Rosalvo: uma homenagem e muitas lembranças


Homenagem Especial

João Magalhães0

Rosalvo e André Eustáquio representando o Jornal das Lajes na Semana de Jornalismo da UFSJ (foto Marcius Barcelos)

Já havia entregue à redação do JL o texto desta coluna para o mês de novembro, “A arte homenageando os falecidos”, quando o amigo Rosalvo Gonçalves Pinto, enfermo há um certo tempo, saiu da vida física, agora dia 8 de novembro, aos 80 anos.

Na era eclesiástica, eu na teologia, no seminário maior dos padres camilianos em Jaçanã, São Paulo, ele também cursando teologia no seminário maior dos padres salesianos, éramos praticamente irmãos de fé, de ideologia religiosa e de relacionamento.

Depois, a vida nos encaminhou para novos rumos. Mais tarde, um encontro carinhoso se deu quando ele, assessor do senador por Minas Gerais Ronan Tito, publicou seu livro sobre os Inconfidentes de Resende Costa pela editora do Senado Federal: “Os Inconfidentes José de Resende Costa (pai e filho) e o Arraial da Lage”. Livro este, por sinal, já colocado como fonte pela professora e historiadora Ana Paula Mendonça de Resende em seu artigo: “Rememorando nossa História: Resende Costa através dos tempos”, na edição de nº 3 do nosso Jornal das Lajes, junho de 2003. Ninguém sonhava, naqueles 4 números iniciais do nosso jornal, que Rosalvo seria o seu grande sustentáculo.

No nº 5/agosto de 2003, Rosalvo inaugura sua coluna “Causos e cousas de Resende Costa”, com “Nois tudo é veiaco”, escrevendo sobre o “Gardino”. Coluna que será um sucesso, enquanto escreveu, pelos causos, pela prosa gostosa que sempre teve, pelo modo de narrar, pelo estilo, pela espontaneidade entre outras qualidades.

Minhas vivências com Rosalvo também vêm devido à grande atuação e liderança que ele teve na “Coleção Lageana” – projeto editorial desenvolvido pela amiRCo (Associação de Amigos da Cultura de Resende Costa), com a chancela do FEC (Fundo Estadual de Cultura) – caso raro numa cidade pequena pela importância e quantidade de livros publicados. Por eu pertencer ao conselho editorial da coleção, os contatos eram frequentes. Mais frequentes ainda quando se tratou de fazer uma segunda edição revista e aumentada de seu livro sobre os Resende Costa inconfidentes. Fez questão de atribuir-me uma coautoria, quando escreveu sobre o lema da futura bandeira: “Libertas quae sera tamen”.

Essa obra o inscreve merecidamente no quadro dos cronistas e historiadores de Resende Costa: José Augusto de Rezende (Coleção Lageana), Antônio de Lara Resende (edição própria), José Maria da Conceição Chaves, conhecido como Juca Chaves (Coleção Lageana) e outros.

O Rosalvo biológico jaz agora sob o solo sagrado de sua cidade berço, mas o Rosalvo pessoa estará presente na memória dos que com ele conviveram enquanto ela durar, pela sua cordialidade, engajamento nas boas causas, dotes artístico-literários, tolerância e diálogo. Enfim, uma pessoa profundamente humana.

São algumas lembranças minhas.

Deixe um comentário

Faça o login e deixe seu comentário