Biblioteca Municipal de Resende Costa: conquistas, problemas e projetos


Cultura

André Eustáquio0

Fachada da Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto (Foto Emanuelle Ribeiro)

A Biblioteca Municipal Antônio Gonçalves Pinto foi criada em Resende Costa em 29 de abril de 1918, seis anos após a emancipação política do município, ocorrida em 1912. Gonçalves Pinto doou seu acervo particular de livros ao recém-criado município a fim de que fosse fundada uma biblioteca pública. Após 95 anos, a biblioteca, que leva o nome do seu fundador, vem mantendo grande parte do seu acervo através de doações.

Ao longo dos anos, a biblioteca municipal mudou diversas vezes de endereço. Funcionou no sobrado que abriga a Câmara Municipal, também onde hoje está sediada a Contemp Contabilidade, posteriormente na Prefeitura Municipal e, por último, no imóvel anexo ao Teatro Municipal, até ser definitivamente transferida para sua nova sede inaugurada em setembro de 2008, na praça Nossa Senhora de Fátima.

As consecutivas mudanças de endereço trouxeram sérios problemas à biblioteca, principalmente ao acervo de livros. Pode-se afirmar que durante esse longo período itinerante, a biblioteca teve seu momento mais crítico quando foi alojada no Teatro Municipal. O imóvel escolhido para abrigá-la foi construído para ser área funcional do teatro, não para ser sede de biblioteca. Não havia espaço adequado para os livros, muito menos para receber os usuários. Muitos livros, dentre eles obras raras publicadas nos séculos 18 e 19, ficaram anos amontoados, expostas ao mofo, poeira e traças, no camarote do teatro.

Diante desta triste situação, diversas reivindicações foram feitas ao poder público. O JL publicou reportagens e editoriais denunciando o estado precário em que se encontrava a biblioteca pública de Resende Costa e ao mesmo tempo sugerindo a construção de uma sede adequada e digna para abrigá-la. Antes que isso acontecesse, a AMIRCO (Associação dos Amigos da Cultura de Resende Costa) se apressou a tentar salvar as obras raras do seu acervo inicial, doado pelo fundador. Assim, 110 dessas obras, em uma primeira etapa, foram restauradas através de projeto apresentado pela AMIRCO e aprovado pelo Fundo Estadual de Cultura (FEC 2009). Essas obrasestão hoje expostas em uma sala especialmente estruturada para recebê-las.

Após muitas expectativas, finalmente a nova sede foi inaugurada em setembro de 2008 pelo então prefeito municipal, Gilberto José Pinto. As 8.310 obras que compõem o acervo da biblioteca encontraram enfim um lugar digno para recebê-las.

A auxiliar de biblioteca, Cláudia Lúcia Pinto Resende, elogia a atual sede: “A escolha do lugar para se construir a nova sede da biblioteca não poderia ser melhor [Mirante das Lajes de Cima]. É um lugar muito agradável, inclusive recebemos visitas de muitos turistas, que elogiam bastante. A estrutura é boa e o espaço é suficiente para atender a todos”.

 

Público e acervo

De acordo com Cláudia Resende, os principais usuários da biblioteca municipal são crianças, adolescentes e jovens em idade escolar, que frequentam o local para pesquisas e também para obter empréstimo de livros. “Geralmente são crianças, adolescentes e estudantes que frequentam mais a biblioteca. Os professores pedem pesquisas e indicam livros, que na maioria das vezes são clássicos da literatura brasileira, como Machado de Assis, José de Alencar, entre outros. Recebemos também alunos de Resende Costa que estudam em São João del-Rei, tanto do ensino fundamental como do ensino médio, que vêm pesquisar e pegar livros para leitura”, disse Cláudia.

