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Quinze anos

17 de Abril de 2018, por José Antônio

Jornal das Lajes em Resende Costa... quinze anos!

Eu no Jornal das Lajes de Resende Costa... mais de duzentas crônicas.

Mais de cem delas formam uma tecelagem de palavras e figuras que recriam histórias que vivi ou que pensei ter vivido.

Saíram de mim como filhas ao mesmo tempo tagarelas e pensativas à procura de ouvidos, olhos, corações e mentes que pudessem dar um tempero mais apurado às linhas de cada texto que ousei. Algumas viraram bumerangue e voltaram, porém com a coloração da leitura de cada um:

Eu me vi naquela história que você publicou... Isso me deixa pleno, pois alcancei alguma coisa que pudesse traduzir nem que seja um fragmento da existência humana. A literatura é espelho nas águas do devir. Às vezes, a gente se vê Narciso... outras vezes, a gente se vê Ofélia afogada... outras tantas, como Vênus nascendo... e outras mais como Quasímodo, torto, estropiado e de coração puro... mas sempre como Adão, pó e água à espera do sopro divino da imortalidade da palavra que nos revivifica nos meandros da literatura...

Você morou pouco tempo em Resende Costa, mas viveu mais histórias do que eu que vivo aqui há tantos anos... Histórias de rir, tirando a roupa do absurdo das situações. Histórias de pensar, buscando nas fendas das lajes o sentido para tantas indagações. Histórias de chorar, abrindo sulcos para lágrimas que se inventaram como riachos. Tirando, buscando, abrindo... escrita sempre no gerúndio, tempo que continua em cada momento, histórias de quem morou pouco tempo mas que busca a continuidade que habita na recriação do particular.

Do que o Zé escreve, dez por cento é verdade; os outros noventa por cento eu não sei... Nem eu sei. Coloco a minha verdade e ela é humilde, limitada, talvez nem chegue a dez por cento. O restante pertence à imprevisível porcentagem que a leitura oferece. Minha verdade é a missão de recolher e distribuir palavras que possam teimar contra o vento. Sei que muitas delas se perdem sem um eco sequer. Sei também que muitas delas apontam para horizontes ainda não percebidos. Por que umas se perdem? Por que umas ficam? São os noventa por cento que não sei.

Surpresas da escrita. Já escrevi para pensar... e me devolveram gargalhadas. Já escrevi para explicar... e me devolveram choro. Já escrevi para rir... e me devolveram perguntas. E tem que ser assim. Escrever é como contradança. Se os pares fizerem os mesmos movimentos, o espetáculo perde a graça. Entre autor e leitor tem que haver alguns contrários para que o texto aconteça.

Você já terminou a crônica? Preciso fechar a edição... É o jornal me chamando à responsabilidade e me lembrando do privilégio imenso que tenho ao ser autor de uma coluna. Já terminei para de novo iniciar outra. Já terminei para que ela comece no leitor. E a edição se fecha para que o jornal sempre fique aberto e exposto ao olhar enamorado de quem lê. E então eu me diluo no fluxo das palavras e viro gota na correnteza do jornal.

Jornal das Lajes em Resende Costa... quinze anos! Jornal das Lajes em cada cidadão é edição sempre renovada de ideias que se fazem opiniões, de cotidiano que se veste de novidade, de jornal que se transfigura em história.

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