Um Flamengo superior e um Atlético que pode conquistar a América
27 de Novembro de 2024, por Vanuza Resende 0
Na final da Copa do Brasil, o Atlético não foi páreo para os cariocas, que souberam impor seu ritmo e ditar o tom dos dois confrontos. A derrota por 3x1 no Maracanã já havia deixado o Galo em uma situação difícil, e o jogo de volta, na Arena MRV, não trouxe o poder de reação esperado. Foi uma partida na qual as diferenças entre os dois elencos se mostraram claras, tanto em campo quanto na organização. Resultado justo para os rubro-negros.
O Atlético é um time ruim? Não, longe disso. O Flamengo tem um elenco superior? Sim, é isso. Esse é o time do Felipe Luís, um técnico jovem que dá esperanças de uma equipe pra cima, bem construída. Ele foi ousado nas construções das jogadas e nas substituições. Sacar Gabigol no intervalo não é para qualquer um. Mas talvez seja para quem tem Bruno Henrique no banco e uma vantagem de dois gols nos últimos 45 minutos de uma final de 180. E Felipe Luís não pensou no talvez. Fez e muito bem feito!
O rubro-negro jogou como quem já sabia o final da história. Enquanto isso, o Galo, mesmo em casa, não conseguiu organizar uma reação à altura. O que doía na torcida do “eu acredito”, no entanto, não foi apenas a superioridade flamenguista em campo. Na Arena MRV, cenas de desordem e vandalismo jogaram ainda mais água fria na esperança de que a nova casa do Galo fosse um reduto imbatível. Torcedores pulando catracas, cadeiras danificadas, sinais de uma administração que precisa amadurecer muito mais do que o time em campo. A segurança foi ineficaz e a falta de controle resultou em cenas que refletiram não apenas uma derrota no placar, mas também uma fragilidade institucional. E era inacreditável que o capitão do time precisasse falar: “Parem com isso, aqui é a nossa casa!”
Se a chance do tri passou, a cabeça precisa estar no bi da Libertadores. O Galo volta a jogar, no dia 30 de novembro, uma final de Libertadores após 11 anos, precisa virar a página com urgência e focar no título da América. O desafio é grande, o adversário é um Botafogo que vai fazer um dos jogos da sua vida. Mas a história do Atlético também é feita de batalhas épicas. E, para a Libertadores, ele ainda está vivo. E só para lembrar, só perde título quem disputa uma final!
O coração de São João del-Rei bate mais forte: o Athletic na Série B
23 de Outubro de 2024, por Vanuza Resende 0
Há dias que marcam a história de uma cidade para sempre. O 5 de outubro de 2024 será um desses dias em São João del-Rei. Ali, em meio às ladeiras e igrejas que contam séculos de história, o futebol, uma paixão tão brasileira quanto nossa própria cultura, escreveu mais um capítulo memorável. O Athletic Club, o Esquadrão de Aço, conquistou seu lugar na Série B do Campeonato Brasileiro. E esse feito vai muito além das quatro linhas do campo.
Em uma cidade onde o relógio parece andar mais devagar, onde a tranquilidade das ruas lembra tempos antigos, o futebol trouxe a sensação de que os sonhos podem, sim, ser mais rápidos. São João del-Rei passou a respirar futebol de maneira mais intensa nos últimos anos. Cada jogo no Joaquim Portugal era um evento. Crianças, jovens e até os mais velhos vestiam com orgulho o preto e branco do Athletic como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo – e talvez seja. O futebol tem dessas coisas, transforma, une, cria uma nova pulsação. Quem um dia sonhou em ver Atlético e Cruzeiro disputando jogos em São João del-Rei?
Esse acesso à Série B é o ponto mais alto de uma trajetória de reconstrução que começou em 2018. A volta do clube ao profissionalismo depois de décadas longe dos campos fez o povo de São João del-Rei acreditar. A cada novo acesso, cada novo título, a cidade crescia junto com o time. Não se tratava apenas de vitórias esportivas, mas de um resgate cultural. As camisas alvinegras pelas ruas, os bares cheios em dias de jogo, as conversas no mercado sobre quem seria o próximo adversário. O Athletic era, e é, um orgulho que transcende o futebol.
