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Conversa de cacófonos

27 de Marco de 2024, por José Antônio

– Que tempo! Como tá tu?

– Tô bem. Mas andei passando por cada uma...

– O que foi, amigo? Conta pro Juca aqui.

– Vou falar de maneira franca, Juca.

– Pode meter o pé na jaca, Brito.

– Lembra do meu tio Rodolfo Massa?

– Dono daquele time de futebol que nunca ganha?

– Esse mesmo. Ele me pediu uma mão pra melhorar a equipe.

– Você aceita cada!...

– A primeira coisa que fiz foi ensinar ao time o nosso hino.

– Não percebi cheiro de bola aí.

– Calma! A bola só rolou depois das instruções e do cooper. Só jogaram os com o cooper feito.

– E a moçada marca gol?

– Vencemos os jogos do campeonato. Todos os jogadores marcaram cinco gols... cinco cada um.

– Beleza! Seu tio Rodolfo deu algum dinheiro pra você?

– Nem toca nisso. Mandou procurar ele em casa. Fui. Topei dando com o nariz na porta.

Pô, rapaz, o cara fugiu?

Vez passada eu voltei lá. Falaram que virou vaqueiro lá pros lados do Pantanal. Agora ele toca gado.

– Lute por seus direitos, meu amigo! Você investiu tempo lá. Isso é uma situação que se disputa.

– Tempo tá lá, né? Muito tempo.

Já que tinha de ser assim...

– Tenho uma má sorte.

– Não ponha a culpa nela. Um dia, uma fada ainda aparece em sua vida. De repente, uma herança: e você fica como herdeiro.

– Essa fada... nunca sei quando virá.

– Mudando de assunto, ouvi pela dona Clotilde, sua mãe, que você tá caçando.

– Pois é, tô voltando do mato agora. Pato tinha, mas só peguei pacu.

– Uma minha curiosidade: papel azul... papel creme... Que papel azul é esse aí? Você usa para guardar o quê.

– É pacu sujo.

Sei, tá. E o creme?

– É pacu assado. Assei no mato. É bom não misturar os pacus.

– Bem, vou-me já.

– Eu também. Foi bom bater papo contigo.

– Já ia me esquecendo. Minha filha fez quinze anos. Tá uma gata bela. Fiz uma festa linda para a Noemi Joana.

– Parabéns! Quero ver o álbum dela.

– Até logo! Um dia acho você de novo.

– Até lá vou esperar.

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