são os conservatórios municipais ou estaduais, era na banda de música que muitos obtinham aulas de teoria, de solfejo e ritmo, mais a prática de um dos instrumentos que compõem uma banda de música. Se esse conjunto musical não tinha sede própria, era nas residências dos regentes ou mesmo de outros músicos mais experientes que os interessados se iniciavam no estudo da música. Percebemos a importância que têm esses grupos, já que é quase impossível uma cidade deste país não possuir uma banda de música. Somente em Minas Gerais, com seus 853 municípios, há mais de 1000 bandas.

Uma das frentes de trabalho escolhidas por ex-integrantes da nossa Banda de Música Santa Cecília foi a militar. Alguns, como o José Gilmar Silva (Gilmar do Aderson) e o Antenor Noé de Souza, por nós conhecido pelo apelido Tilú, ambos saxofonistas, tornaram-se profissionais da Banda de Música do 11º Batalhão de Infantaria sediado em São João del-Rei. Assim que começaram a prestar serviço militar, apresentaram-se na condição de músicos e seguiram carreira até completarem seus tempos de serviço, dando baixa, isto é, se aposentando. Gilmar, 2º Sargento Músico, nunca se transferiu de São João del-Rei. Tilú, 1º Tenente Músico Antenor Noé de Souza, foi regente da Banda de Música do 11º BI Mth no período de 2010 a 2014, quando se aposentou.

Incorporou-se nas fileiras do Exército Brasileiro no ano de 1977 como soldado no então 11º RI (Regimento de Infantaria), hoje 11º BI Mth
(Batalhão de Infantaria de Montanha), em São João del- Rei. Naquela época, aconselhou-se com o conterrâneo Gilmar a fim de se alistar e atuar como músico no batalhão. Na função, serviu nas cidades de Uberlândia e Três Corações (MG), Caçapava e Campinas (SP), Foz do Iguaçu (PR), São Gabriel da Cachoeira (AM) e encerrou sua carreira militar na cidade de São João del- Rei (MG), após 37 anos de serviços prestados à Pátria como Regente da Banda de Música do 11º BI Mth, no posto de 1º Tenente.

Aposentado, Tilú não deixou de atuar como instrumentista. Por vezes, era visto tocando em festas, bares e restaurantes até se juntar à banda do Chá Preto, grupo formado por violonistas, percussionista e cantores que se dedicam à interpretação de música popular. Ele faleceu e foi sepultado no último dia 19 de novembro, momento em que instrumentistas da nossa Banda de Música Santa Cecília e da Banda do 11º BL Mth se juntaram para, ao som de Amigos para Sempre, duas marchas fúnebres e outra própria dos militares, dele se despedirem, prestando-lhe justa homenagem.

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