E não são apenas os torcedores que sentem o impacto. O comércio local vibra com os dias de jogo. As pousadas, os restaurantes, os ambulantes – todos veem a cidade respirar um ar diferente, cheio de expectativa. Em dias decisivos, como o confronto contra o Londrina, que garantiu o acesso à Série B, o Joaquim Portugal, pequeno e acolhedor, se transforma. É o caldeirão alvinegro, onde os sonhos de uma cidade inteira ganham corpo e alma.
Para além do campo, o Athletic representa uma esperança renovada. Cada passo do clube rumo ao crescimento é também reflexo da possibilidade de ascensão para a região do Campo das Vertentes. O futebol, que tantas vezes é tratado como simples entretenimento, aqui se mostra um agente de transformação. A SAF, as contratações de impacto, como Loco Abreu e Ricardo Oliveira, a modernização da estrutura – tudo isso contribuiu para colocar São João del-Rei no mapa do futebol nacional.
Agora, com o acesso à Série B, a cidade sonha mais alto. Quem sabe, em um futuro não tão distante, o Athletic não chegue à elite do futebol brasileiro? O que antes parecia impossível hoje soa como uma meta palpável.
São João del-Rei sempre foi conhecida por sua história, sua arquitetura e seu patrimônio cultural. Agora, ao lado de tudo isso, estará o futebol, que encontrou no Athletic seu mais novo símbolo de resistência, garra e ambição. Não é só o clube que subiu de divisão. A cidade inteira subiu junto. E cada torcedor, seja no estádio ou no sofá de casa, sabe disso. A Série B do Brasileirão é o próximo palco, mas a vitória maior já foi conquistada: o coração de São João del-Rei bate mais forte e o som que se ouve é o hino do Athletic.
A Seleção Brasileira e o descompasso na expectativa
25 de Setembro de 2024, por Vanuza Resende 0
Para quem cresceu com um quadro da Seleção Brasileira pentacampeã no corredor de casa, ver hoje a Seleção em campo é sempre um evento. Aquele peso histórico, a vontade de que os 11 homens ali enfileirados vistam para além do amarelo da Seleção Canarinho a camisa do seu time. Eu vivia pensando: Imagina esse jogador jogando no time pelo qual eu torço! Era um sonho. Mas tudo bem, afinal eles jogavam para um time pelo qual eu também torço, e torço muito: o Brasil. Mas, nos últimos tempos, vivo uma fase em que mais questiono do que celebro.
Não é a primeira vez que nós, torcedores brasileiros, estamos sentindo um misto de frustração e esperança, e certamente não será a última. A questão que fica é: o que está faltando para essa engrenagem voltar a funcionar como antigamente?
A última atuação da Seleção nas Eliminatórias para a Copa do Mundo foi um retrato da fase atual. Uma equipe que, apesar de tecnicamente superior em boa parte dos jogos, ainda parece carecer de algo essencial: coesão. Diniz saiu, Dorival entrou e trouxe um sopro de novidade com seu futebol totalmente flexível. Entretanto, a prática tem se mostrado uma luta entre o que se planeja e o que se entrega em campo.
Depois da derrota para o Paraguai, pensou-se em um risco real de o Brasil, pela primeira vez, ficar fora da Copa do Mundo. Além de torcer muito para que isso não aconteça, eu também acho que isso não vai acontecer. Os seis primeiros colocados garantem vaga ao final das 18 rodadas. O sétimo encara a repescagem. E esse modelo até ajuda o Brasil, pois antes eram apenas os quatro primeiros. E atualmente estamos em quinto lugar. Como ainda faltam 10 jogos para o fim das eliminatórias, é tempo de fazer o coletivo funcionar como uma orquestra bem ensaiada. Porque, por ora, essa sinfonia está bem desafinada.
O que podemos esperar da Seleção Brasileira no futuro próximo? A resposta não é simples, mas, se há algo claro, é que o caminho ainda é de ajustes e paciência. Só que com a crescente pressão e os olhos do mundo voltados para a próxima Copa, a paciência pode ser um artigo de luxo que a torcida já não tem mais. E com razão.
