O serviço de fossas e a rede de esgoto em Resende Costa


Editorial

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O Jornal das Lajespublica nesta edição reportagem especial sobre o serviço de limpeza de fossas, mantido pela Prefeitura. O intuito principal é mostrar o caráter essencial deste serviço, em uma cidade que não possui rede de coleta e tratamento de esgoto, aliás um problema nacional. 

Reportagem de 1º de maio da Agência Brasil, empresa de comunicação oficial, mostra a dramaticidade da situação do saneamento básico, o que faz “o país parecer parado no século 19”, na avaliação do presidente executivo do Instituto Trata Brasil, Édison Carlos. De acordo com a organização não-governamental, os últimos dados disponíveis do Ministério das Cidades, de 2009, apontam cerca de 55,5% da população brasileira sem ligação a qualquer rede de esgoto, sendo somente um terço dos detritos coletados e tratados no país.

Ao lado desta triste notícia, chega-nos uma informação auspiciosa do prefeito Aurélio Suenes, qual seja: a Copasa vai liberar cerca de R$ 3,1 milhões para dar continuidade às obras de coleta e tratamento de esgoto em Resende Costa. Aguardamos retorno da empresa para fornecer aos leitores do JL mais detalhes sobre a licitação dos recursos.

Aproveitamos esta oportunidade para defender junto à Prefeitura e à Copasa uma proposta que, independente dos aspectos técnicos, se trata de medida de bom senso. Boa parte da rede de coleta de esgoto, já implantada em Resende Costa nos bairros mais baixos, vem se deteriorando pelo não-uso. Sem deixar de mencionar informações que dão conta de que muitas ligações clandestinas vêm sendo feitas a esta rede, o que provoca transtornos na medida em que não existe saída para estes resíduos. Além disso, a implantação da rede no centro da cidade será obra difícil e lenta, exigindo “um trabalho artesanal” na definição do engenheiro civil Jorge Hannas Salim.

Assim, defendemos que na sequência das obras seja, prioritariamente, construída a estação de tratamento de esgoto (ETE) e que a rede de coleta já concluída seja ligada à ETE e colocada em funcionamento. Assim, parte da população já passaria a usufruir de imediato deste bem público que é o saneamento básico, enquanto a Copasa continuaria as obras, “sem agonia”, da rede de coleta numa área restrita da parte mais alta da cidade.

Através de reportagens e ouvindo os cidadãos, o JL vem acompanhando as obras de implantação da rede de esgoto desde o início, inclusive noticiando os transtornos causados à população em alguns bairros da cidade. Ruas esburacadas e calçamentos defeituosos são algumas das heranças deixadas pela empreiteira Soenge, responsável por executar as obras na cidade. Mesmo diante desses transtornos, sempre defendemos a importância da rede de esgoto para Resende Costa.

É inadmissível a população de uma cidade que cresce a passos largos ainda utilizar fossas sépticas. A reportagem desta edição mostra como esse recurso já está saturado, devido a vários problemas, como a localização geográfica da cidade.

O início das obras da rede de esgoto coroou um longo período de negociações e expectativas. E a expectativa maior era de que fosse inaugurada, sem interrupções, ainda no mandato do governo anterior. O que não foi possível, devido a alguns imprevistos no projeto inicial, como a dificuldade em instalar as tubulações na parte alta da cidade. De acordo com informações da própria Copasa, publicadas pelo JL, as obras na parte alta da cidade demandaria “estudo mais específico”.

Independente dos imprevistos, o fato é que as obras não podem ficar paradas, enquanto as fossas proliferam como caminhos de rato pelo solo de Resende Costa.