Enquanto a rede de tratamento de esgoto não fica pronta...


Notícia

André Eustáquio/Emanuelle Ribeiro0

PV onde é despejado esgoto, localizado próximo à captação de água da Copasa (Fotos André Eustáquio)

A poucos metros do local onde a Copasa realiza a captação da água que é servida à população de Resende Costa, existem dois PVs (poços de vistoria) por onde escorre o esgoto vindo do bairro Tijuco. Dentro de um desses PVs encontra-se uma mangueira que é ligada no caminhão da Prefeitura Municipal que realiza a limpeza de fossas na cidade. A presença desta mangueira indica que os resíduos recolhidos por este caminhão podem estar sendo jogados no PV próximo ao local onde a água que a população de Resende Costa consome é captada. Esta foi a situação constatada pela reportagem do JL no local próximo à Estação de Tratamento de Água (ETA), da Copasa, em Resende Costa.

O esgoto que corre dentro das manilhas aterradas próximas à captação de água pela Copasa é lançado abaixo do córrego do Tijuco sem nenhum tratamento. Quando não ocorre nenhum problema, como entupimento das manilhas, a água poluída cai abaixo do local de captação. No bairro Tijuco, próximo ao córrego, as manilhas entopem com certa frequência, trazendo preocupação aos moradores. “Quando as manilhas entopem o esgoto fica escorrendo e cai dentro do córrego, acima da captação. A coisa piora quando está chovendo”, disse um morador do local, que preferiu não se identificar.

Segundo este morador “a Copasa só aparece no córrego do Tijuco quando existe falta d’ água”. Ele disse ainda que os proprietários dos terrenos próximos é quem realizam a limpeza do córrego: “A gente retira o mato e a terra que vai desbarrancando dentro do córrego, para evitar que a água empoce”.

Nas ruas esburacadas do bairro Tijuco já se encontram aterradas as tubulações da rede de esgoto, que ainda não foi inaugurada. Há algumas denúncias na cidade de que ligações clandestinas estariam sendo feitas nas redes inacabadas, com a conivência da prefeitura. Moradores de alguns bairros estariam jogando o esgoto na rede, apesar de ela não estar ligada à Estação de Tratamento de Esgoto (ETE).

Conforme informações da Copasa, a previsão da ETE de Resende Costa entrar em operação é no mês de abril próximo. Inicialmente serão realizadas 1.100 ligações beneficiando mais de três mil pessoas.

 

Prefeitura

O prefeito municipal Aurélio Suenes disse não ter conhecimento sobre o entupimento frequente da tubulação do esgoto que corta as ruas do Tijuco e também da água poluída que escorre até o córrego do Tijuco antes do local de captação de água. Sobre os resíduos jogados dentro do PV pelo caminhão da prefeitura, Aurélio explica: “O eventual descarte de esgoto feito pelo caminhão da prefeitura vai para o mesmo lugar aonde vai o esgoto do bairro Tijuco há muitos anos. Obviamente que não cai no córrego de captação de água da Copasa, isso é um absurdo que jamais aconteceu e se tivesse acontecendo, a Copasa teria dificuldades para garantir a qualidade da água”.

Outro assunto comentado pelo prefeito diz respeito às ligações clandestinas na rede de esgoto ainda inacabada: “A falta de infraestrutura de esgoto é um dos maiores problemas que temos em Resende Costa, fato que leva as pessoas a ligarem o esgoto nas redes de águas pluviais, redes de esgoto inacabadas, em nascentes e até diretamente na rua. Na maior parte da nossa cidade qualquer tipo de ligação que não seja em fossa é considerada irregular e não tem autorização da prefeitura. Felizmente, a partir de abril a situação deve ser amenizada com o início da operação da estação de tratamento de esgoto da Copasa”, afirmou o prefeito.

 

 

Copasa

A Copasa confirmou que o esgoto coletado das fossas é lançado abaixo da captação de água no córrego Tijuco e da Estação de Tratamento de Água (ETA) de Resende Costa. Sobre o risco de a população estar consumindo água poluída, a Copasa descartou a possibilidade: “A água distribuída pela Copasa na cidade atende a todos os padrões de potabilidade exigida pela Portaria 2.914, do Ministério da Saúde. A água, antes de ser distribuída, passa por um processo de tratamento que envolve oxidação, coagulação, floculação, decantação, filtração, desinfecção, correção de pH e fluoretação”.

 

A empresa informou ainda que o serviço prestado é fiscalizado: “Vale salientar que os serviços prestados pela Copasa são inspecionados pelo Poder Público Municipal e Estadual e, ao final de cada mês, é enviado para a Vigilância Epidemiológica Municipal e Estadual um relatório com o resumo das análises da qualidade da água. Essas análises não apontam nenhuma anormalidade na qualidade da água distribuída para a população de Resende Costa”, informou a Copasa em nota enviada ao JL.

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