No último dia 20 dezembro, foi comemorado o Dia Nacional do Fusca. Apesar de hoje termos dia para tudo quanto é coisa, o Dia do Fusca tem fundamento e justificativa plausível. Afinal, estamos falando de um ícone que atravessou gerações e foi o carro mais vendido por 24 anos seguidos.
O ano de 1959 começou com o pontapé inicial na produção de um dos carros mais queridos pelos brasileiros. No dia 20 de janeiro daquele ano, o icônico modelo da Volkswagen começou a ser fabricado oficialmente no Brasil. A data, então, é celebrada desde 1989 como o “Dia Nacional do Fusca”.
E 65 anos depois, o veículo é assunto para a primeira edição de 2024 do Jornal das Lajes, o que mostra a força do “bom e velho” fusca. Nós conversamos com a proprietária de um modelo de 1966, na cor vermelha.
Cida Resende, de 46 anos, que entre os cuidados com o marido, Paulinho Irai Assis –portador de esclerose múltipla –, diverte a internet com os vídeos do seu “Fucão 66” e emociona os resende-costenses que estão vivendo novamente a era das telemensagens a bordo de um fusca.
Fucão 66
Dizem que quem já teve um fusca e não manteve o carro sonha em ter outro. Não que todos realizem o desejo, pois, além de ser cada vez mais raro encontrar um modelo em bom estado de conservação, o trato com o veículo exige tempo, paciência e bolso. Cida passa por cima de tudo isso para realizar o amor que surgiu quando ainda era criança. Detalhe: ela aprendeu a dirigir em um fusca. “Desde pequena, eu sempre gostei. Minha mãe conta que eu era doida com fuscas desde a infância e amava a música do “Fuscão Preto”. Eu a chamava de “Música do Fucão”, nome que dei ao meu fusca e à página que criei no Instagram. Durante todo o meu relacionamento com o Paulinho, ele sempre teve fuscas. Aprendi a dirigir em um e tivemos o último em meados de 2006. Desde então, sempre tive vontade de ter um novamente; em especial, o Poleirinho/Pé de Galinha, fabricado abaixo de 1970”.
Em 2023, foi possível à Cida realizar seu sonho. “A vontade de ter um fusca só meu sempre existiu e iniciei 2023 com a meta de comprar um, já que, desde o início da doença do Paulinho, eu estava muito caseira, fora da sociedade e precisando de um estímulo de vida. A ideia era comprar um fusca até o fim do ano, mas logo no início surgiu esse vermelho, 1966, que foi amor à primeira vista”, conta.
O veículo chegou à garagem da família em fevereiro do ano passado e sem maiores pretensões. “Nunca pensei em torná-lo tão conhecido assim. A minha ideia era ter somente uma distração, uma terapia. E haja o que fazer em um fusca, né? Sempre precisa de uma mãozinha de obra (risos). O fusca estava há 10 anos parado na garagem do antigo dono. Estava bem conservado, porém de que muitas coisas fossem arrumadas, tanto funcionais quanto estéticas. Meu sobrinho Jhonatan, que estava começando a exercer a profissão de mecânico, se ofereceu para nós mesmos colocarmos a mão na massa e, aos poucos, fomos ajustando o que era necessário no fusca”.
Participando de todo o envolvimento da mãe com seu “Fucão”, a filha mais velha do casal, Milena Assis, teve a ideia de criar uma página no Instagram. “A Milena queria criar um meio de deixar registrada toda a evolução do fusca, mas um perfil fechado, somente para os mais próximos. O nome escolhido foi em relação à minha infância. No entanto, isso tomou uma proporção totalmente diferente do que imaginávamos. De registros da evolução, passamos a fazer vídeos de comédia com a família toda e o perfil foi crescendo. Embora não esperássemos todo esse conhecimento, nós estamos amando a ideia”, destaca Cida.
