Ano letivo de 2021 começa de forma remota em Resende Costa


Educação

Vanuza Resende0

E. E. Assis Resende se prepara para, assim que for permitido, receber novamente os alunos para as aulas presenciais (foto Jornal das Lajes)

Desde março de 2020, as aulas presenciais no Brasil estão suspensas nas instituições de ensino devido à pandemia da covid-19. O retorno de alunos e professores às salas de aulas gera embate. De um lado, parte dos funcionários e responsáveis dos alunos que pedem a volta das aulas presenciais. Diversas manifestações foram feitas no país pedindo o retorno das aulas. Do outro, profissionais de saúde, em sua grande maioria, e autoridades locais que não concordam com a volta às aulas, alegam risco de maior exposição ao vírus.

Depois de intensos debates, o ano letivo em 2021 começou de forma presencial em alguns locais.Foi o caso das escolas municipais de São Paulo. Até o último dia 06 de março, as escolas municipais da cidade de São Paulo tiveram três mortes por covid-19 e 569 casos confirmados entre alunos e profissionais em 256 unidades de ensino, segundo levantamento dos sindicatos que organizam os trabalhadores da educação municipal. A Secretaria Municipal da Educação do governo Bruno Covas (PSDB) não faz divulgação dos casos e informa apenas que 12 escolas precisaram ser fechadas desde o início das aulas.

Em Minas Gerais, o Tribunal de Justiça acatou um pedido do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas (Sind-Ute) para suspender a volta às aulas presenciais nas escolas estaduais. As aulas da rede estadual, que começaram no último dia 08 de março, seguem de forma on-line.

Caso seja permitido, as aulas da rede estadual voltarão de forma híbrida, como explica a Diretora da Escola Estadual Assis Resende, Roseni Fernandes. “O Estado de Minas Gerais instituiu para esse ano, como modelo educacional, o ensino híbrido com a possibilidade ainda do ensino totalmente remoto, conforme opção do aluno e/ou responsável”. Sendo assim, o aluno que optar pelo ensino híbrido irá à escola uma semana e ficará, na outra, em casa realizando atividades on-line. O aluno que optar por continuar com o ensino remoto fará todas as atividades em casa e será assistido pelo professor apenas na semana em que ele estiver em trabalho remoto. Ou seja, se o aluno optar por não ir à escola, durante uma semana ele fará os trabalhos e atividades sozinho, recebendo orientação apenas durante as semanas em que o professor estiver atuando de forma remota. O material de estudo segue sendo o PET (Plano de Estudo Tutorado) e atividades complementares selecionadas pelo professor. 

No entanto, mesmo que o estado consiga autorização para volta às aulas presenciais, a decisão também passa pelo município e pela instituição de ensino, conforme explica Roseni. “Sendo derrubada a liminar que impede a volta às aulas, a forma de ensino híbrido ainda dependerá da situação em que a região estiver com relação à disseminação do vírus causador da covid-19 e da decisão do prefeito da cidade em que a escola está localizada. No nosso caso, como a cidade se encontra na onda amarela, (cenário do dia 08 de março), há a possibilidade desse retorno na forma do ensino híbrido. Isso só não acontecerá se houver um decreto do prefeito municipal proibindo essa volta.”

Questionada sobre qual seria a decisão da escola neste momento, Roseni disse que a situação precisa ser avaliada. “Essa é uma decisão difícil, pois a covid-19 está assolando milhares de famílias pelo país e pelo mundo. Por outro lado, o isolamento social e o afastamento dos jovens da escola têm causado muita angústia aos pais e aos próprios alunos.”

 

A avaliação das aulas remotas

Em 2020, os alunos concluíram o ano letivo de forma remota. Roseni faz um balanço sobre as atividades. “No ano passado, nosso principal meio de comunicação entre professores, escola e alunos foi via WhatsApp. A Secretaria da Educação disponibilizou um aplicativo chamado Conexão Escola. Porém, os alunos tiveram alguma dificuldade em seu uso. Para o ano de 2021, a Secretaria promoveu melhorias no aplicativo. Uma das funcionalidades oferecidas pela plataforma no Conexão Escola 2.0 será o Google Sala de Aula. Isso possibilitará uma melhor interação entre o professor e o estudante com aulas em tempo real. O aluno que não tem acesso a sinal de internet ou outro motivo que o impossibilite de acessar tal aplicativo, receberá o PET (Plano de Estudos Tutorados) impresso”, orienta a diretora do Assis Resende.