Com o Brasil com atuações tão aquém, sobra ainda mais “ranço” da famigerada data FIFA. Nada parece mais interromper o curso natural das competições de clubes do que essas pausas. Em setembro, em plena reta de competições decisivas nas ligas pelo mundo, os clubes veem seus principais atletas se esgotarem física e mentalmente com longas viagens e jogos que muitas vezes têm mais a ver com cumprir tabela do que com futebol competitivo. E quem paga o preço? O jogador, o clube e o espetáculo. Eu e você, que gostamos de acompanhar bons jogos!
Enquanto o futebol brasileiro se equilibra entre o passado glorioso e o futuro incerto, a FIFA fecha a cortina e volta a abrir daqui a poucos meses. E o pior de tudo? Lá vem mais uma data FIFA.
Paris 2024
30 de Agosto de 2024, por Vanuza Resende 0
Vimos gigantes de 1,40m. Vimos também atletas menos experientes vencerem medalhistas olímpicos; desabafos de quem treina para ser campeão olímpico escutando ofensa na rua.
Teve mãe indo competir com medo de perder a guarda da filha, o primeiro ouro na história de um país, o choro de quem viu colegas morrerem porque a guerra insiste em vencer a paz, e a superação de quem foi colocada em escanteio ser ouro representando quem a acolheu.
Suor, lágrimas de alegria e de decepção. Desespero com a arbitragem, com o tempo, com o corpo que não ouviu a mente.
Teve gente ganhando com a mão no bolso, outros vencendo até a gravidade. Atleta batendo recorde que parecia impossível ser batido, mas teve também recorde sendo mantido.
Teve país surpreendendo e melhor do mundo comentando erros. Surpresas e decepções. Calor, chuva, mar calmo e rio estranho. Teve bronze com gosto de ouro e ouro que valeu menos do que prata. Teve acréscimo em exagero, apito que aparecia antes da hora e outros que demoram muito.
Nomes que serão imortais, dias que foram longos e provas de horas que passaram em segundos.
Na raça, na vontade e na força, foram 20 medalhas que nos colocam entre os 20 melhores países do mundo. Ah, o espírito olímpico que nos abraça a cada quatro anos... O desejo é que ele continue, continue nos fazendo rir, pular, chorar e refletir. Valeu, time Brasil.
Rebeca Andrade!
05 de Agosto de 2024, por Vanuza Resende 0
É preciso falar de Rebeca. Mas a gente fala sem nenhuma obrigação, a gente fala porque: porra, Rebeca! Você é demais.
A Rebeca é gênia, é leve, é medalhista e recordista. É Rebeca!
Enquanto fecho um olho de nervoso durante a apresentação, ela faz com maestria o que treina durante o ano todo, e parece que faz de olho fechado. E no último treino antes da apresentação que vale ouro ela lembra de receitas que ela salva, mas nunca faz. Batata com queijo é bem mais fácil do que o Andrade, hein, Rebeca? Dá para arriscar!
Arriscar como fez a mãe quando deixou a filha sair de casa com 10 anos. Eu não consigo imaginar esse coração de mãe. Que bom que dona Rosa escutou a razão para depois ouvir em rede nacional, enquanto todo mundo aguardava a nota da filha dela, te amo, mãe!
É tão fácil querer ser como você, Rebeca. A gente fica imaginando como deve ser gostoso saltar, girar, dançar, sorrir e depois subir no pódio por 1, 2, 3, 4 vezes.
Mas eu sei que talvez essa parte que você coloca todo mundo para ver é a mais fácil de todas.
A difícil é recuperar da lesão, é treinar, treinar de novo, treinar mais um pouco e receber menos, bem menos do que deveria.
Mas tudo isso que você passa e passou é inspiração: você inspira quem está chegando; você é vista por mães que não compartilham telas com as filhas, mas abrem exceção para mostrar: olha o que ela faz, você também pode! Filha, olha esse cabelo. Ela é linda e você também é.
Rebeca de Tóquio, de Paris, Dainaninha de Guarulhos: obrigada por fazer todo mundo querer ser Rebeca, e nunca esquecer das Daianes, Danielas, Flávias, Jades e Júlias!