Um novo membro da família
Em mês que o IPVA e todos os outros documentos dos veículos batem à porta, é fato que um carro é realmente parte da família. No caso do Fucão 66, não é só pelos gastos, ele é mesmo um integrante da casa da Cida e do Paulinho. “Sem dúvida, é membro da nossa família, tem até apelido carinhoso, ‘Fucão’. E todos nós nos divertimos muito com tudo o que ele vem nos proporcionando. O Paulinho, as minhas filhas Milena e Luísa, meu genro Ramon, meu sobrinho Jhonatan, minha cachorrinha Mel e até os nossos vizinhos participam das atuações do Fucão. Inclusive, para o Paulinho está sendo vida! Ele tem a página como hobbie. O lazer dele é acompanhar as visualizações, os seguidores, as curtidas e também atuar nos vídeos”, diz Cida.
O fusca que faz homenagens
Quem se lembra dos anos 2000 e dos carros de telemensagens? Eram o auge! E, em 2023, muitas pessoas reviveram esse momento com o Fucão chegando às festas de aniversários, bodas ou outras comemorações. Cida conta como tudo começou. “As homenagens também não estavam em nosso planejamento. Em maio, no aniversário da minha cunhada Vânia, decidimos relembrar as décadas passadas e fizemos uma homenagem com o fusca para ela. O Ramon adora gravar áudios, a Milena adora edição de vídeos e a Luísa e eu adoramos enfeitar. Unimos nossos dotes, fizemos a homenagem e foi um sucesso”.
E o Fucão, que já estava ficando conhecido na cidade, continuou prestando homenagens a várias pessoas. “No início, nós nem pensamos em continuar fazendo as homenagens, mas a procura foi grande. Acabamos aceitando, porém nem cobrávamos por isso, somente pedíamos que a pessoa trouxesse a decoração. Como a demanda foi aumentando muito, decidimos cobrar um valor e fazer a decoração por nossa própria conta. A procura ainda continua alta, mas, infelizmente, não consigo fazer muitas homenagens, pois tenho que conciliá-las com os cuidados para com o Paulinho e com a minha faculdade”.
Portanto, aqueles que querem surpreender alguém especial com mensagens levadas pelo Fucão 66 devem agendar com antecedência. É um processo simples, como explica Cida. “Geralmente pedimos que o contratante escreva uma mensagem e escolha músicas do gosto do homenageado. Enviamos a mensagem para o Ramon, ele grava e a Milena edita com a música. Luísa e eu ficamos por conta da decoração do fusca. Combinamos o horário com a pessoa e aparecemos na porta dela com essa surpresa. Às vezes, levamos presentes que as pessoas pedem para entregar e temos também algumas outras opções de homenagem, como flores e/ou cesta de chocolate, que também têm sido um sucesso. Nunca imaginávamos que isso iria viralizar, nossa intenção nunca foi essa. Mas estou amando tudo isso e muito agradecida pelo reconhecimento. Levar afeto às pessoas é muito gratificante e a cada homenagem é uma alegria”, relata Cida.
Um 2024 de oficina, homenagem e gratidão
Os desafios de manter um senhor veículo em casa continuam, todavia com a certeza de que o resultado vale a pena. “São quase seis décadas de existência e confesso que tem que gostar muito para dar conta e não se estressar. E eu amo! O meu fusca ainda é motor 1.200. É incrível ver a funcionalidade desse motor de muitos anos e como que ele atendia àquela geração. Os momentos de perrengues são verdadeiras brincadeiras para nós. Gostamos de levar assim, de forma leve e rindo da situação. Até nas homenagens, o Fucão, às vezes, sai empurrado. Faz parte, nós não podemos exigir tanto de um senhor de 58 anos”, brinca Cida.
Se 2023 começou com um novo integrante da família da Cida e do Paulinho, para 2024 o desejo é que ele possa continuar trazendo alegrias em meio às atribulações da vida. “Tudo que aconteceu até aqui nunca foi planejado. E por isso seguiremos assim, levando um dia de cada vez. Continuaremos da mesma maneira que 2023. E posso garantir um plano para 2024: o 2º Encontro de Carros Antigos de Resende Costa, evento organizado pelo Fucão, representado por mim, juntamente com o Donizete Sousa. E eu estou ansiosa por ele”, conclui Cida.
Para conhecer, acompanhar e contratar as homenagens do Fucão, o contato é @fucao66, juntando-se aos mais de seis mil seguidores que já estão por lá.