De acordo com Roseni Fernandes, mesmo com dificuldades e desafios, o resultado das aulas remotas foi positivo. “Houve um grande esforço por parte de todos para se amenizarem os danos desse distanciamento. Elaboramos material adaptado às condições de aprendizagem de algumas turmas e alunos. Levamos esses PET’s de casa em casa e voltávamos para recolher esse material. Percebemos a angústia dos pais com os filhos em casa e distantes da escola. Conversamos com as famílias e com o Conselho Tutelar, quando necessário. Diante da situação difícil e impensável, entendemos que conseguimos um bom resultado”, avalia.

 

Expectativas para o ano letivo

Com o início das aulas, mais uma vez de forma remota, Roseni fala das expectativas para 2021. “Esperamos que a vacina contra a covid-19 chegue para todos e que possamos estar todos juntos. Mas enquanto isso não acontece, precisamos entender que a vida precisa continuar e que temos de aprender a usar essas novas ferramentas disponíveis em benefício de uma efetiva relação ensino-aprendizagem. Não temos a situação ideal para isso, mas acreditamos que podemos usar esses meios de comunicação e de interação em prol de uma educação de qualidade.”

A diretora também reforça orientações para pais, responsáveis e alunos: “Dizemos aos pais que ajudem seus filhos a adotarem uma rotina de estudo, a reservarem um tempo para assistirem às aulas on-line (que serão disponibilizadas pelos professores dentro dos grupos de estudo) e a fazerem as atividades do PET e outras complementares. Acreditem que essa situação vai melhorar e estaremos juntos em breve. Temos a grata notícia de que nossa escola está sendo reformada. Quando os alunos e professores retornarem à escola, ela estará melhor e mais bonita. Continuamos trabalhando arduamente para que tudo esteja pronto para esse momento.”

 

Volta às aulas na rede municipal

Em contato com a secretária municipal de Educação de Resende Costa, Silvanda Maria de Resende, a reportagem do JL foi informada de que uma reunião sobre uma possível volta às aulas de forma presencial foi realizada no dia 24 de fevereiro. Além da secretária, participaram da reunião o prefeito municipal José Gouvea Filho, Rose Daher (diretora da E.M. Conjurados), Vírgínia Daher (diretora da E.M. Paula Assis), Sandra Vale (diretora do Centro Municipal de Educação Infantil Aquarela) e o Secretário de Saúde, José Luiz de Resende. Apesar das tratativas, não há prazo estabelecido para uma definição acerca da volta às aulas presenciais na rede municipal.

De acordo com a pasta da Educação, a decisão do retorno ou não das aulas presenciais pode ser tomada pelo município. No entanto, o processo está associado ao Plano Minas Consciente e validado pelo Comitê Extraordinário Covid-19. A decisão também deve ser comunicada à Superintendência Regional de Ensino. Outra ação necessária, caso o município decida pela volta das aulas presenciais, é ter um protocolo de segurança sanitária pronto para ser aplicado. 

Em nota, a Secretaria de Educação declarou que “é necessário que a Secretaria mantenha diálogo constante com toda a equipe educacional, no intuito de estudar as melhores possibilidades e estratégias de retorno de maneira segura e adequada ao Protocolo Sanitário exigido. O mesmo deverá ser uma referência para a comunidade escolar (gestor da saúde, setor de educação, pais e funcionários), que deverá definir os critérios mínimos para a retomada das aulas presenciais. A decisão sobre a retomada das aulas presenciais deve ser realizada de forma articulada entre as secretarias e o Comitê Extraordinário.”

Acerca dos materiais didáticos que estão sendo utilizados durante as aulas remotas, a pasta esclareceu que “para sanar o déficit do aprendizado dos alunos, estão sendo elaboradas pelos professores e pedagogos, desde maio de 2020, apostilas com o conteúdo respectivo de cada série. Essas apostilas continuam em março deste ano. Contamos também com a presença física dos professores nas escolas, com o intuito de discussão, junto com a classe, sobre o protocolo de retorno presencial. Enquanto não há retorno, a expectativa para 2021 é de que as apostilas continuem no decorrer do ano, bem como o atendimento via grupos de WhatsApp.

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