O público adulto também frequenta a biblioteca, porém em número menor: “Infelizmente esse público é menor. Atualmente temos recebido muitas doações de livros, por resende-costenses e mesmo por pessoas de outras cidades”, informou a auxiliar de biblioteca. A biblioteca municipal possui hoje 2.505 leitores cadastrados. A literatura infanto-juvenil tem sido a atração dos principais usuários da biblioteca: “Os usuários mais assíduos procuram por publicações novas, ou seja, livros que estão em destaque na mídia. Durante a administração municipal anterior (2008 – 2012) foram adquiridos 147 livros, incluindo os mais pedidos para os vestibulares das principais universidades. São livros de literatura estrangeira, literatura infanto-juvenil. Já estou preparando uma nova lista para este ano”, informa Cláudia Resende, que completa dizendo: “Se não tivermos livros novos, os leitores não se sentirão atraídos”.

 

Problemas

O número reduzido de livros atualizados, sobretudo na área de enciclopédias, e a falta de computadores para acesso à internet para pesquisas sãoapenas alguns dos problemas atuais da biblioteca. Há carências na área de equipamentos necessários ao funcionamento de uma boa biblioteca. A catalogação dos livros ainda é feita em fichas. Não há um sistema informatizado que permita a funcionários e usuários localizarem os livros nas estantes, entre outros problemas. Além disso, é preocupante a constatação de que o novo prédio já apresenta problemas em sua infraestrutura interna e externa, como rachaduras, infiltrações e mofo. “É inaceitável que estejam acontecendo esses problemas, que podem danificar seriamente os livros. É importante ressaltar que tais problemas já vêm ocorrendo há aproximadamente três anos”, lamenta Cláudia Resende.

 

Utilização do espaço

A nova sede da biblioteca abriga também o Espaço Cultural professor Geraldo Sebastião Chaves, idealizado para sediar eventos culturais diversos, como palestras, lançamento de livros e debates. De acordo com Cláudia Resende, o espaço vem sendo utilizado para reuniões de alguns grupos da comunidade e setores da prefeitura, como Secretaria de Saúde e Emater. O Cine Cultura também funcionou no local: “Exibíamos filmes para estudantes da zona rural, da APAE e da escola Conjurados”, recorda Cláudia.

O Telecentro Comunitário (programa de inclusão digital) é certamente um dos principais itens ausentes na biblioteca. “E como faz falta!”, afirma a auxiliar de biblioteca, que esclarece: “Os professores pedem pesquisas sobre temas atuais, que são encontrados somente na internet”. O equipamento do Telecentro (11 computadores conectados à internet) que estava na biblioteca foi transferido em setembro de 2011 para a Escola Municipal Paula Assis, no povoado do Ribeirão de Santo Antônio. Atualmente a biblioteca conta somente com um computador para serviço interno, desprovido de impressora.

 

Projetos para a biblioteca

A secretária municipal de Educação e Cultura, Silvanda Resende, informa que a atual administração tem planos para resolver os problemas acima citados. “Estou ciente dos problemas apontados, pois, após assumirmos em janeiro, visitamos os prédios públicos, inclusive a biblioteca. Percebemos a necessidade de uma reforma do prédio, sobretudo pelo problema de infiltrações que está causando mofo e empenando as tábuas corridas que compõem o piso do imóvel”, informou a secretária.

Dentre os projetos Silvanda destaca a “informatização e aquisição de livros para atualização da biblioteca”. A secretária esclareceu o fato da falta de computadores e acesso à internet: “Os equipamentos se encontram na biblioteca desde a administração passada, porém, a responsabilidade da instalação é do Ministério das Comunicações. Sendo assim, não somos autorizados a montá-los. Devido a esse impedimento, entramos em contato com o ministério para informar que os equipamentos do Telecentro se encontram em nosso município. Estamos esperando uma resposta”.

Quanto aos projetos para melhor utilização do espaço cultural, Silvanda convida a comunidade a sugerir ideias: “Ressalto que projetos para melhor utilização dos espaços públicos podem partir da comunidade, das escolas, das associações etc., não necessariamente do poder público. Estamos, portanto, abertos a sugestões”, conclui. 

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