Resíduos sólidos: transporte intermunicipal e poluição ambiental


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José Venâncio de Resende0

fotoMaterial reciclável prensado (fotos cedidas por Alexssander Lourdes).

Os custos do transporte e do tratamento de resídos sólidos (o popular lixo), em 2023, somaram R$533.546,91, informou a Secretaria Municipal de Agropecuária e Meio Ambiente. Desse total, 72,79% (R$385.707,50) correspondem aos gastos com o transporte de Resende Costa para aterro sanitário em Sabará (na região metropolitana de Belo Horizonte).

Apenas o gasto comcombustível representou 65% dos custos do transporte. No ano passado, foram realizadas 104 viagens carregando o total de 1.936,37 toneladas. O que dá uma média de 161,36 toneladas por mês. A quantidade mensal transportada varia muito pouco; altera quando há alguma grande festa, explica o secretário Alexssander Pinto Lourdes. Já os valores variam em torno da média mensal (R$ 31.142,29), havendo alguma mudança quando aumenta o preço do combustível.

Uma viagem (ida e volta) da carreta com o lixo, entre a estação de transbordo em Resende Costa e o aterro sanitário em Sabará, representa aproximadamente 456 quilômetros rodados. O caminhão gasta em média 2,2 km por litro de óleo diesel, o que significa o consumo de 205 litros do combustivel por viagem. Como foram realizadas 104 viagens em 2023, o consumo total de diesel foi de 21.320 litros.

 

Tratamento

O tratamento dos resíduos sólidos, feito no aterro sanitário da empresa Queiroz Galvão em Sabará, representou o custo anual de R$ 144.569,41 (média mensal de R$ 12.047,45). O que se chama de tratamento é a disposição do lixo em um aterro sanitário, local que tem impermeabilização de solo e coleta de chorume e de gases, explica o geógrafo e professor Adriano Valério Resende, que é membro do Instituto Rio Santo Antônio (IRIS).

Os resíduos sólidos destinados ao aterro de Sabará são principalmente material orgânico, vidros, plásticos (não recolhidos pela coleta seletiva), trapos de pano e ainda isopor, segundo Alexssander. No caso do tetra pak, parte é usada no plantio de mudas no horto florestal, parte vai para o aterro de Sabará. Borracha (pneus) é armazenada no Parque de Exposições, até acumular quantidade adequada para entregar, em São João del-Rei, a uma empresa de São Paulo.

 

ICMS saneamento

Um balanço, a partir do início da pandemia, mostra a relação entre o custo total de coleta, transporte e tratamento de resíduos e a arrecadação de ICMS saneamento por parte do Município.

Assim, em 2020, para o custo total de R$ 501.548,35, a receita de ICMS foi de R$ 251.955,20, o que resulta na diferença de R$ 249.592,15 (custo final). Em 2021, o custo total foi de R$ 545.353,47 e a arrecadação de ICMS, de R$ 196.274,30, com o resultado final de R$ 349.079,17. Já em 2022 (pós-pandemia), o custo total subiu para R$ 834.221,40 e a arrecadação do ICMS praticamente se manteve (R$ 196.274,31), com o custo final de R$ 637.947,09.

Em 2023, Resende Costa arrecadou R$ 149.111,93 de ICMS saneamento. Como os custos com transporte e tratamento de resíduos sólidos foram estimados em R$533.546,91, o resultado é um custo parcial de R$ 384.434,98. Ou seja, não inclui os custos de pessoal e caminhão de coleta, que ainda não estavam disponíveis até o fechamento desta edição do JL.

 

Impacto ambiental

Os caminhões que levam o lixo para ser aterrado em Sabará utilizam óleo diesel. Como sabemos, a sua queima libera gases poluentes na atmosfera, como monóxido de carbono, óxido de nitrogênio e enxofre, entre outros. “Fato esse que contribui para o processo de aquecimento global, em fase de aceleração no mundo”, observa Adriano Valério. Além disso, “o deslocamento até o aterro sanitário aumenta o tráfego de caminhões nas estradas (BRs 383 e 040), o que aumenta o risco de acidentes e a pressão sobre o pavimento asfáltico, diminuindo sua vida útil”.

Uma opção seria adotar o caminhão elétrico, mas esta não parece ser uma solução à vista. Adriano Valério, do IRIS, defende a construção de um aterro sanitário de pequeno porte ou consórcio regional para construção de um aterro sanitário para vários municípios. “O Estado já tem estudos para regionalização dos aterros sanitários; faltam verbas para construí-los, pois o custo não é barato, fica na casa de milhões. O melhor, então, seria investir mais na coleta seletiva e ter um aterro sanitário de pequeno porte (que é mais barato) ou ter uma Usina de Triagem e Compostagem (UTC) e também um aterro de pequeno porte.”

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