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Reflexões sobre o carnaval

16 de Marco de 2017, por Edésio Lara

Passado o carnaval, os jornais mineiros noticiaram o sucesso do evento em Belo Horizonte. O jornal O Tempo, na primeira página da sua edição de 1/3/17, Quarta-feira de Cinzas, estampou a notícia: “Carnaval de BH quebra todos os recordes”. Quem pôde acompanhar o noticiário pela TV também notou o sucesso do carnaval em muitas cidades do interior de Minas Gerais. Acho desnecessário citá-las aqui. Basta-nos, para uma breve reflexão, tomar a capital mineira como exemplo. Faz pouco tempo, a cidade decidiu deixar para trás a fama de um dos piores carnavais entre as maiores cidades do país. Belo Horizonte abandonou uma prática nociva de deixar para a última hora a liberação de uma verbinha para os poucos e ruins blocos que possuía. O dinheirinho, a bem da verdade, não dava para nada; servia somente para criar tensão e justificar a participação da prefeitura municipal na festa. Há mais ou menos uns cinco anos, a prefeitura decidiu mudar completamente seu comportamento. Chamou as principais lideranças da cidade para uma conversa e decidiu investir em segurança, infra-estrutura e apoio aos pequenos blocos que há nos bairros da cidade. Foi o que bastou para o povo responder positivamente e organizar um carnaval que está sendo considerado um dos melhores do país. A festa, em vez de noturna, é mais diurna e famílias inteiras indo para as ruas. Novos blocos foram criados e a prefeitura distribuiu o carnaval da cidade por regiões a fim de evitar a superlotação em um lugar. Surgiram inúmeras bandas para acompanhar os blocos tocando música própria para a festa. Atualmente, basta um pequeno grupo de amigos ou familiares organizar um bloco e avisar com antecedência ao poder público municipal para receber deste todo o apoio para realizar a festa. Espaços são demarcados, policiais, garis e ambulantes são designados para garantir conforto e segurança a todos. Ouro Preto é outra cidade que dá show em festas carnavalescas e, por isso mesmo, recebe turistas de todo o país e do exterior nos dias de folia. 

Mas, e Resende Costa? É certo que cada pessoa faz o carnaval ao seu modo, isto é, entre amigos, familiares e em espaços alternativos não necessariamente indo para as ruas da cidade. Porém, até pouco tempo atrás, [dois ou três anos] eram os blocos organizados pelo povo que faziam o maior sucesso durante duas semanas antes da data oficial do carnaval. Conduzidos por uma bateria e por instrumentistas da Banda de Música Municipal Santa Cecília, uma multidão se deliciava, ao brincar fantasiando-se de acordo para acompanhar o bloco das domésticas, do cabeção, dos retalhos, do enterro, entre outros. Nem a chuva que costuma cair nesse período era capaz de “apagar o fogo” dos alegres foliões. Ao que parece, tudo isso foi para o beleléu. Os músicos deram lugar a um notebook que extrai de pen drives ou CDs repertório variado – e muitas vezes impróprio – para tentar fazer o povo dançar. A falta de graça é tanta que muitas vezes sabemos, de cor, a sequência das músicas que nos chegarão aos ouvidos. O que todos têm visto nos últimos anos é o esvaziamento crescente da festa, com nossos amigos e parentes optando por permanecer em BH, procurando praias do litoral paulista, carioca e capixaba ou outras cidades vizinhas como Prados e Tiradentes para se divertirem. Como é triste perceber os muitos que gostariam de vir ou permanecer em Resende Costa buscando outros lugares nesta data. Ou reinventamos nosso carnaval, ou, muito em breve, a frase triste que ouvimos durante o carnaval deste ano se faça verdadeira: o carnaval de Resende Costa acabou.

Se o carnaval não vai tão bem, o mesmo não se pode dizer da Quaresma e Semana Santa. O sinal positivo nos veio na Quarta-feira de Cinzas. Para as missas celebradas na Matriz, muitos fiéis, com a igreja superlotada, tiveram que retornar para suas casas, pois não conseguiram chegar ao seu interior. Nossa Semana Santa é linda. Assim deveremos mantê-la, procurando aperfeiçoar, dar mais brilho às cerimônias que comovem aos da cidade e seus visitantes. Desta, se continuarmos como estamos atuando, jamais ouviremos a frase: a Semana Santa de Resende Costa acabou.

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