Santa Cruz de Minas celebra tradição, patrimônio e fé

José Venâncio de Resende0

O município de Santa Cruz de Minas, na microrregião dos Campos das Vertentes com sede em São João del-Rei, celebrou, no dia 3 de maio, o culto à Santa Cruz, com o evento “Culto a Santa Cruz – Patrimônio da Arte e da Fé”. A iniciativa é fruto do trabalho do Conselho Municipal de Política Cultural e Patrimônio (CMPCP) que tombou o Cruzeiro como patrimônio cultural de Santa Cruz de Minas.

A celebração contou com a participação de grupos culturais do município, como a Corporação Musical São Sebastião e os ternos de Congado de São Miguel e Santa Efigênia. Oração do terço e missa, com a benção das cruzes, marcaram o evento. As cruzes, confeccionadas pelas mulheres que desenvolvem trabalho artesanal no Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) e pelos alunos do Centro de Aprendizagem Integral (CAIS), foram distribuídas à comunidade. A solenidade, que terminou com um café coletivo, contou com a presença da prefeita Sinara Campos, e do vice prefeito Aldo Batista.

O evento é parte de um projeto que visa “resgatar o culto a Santa Cruz na comunidade, valorizando as tradições históricas e o patrimônio cultural de Santa Cruz de Minas, além de fomentar a criação de um produto turístico para o município”, disse a turismóloga e integrante do CMPCP, Betânia Resende. “Uma forma de envolver toda comunidade em prol de um valor identitário para município e também fomentar a gestão integrada do patrimônio cultural, já que a comunidade é constitucionalmente, co-responsável pela preservação do patrimônio cultural”, acrescentou.

O evento teve o apoio do historiador André Colombo, que foi o relator do processo de tombamento cujo objetivo era resgatar esta significativa festividade para o município, com o intuito de valorizar a identidade cultural local.

Tradição

Quem percorre regiões mais tradicionais de Minas Gerais ainda encontra, sobretudo nas casas modestas à beira dos caminhos, a curiosa e delicada manifestação cultural do culto a Santa Cruz. O ato tem origem na tradição cristã que rememora o achamento da cruz onde Cristo foi crucificado por Santa Helena, mãe do Imperador Constantino.

Depois deste achado, o imperador Constantino, convertido ao cristianismo, adotou a cruz como símbolo do seu exército. A partir daí a cruz passou a ser utilizada para distinguir cristãos dos não cristãos, ao longo dos séculos e em muitas culturas.

Na idade média seu uso estava no cotidiano das casas das famílias simples assim como nas edificações reais, palácios e nas igrejas. Em Portugal, nossa matriz cultural, e noutros países do mundo ainda se vive a tradição de realizar festas e romarias por volta deste dia, assim como de ornar os cruzeiros com diversos materiais e celebrar o culto buscando proteger as pessoas dos males. A colocação das cruzes nas casas buscava não somente a proteção dos lugares mas foi durante muito tempo usada para identificar cristãos de não cristãos.

Patrimônio

O município de Santa Cruz de Minas é um dos lugares que mantém sua história ligada à essa tradição. No centro da cidade, um antigo cruzeiro de pedra, que substituiu outro anterior em madeira, documenta essa memória, sendo reconhecido como patrimônio cultural por tombamento.

O lugar é popularmente chamado de Praça do Cruzeiro. À sua volta, tradições ainda se mantém vivas. Casas comerciais nas proximidades trazem essa referência. Residenciais ostentam nas suas fachadas o símbolo tão discreto quanto milenar (fonte: Betânia Resende, Prefeitura de Santa Cruz de Minas).

 

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